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Reflexão do Evangelho: Deus chama e acompanha

Leia a reflexão sobre João 1,29-42, texto de Vera Immich.

Boa leitura!

Introdução

Grande parte do primeiro capítulo do quarto evangelho é testemunho de João, o Batista, sem diminuir nem desconsiderar os demais personagens. Com habilidade e boa retórica, João tira a si mesmo do centro das atenções e põe aquele que é o centro: Jesus. A intencionalidade de João está clara: ele quer levar o ouvinte à fé. “Eu não sou o Cristo” (1,20) e, tão conhecido texto, símbolo de humildade: “Não sou digno de desamarrar as suas sandálias” (1,27). Nosso texto concentra-se no eixo teológico: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, proferido por João várias vezes.

Meditação

Deus reconcilia

“Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (v. 29). João encontra Jesus e testemunha que esse veio para reconciliar o mundo com o Pai. O pecado afasta o ser humano de Deus, mantém-no isolado, infeliz, amargurado, acumulando bens, amarguras, inimigos, bajuladores e distanciando-o da vida plena e do amor de Deus, de relações autênticas, não perfeitas, mas fiéis e constantes e não de acordo com a conveniência. O cordeiro quer tirar o pecado o mundo, “lavar” nossas vidas da cobiça, do desamor, da insegurança e das muitas transgressões, às quais sucumbimos. Em Isaías 44,22 há uma belíssima palavra sobre isso: “Desfaço as tuas transgressões como a névoa e os teus pecados, como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi”. Ainda no texto de Isaías, da leitura bíblica, somos lembrados de que não viemos ao mundo por acaso, mas que desde o ventre de nossa mãe já existimos no projeto de Deus e somos amados por ele e capacitados para viver neste mundo.

Deus chama e acompanha

Deus chama com as mesmas palavras de João sobre Jesus aqueles que estavam com ele: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Dessa forma, João Batista chama a atenção dos ouvintes e também de nós hoje que é hora de largar tudo o que nos separa de Deus e que nos mantém ocupados demais e voltar nossos olhos e corações ao cordeiro de Deus. Imagino que alguns devem ter achado que o excêntrico andarilho conhecido por João Batista estava querendo impressionar com seu discurso aquele que elegera como seu rabi. Como? Olhar para Jesus, o nazareno? Seria esse o Messias, o Salvador prometido há tanto tempo? Não pode ser. De que forma uma pessoa tão humilde como Jesus pode salvar? Ainda ontem ele fora batizado, e gerou-se um falatório a respeito do batismo, que teria tido seu ápice com a presença misteriosa de uma pomba que testificava ser esse o Filho amado: “E, sendo batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3,16-17).

Outros, porém, deixam-se sensibilizar pelo anúncio de João e seguem Jesus, não sem antes indagá-lo por onde vive. Jesus, então, sem cerimônia, convida- os para ir com ele e passar o resto do dia onde ele vivia.

Convém destacar que nem João Batista tampouco Jesus fazem um discurso com apelo conversionista. Apenas ocorre o testemunho revelador de que Jesus é o Messias esperado e que batizará com o Espírito Santo. Também se observa que o texto deixa claro que João faz o mesmo discurso no dia do batismo, não acontecendo nada. Somente “no dia seguinte”, ou talvez nos dias seguintes, é que, repetindo o mesmo discurso, leva ao seguimento.

Outra figura que pode ser explorada na pregação é a do cordeiro, tão conhecida pelos judeus da época. O Messias tão esperado estava entre eles, embora não fosse como muitos esperavam: não veio com grande majestade e glória; não veio como leão de Judá, embora o fosse; não veio como rei, mas como servo (Mt 20,28). Diariamente, cordeiros eram sacrificados no templo. Aos nossos olhos, uma cena chocante: um animal manso e indefeso era degolado inocentemente em favor dos pecados do povo. Assim veio o Messias. O salvador. O redentor. Como um cordeiro. E da mesma forma foi morto, ao ser pregado na cruz do Gólgota.

O cordeiro conclui a obra
“Cordeiro de Deus, que tiras o pecado do mundo,
Tem piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tiras o pecado do mundo,
Dá-nos a paz”.

A canção litúrgica ensina-nos constantemente que, cantando ao cordeiro de Deus, damos testemunho de sua obra salvífica, clamamos para que tire o pecado do mundo e tenha piedade de nós. Acertadamente, cantamos duas vezes, implorando piedade, e somente na terceira é que clamamos pela paz.

Esse cântico se encarna na realidade individual e comunitária de todos os ouvintes. O mundo está cheio de pecado e de tristezas, que fazem o ser humano sofrer e que, muitas vezes, o afastam da igreja. São tantas as mortes prematuras causadas pela violência urbana, por assaltos, invasões de domicílio, quando não é somente a casa que é invadida, mas o “warmes Nest” (ninho quente), o aconchego e o espaço de descansar e recarregar as energias; o espaço da individualidade e de silenciar para ouvir a voz de Deus. Porém não sem antes verificar se as portas e janelas estão trancadas, se as grades não foram serradas. Clamar ao cordeiro para tirar o pecado do mundo, porque a paz urge. Da paz que vem de Deus e que chega mesmo para aquele que está atrás das grades ou está triste ou desiludido, tomado de dor e tristeza. Paz que vem de Deus, revelada no cordeiro, é paz maior que todas as tribulações, que toda a dor, que toda perda ou insegurança que se pode sentir e experimentar. A paz que vem do cordeiro inspira mansidão.

A imagem do cordeiro tem algumas semelhanças com o próprio Jesus. Primeiro chama a atenção por sua natureza mansa. Em seu Espírito de humildade, Jesus personifica o cordeiro. No livro de Apocalipse, o autor refere-se a Jesus 28 vezes como cordeirinho. Além da mansidão, o cordeiro também tipifica pureza. O cordeiro que era oferecido em sacrifício não podia ter mancha ou defeito. Quando Deus deu instruções para a primeira Páscoa, também recomendou um cordeiro sem defeito (Ex 12,5). Cristo, o cordeiro de Deus, anunciado por João, personifica essa qualidade. E a terceira e mais forte semelhança deve-se à forma de sua morte. O cordeiro nascia para passar para a morte sacrificial. Desde Abel, que ofereceu as primícias do rebanho (Gn 4,2-4). Também em Números 28 e 29, são apresentados muitos cordeiros para ser sacrificados. E, na plenitude dos tempos, Deus providencia um sacrifício melhor, sem mancha e sem defeito. Deus, em sua infinita sabedoria, fez desse grande, último e definitivo sacrifício uma fonte ininterrupta de redenção, da qual também cada um de nós pode participar ainda hoje ao clamar: “Este é cordeiro de Deus”.

Texto de Vera Immich.

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