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Quinto domingo da Quaresma: Acolhida, perdão e ternura

por MpvM via IHU Online*

“Quando todos se retiram, Jesus assume a proposta de Deus: Ele veio para salvar e dar a vida e espera de nós pecadores o arrependimento e o compromisso com uma vida nova: ‘Eu também não te condeno, vai e doravante não peques mais’.

“Este Evangelho questiona as famílias, as Igrejas cristãs e a sociedade: quando é que as pedras ficarão no chão e todos reconhecerão seus próprios pecados contra as mulheres, os empobrecidos, os indígenas, os negros, a população LGBT e todos os demais excluídos?”

A reflexão é de Terezinha Cotta, rc., religiosa da Congregação Nossa Senhora do Cenáculo. Ela possui graduação e mestrado em Teologia pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus – CES.

Referências bíblicas

1ª Leitura: Is 43,16-21
Salmo: 125(126),1-6 (R/. 3)
2ª Leitura: Fl 3,8-14
Evangelho: Jo 8,1-11

A Liturgia deste quinto domingo da quaresma nos convoca e conduz a trilhar caminhos novos. Perspectivas novas perpassam as três leituras.

É o próprio Deus que anuncia a libertação tão esperada pelos exilados na Babilônia: “Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?”

Como os cristãos de Filipos, nós contemplamos no testemunho de Paulo seu abandono ao caminho que havia abraçado de modo tão convicto, para aderir um novo caminho, o conhecimento de Jesus Cristo, com amor, entusiasmo e coragem…

A mulher do Evangelho é convidada pelo próprio Jesus a viver uma vida nova a após escutar uma declaração libertadora: “Nem eu te condeno”.

Acolher esta liturgia em nossa vida é aceitar este desafio de olhar bem e reparar o novo, de abandonar caminhos de outrora para conhecer quem realmente é Jesus, de acolher a vida nova assegurada pela misericórdia do Deus da vida.

A primeira leitura (Is 43,16-21) nos situa no séc. VI a.C., na Babilônia. Os judeus exilados estão decepcionados e abalados na fé, pois a libertação está demorando. É neste momento da história, que surge um discípulo de Isaías, um grande profeta da esperança, que anuncia a libertação e confirma as expectativas do povo, compara a saída da Babilônia e a volta à Terra Prometida com o êxodo do Egito.

Este anúncio começa por recordar a saída do Egito, matriz de todas as libertações: “O Senhor abriu outrora caminhos através do mar…” Mas, alerta que não é para permanecer em um saudosismo que impede de ver o novo: “Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas. Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes? Vou abrir um caminho no deserto e fazer brotar rios na terra árida”.

As experiências vividas ao serem lembradas precisam suscitar esperança e atenção aos sinais libertadores do presente. Nosso Deus libertador continua agindo, porque Ele não suporta a opressão de seu povo.

Existem atitudes que podem apressar nossa libertação, caminhos novos que podem nos conduzir à solidariedade, à resistência e à lucidez, para desmascararmos os mecanismos mentirosos que nos querem manter escravizados/as, enganados/as ou confusos/as.

No Salmo 126 (125) o que o profeta anunciou o povo celebrou com alegria. A volta à terra prometida manifestou novamente a fidelidade e compaixão de nosso Deus. Celebremos hoje a ação libertadora de Deus na história, como outrora o povo celebrou, com salmos de ação de graças: “O Senhor fez maravilhas em favor do seu povo. Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião, parecia-nos viver um sonho. Da nossa boca brotavam expressões de alegria e de nossos lábios cânticos de júbilo”.

A Carta aos Filipenses foi escrita por Paulo quando estava preso. É uma carta marcada por muita ternura. Paulo está cheio de gratidão, porque os cristãos de Filipos enviaram-lhe um membro da comunidade para cuidar dele e recursos para as suas necessidades.

Ele está também preocupado com os judaizantes que semeiam dúvidas e confusão, pregando que os cristãos ainda precisam cumprir a circuncisão e obedecer a lei de Moisés. Ele pede aos filipenses que não se deixem enganar e dá o seu próprio testemunho de adesão total a Jesus Cristo (Fl 3,8-14), deixando para trás tudo, e prosseguindo com firmeza esta meta.

É preciso compreender de que bem supremo fala o Apóstolo, este conhecimento de Jesus Cristo. Os termos conhecer e conhecimento no mais genuíno sentido da tradição bíblica, significam “entrar em comunhão de vida e de destino” com uma pessoa. Em nosso seguimento, a conversão é um caminho contínuo, conscientes de que ainda não chegamos à identificação total com Jesus, prossigamos como Paulo, na mesma meta.

O trecho do Evangelho de hoje (Jo 8,1-11), não pertence ao Evangelho de João. De fato, em alguns manuscritos ela apareceu após versículo 38 do cap. 21 do Evangelho de Lucas. Trata-se de uma tradição que foi reconhecida como inspirada por Deus, e para qual foi encontrado definitivamente um lugar, cujo ensinamento eloquente se tornou proverbial.

Estamos diante da insistente estratégia dos adversários de tentar colocar Jesus em contradição com a Lei de Deus para acusá-lo de blasfêmia. Para aqueles escribas e fariseus, na realidade, a mulher não era o foco principal, o que realmente queriam era encontrar motivos de condenação contra Jesus.

A acusação apresentada a Jesus causa indignação por ser parcial, porque o homem que cometeu adultério com ela está sendo poupado. De acordo com a Lei (Lv 20,10 e Dt 22,22-24), ele é tão culpado quanto ela, mas não foi levado a este julgamento.

A atitude de Jesus de silenciar e se inclinar e escrever no chão dá aos seus adversários tempo para reflexão… E ao se erguer ao invés de uma resposta a pergunta deles vem uma provocação: “Aquele dentre vós que nunca pecou atire-lhe a primeira pedra”. E inclina-se novamente e continua a escrever no chão.

O silêncio desconcertante, seguido por esta clara interpelação, leva aqueles homens e a nós também a uma maior profundidade nos julgamentos, ao reconhecimento de nossos próprios pecados e vulnerabilidades. Jesus, somente Ele, poderia condenar aquela mulher e não o fez. Ele foi para ela Boa Notícia, oportunidade de conversão e vida nova.

Quando todos se retiram, Jesus assume a proposta de Deus: Ele veio para salvar e dar a vida e espera de nós pecadores o arrependimento e o compromisso com uma vida nova: “Eu também não te condeno, vai e doravante não peques mais”.

O Pe. Adroaldo Palaoro, em um de seus comentários sobre o Evangelho dominical nos faz refletir sobre o movimento desumanizador que pode nos conduzir a “sociedade do desprezo”. Nesta sociedade o espírito da acusação e de humilhação do outro é um espírito de morte. Ele prossegue explicitando onde encontramos hoje as “pedras na mão”. São “as pedras do whatsapp, do twitter, das mensagens preconceituosas, das fake-news, que bloqueiam o futuro das pessoas através da crítica sem piedade, do desprezo que destrói, da indiferença que congela as relações”.

Neste ano de 2019 celebramos o dia 08 de março com um sentimento muito profundo de pesar e dor pelas numerosas notícias de feminicídio. Este Evangelho questiona as famílias, as Igrejas cristãs e a sociedade: quando é que as pedras ficarão no chão e todos reconhecerão seus próprios pecados contra as mulheres, os empobrecidos, os indígenas, os negros, a população LGBT e todos os demais excluídos?

Não se trata de eliminar os que erram ou de não aceitar diferenças, mas de superar as intolerâncias e as hipocrisias dos que se sentem perfeitos e apresentar o caminho da Misericórdia de Deus, uma possibilidade de vida nova. Esta misericórdia alcança os pecadores públicos, os marginalizados, os desclassificados para devolver a todos a dignidade.

Conteúdo retirado do site do Instituto Humanitas.

 

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