Reflexão do Evangelho

A parábola do pastor (João 10.1-10) [Uwe Wegner]

Introdução

O texto de João 10.1s. trabalha em sua parte figurativa (v. 1-6) com um imaginário pastoril de campo e lavoura. Há um “aprisco” (curral, redil), cuidado por um “porteiro” (v. 3) e destinado ao abrigo (noturno) de (várias) ovelhas, ao qual se tem acesso normal por uma “porta” (portão), ou acesso ilegal “por outras partes”. Quem entra pelo acesso normal, pela porta, é o “verdadeiro” pastor de ovelhas, a quem elas seguem e conhecem. Os que “sobem” (v. 1) por outros lugares para entrar no redil são considerados ladrões e salteadores (v. 1, 8) ou “estranhos” (v. 5). Essa “história” é considerada paroimia, que no grego pode adquirir significados como “parábola”, “provérbio”, “dito ou conto enigmático”, “figura de linguagem” etc. Em nosso texto, ela é considerada um “conto enigmático”, pois os fariseus (cf. v. 6 com 9.40s.) não “compreendiam o seu sentido”.

Nos v. 7-10, temos uma “aplicação” desse conto enigmático. Nessa parte, Jesus identifica-se com a porta que dá acesso para fora, a pastagens, alimento e vida, mas também para dentro, garantindo vida e segurança no interior do curral (“entrará e sairá e achará pastagem”: v. 9). Na verdade, Jesus como “porta” não representa nem mais nem menos do que o próprio acesso à salvação (v. 9: “Se alguém entrar por mim será salvo”). O papel dos “ladrões, estranhos e assaltantes” – os que vieram antes dele – foi exatamente o contrário, a saber, de destruição e morte (v. 10).

O texto de Atos 2.42-47 mostra-se como exemplo de uma comunidade que vive da vida em abundância que Jesus oferece: há comunhão material e espiritual, as necessidades das pessoas são supridas pela comunidade.

O texto de 1 Pedro 2.19-25 mostra uma faceta do discipulado dos cristãos: para ser discípulo de Cristo, é preciso renegar a violência e a vingança; é preciso negar-se a si mesmo e tomar a própria cruz – o pastor conduz as ovelhas pelos caminhos que ele mesmo percorreu.

Meditação

O que o conto de Jesus acentua em relação a sua pessoa é que

a – Ele é aquele que – ao contrário de “ladrões e assaltantes” – conduz as ovelhas para onde há alimento e, portanto, promove a vida. Outros pastores “apascentam a si próprios”. Eles arrebatam ovelhas da maneira que lhes favoreça e lhes proporcione abundância. Como eles procuram sempre mais servir-se do que servir, seu pastoreio é avesso às dificuldades e cruzes. E tem uma marca inconfundível: nunca é totalmente transparente. Quem não pode entrar pelas portas dos currais é porque necessita esconder propósitos, camuflar intenções.

b – Nessa qualidade de dar acesso e passagem para o sustento e a vida abundantes (v. 10), Jesus é de importância singular e inigualável (não há outras “portas” mencionadas no conto). Jesus entende-se como a porta! Há, é claro, outros acessos e outras “portas” possíveis, por cujos umbrais passam as pessoas no intuito de encontrar sustento e vida em abundância – dezenas ou centenas de receituários de felicidade são oferecidos diariamente pelos meios de comunicação e pelas mais diferentes igrejas –, mas elas não têm a mesma solidez e durabilidade, ou quando têm durabilidade, não vêm acompanhadas dos mesmos valores da retidão, solidariedade e justiça. Em outras palavras: a passagem, o acesso que Jesus representa para a felicidade é uma porta “estreita” (Mt 7.13/Lc 13.24), é caminho nem sempre fácil e rápido. Aos que se encontravam ansiosos pelo que haveriam de vestir, beber ou comer Jesus assegura a fartura, mas com a condição de “buscar em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça” (Mt 6.25-34); e as multidões famintas, “que eram como ovelhas que não têm pastor”, ele saciou abundantemente, mas ensinando-lhes a partir e repartir primeiramente o pão que haviam recebido (Mc 6.30-44).

c – Quando Jesus se transforma em pastor ou porta de acesso à salvação na vida de alguém, ele o faz de forma pessoal e íntima: ele conhece os que o seguem pelo nome; os que o seguem e conhecem pela voz. Outros pastores também arrebanham ovelhas e seguidores. Mas a relação nesses casos é mais anônima e massificada, e as vozes de tais pastores soam diferentes demais para poder ser o eco da voz inconfundível de um e mesmo Senhor.

Oração

Senhor, há muitas vozes que nos chamam e buscam cativar-nos com receitas de felicidade. Dá-nos sabedoria para identificar a tua voz, o teu chamado e as tuas propostas para o mundo de hoje.

Há também falsos messias e pastores que sabem iludir, enganar e explorar as pessoas com promessas vãs, que não são cumpridas. Dá-nos sabedoria para identificar quem quer o nosso bem e quem só quer o seu próprio bem; quem quer ser pastor que cuida de nós e quem quer ser “ladrão e assaltante”, que nos abandona quando já conseguiu tirar vantagem de nós.

Fonte: Autoria de Uwe Wegner, publicado em luteranos.com.

 

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