
Marisa Thozzi, biblista e assessora do CEBI Grande SP, comenta a intenção original de Jesus, ao contar a parábola dos talentos, proposta para a liturgia deste final de semana.
Uma foi a intenção original da parábola quando Jesus a contou. Outra foi a intenção das comunidades, feita posteriormente como catequese, quando fazem dela uma interpretação alegórica.
Originalmente, Jesus denuncia os gananciosos inescrupulosos e ávidos por lucro, dos quais a Palestina e todo o império romano estavam repletos. Jesus está denunciando a crueldade do sistema econômico, onde lucros eram sempre bem vindos, venham de onde vierem e custem o que custarem, até a liberdade do devedor ou mesmo a sua morte. A parábola testemunha o repúdio de Jesus ao sistema econômico violento e leva-nos, hoje, a tomar posição em relação ao capitalismo igualmente cruel, exigindo que o dinheiro se reproduza a todo custo, sem a mínima preocupação com a ética mais elementar.
O servo reprovado pelos poderosos é, sem dúvida, o único que teve coragem de não compactuar com o sistema. E, tal como difunde hoje a mídia empresarial, os mais ricos alimentam ódio contra o servo, levando à morte. Ao fazer essa dura denúncia àquele sistema cruel, não é difícil entender o porquê de Jesus de Nazaré incomodar tanto, a ponto de sua morte ser desejada por todos os poderosos de ontem e de hoje.
Na sequência, Ir. Mercedes, Fr. Carlos e Orofino comentam a interpretação alegórica da parábola, proposta pelas comunidades de Mateus.
A moeda diferente do Reino