Notícias

Sínodo da Igreja Católica sobre a família é tentativa de olhar pastoral. Entrevista com o teólogo Cesar Kuzma

Sínodo da Igreja Católica sobre a família é tentativa de olhar pastoral. Entrevista com o teólogo Cesar Kuzma

“Não se quer mudar a doutrina, se quer sim ampliar a maneira como a Igreja a compreende, vendo a verdade revelada além do que se tem à frente. A intenção do Sínodo quer olhar o coração e não a lei. Com isso, propõe-se um olhar pastoral e não meramente doutrinário”, diz o teólogo.

“A grande novidade desta discussão sinodal sobre a família é que ela trata de um tema bem presente e bem próximo à vida eclesial e social das pessoas, sobretudo dos leigos, o que por si só já traz e gera uma grande expectativa”, avalia Cesar Kuzma em entrevista à IHU On-Line, concedida por e-mail.

Ao comentar os dois questionários do Sínodo Extraordinário sobre a Família, o teólogo afirma que o primeiro, enviado em 2013, “foi seguramente mais direto e ousado em suas propostas. Ao mesmo tempo em que aludia uma determinada realidade, ele confrontava a Igreja em sua postura e já impunha uma tensão pastoral. Projetavam-se ali novas questões, novas leituras e uma abertura a alguns casos, também em revisão de pontos ainda polêmicos da relação da Igreja — enquanto instituição — com as famílias”.

O segundo, pontua, apresenta perguntas mais longas, com pressupostos “já definidos” e “impede um diálogo mais ousado e livre. (…) Como todo questionário, as perguntas já induzem uma resposta ou ao menos uma intenção”.

De modo geral os questionários apresentam uma “preocupação” com a realidade das famílias, “mas já se aponta para a responsabilidade destas no campo da missão específica, sobre a transmissão da fé e no assegurar da lei natural e da transmissão da vida”. Para o teólogo, as três partes do questionário, denominadas “o escutar, o olhar e o confrontar”, podem ser recolocadas e provocadas do seguinte modo, para “dar outro tom às respostas”: “O que e a quem escutar? O que e a quem olhar? O que e a quem confrontar?”.

Na entrevista a seguir, Kuzma argumenta a favor de algumas mudanças, como a permissão da comunhão para casais separados/divorciados e/ou recasados ou em segunda união, sugere novas discussões sobre a situação dos homoafetivos e alterações nos processos de nulidade matrimonial e segundo matrimônio. Entre os pontos abordados no Sínodo, o teólogo afirma que o “questionário não avançou nas discussões que dizem respeito à Encíclica Humanae Vitae, de Paulo VI, que toca em questões sérias e bem próximas à realidade das famílias e nas questões da sexualidade e do planejamento familiar”.

Cesar Kuzma é teólogo, casado, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. Atualmente realiza pesquisas em Teologia sistemática e pastoral e leciona na PUC-Rio.

Confira a entrevista:

IHU On-Line: Como o segundo questionário enviado pelo Vaticano por ocasião do "Sínodo dos Bispos: os desafios pastorais da família no contexto da evangelização", foi recebido pelas dioceses brasileiras e pelos leigos? Qual foi a reação dos leigos frente ao questionário?

Cesar Kuzma: Primeiramente, precisamos destacar a qualidade do processo que está sendo proposto pelo Papa Francisco, que é novo, para que na sequência possamos falar sobre o seu conteúdo. Vejamos. A grande novidade desta discussão sinodal sobre a família é que ela trata de um tema bem presente e bem próximo à vida eclesial e social das pessoas, sobretudo dos leigos, o que por si só já traz e gera uma grande expectativa.

Falar em família, hoje, implica muitas coisas, novas formas, novas abordagens, novas configurações, inclusões, ressentimentos, culpas, dores e alegrias, e por aí vai. As inúmeras situações que avançam sobre as famílias na atualidade e as novas formas com que se solidificam merecem atenção, e isso pelo simples fato de que esta discussão trata de pessoas, toca na sua dignidade, em seus direitos e em sua vocação última, que é a realização humana, plena.

Destaca-se, também, que estas pessoas, a maioria delas, não estão fora, mas dentro de nossas comunidades, são pessoas próximas a nós, logo as suas dores são também as nossas. É preciso ser sensível e não meramente doutrinal. Tais pessoas se aproximam de nossas comunidades em busca de respostas, de sentido e de alimento. Não podemos ignorar ou fechar os olhos e achar que elas não existem, ou pior, que estão totalmente erradas. Seria incoerente. Esta realidade está aí, está bem na nossa frente; está em nossas casas, fazem parte dela os nossos amigos e irmãos.

É aí que entra a intenção dos questionários do Sínodo, pois ouvir essas pessoas e suas realidades se tornou uma tarefa fundamental, e, além disso, descer até o lugar onde se encontram é um passo necessário para se comprometer, e faz-se isso com o olhar da ternura, com um sentimento gerado por Cristo e que nos aponta ao concreto do seu Reino: a vida de todos.

Sendo assim, o segundo questionário do Sínodo, como também o primeiro, teve esta intenção de ouvir, de saber a realidade, de dar voz às famílias e às comunidades, com a novidade que coloca as famílias no processo da evangelização, como responsáveis no testemunho. O questionário foi disponibilizado em várias instâncias e houve um pronunciamento da CNBB em torno dele, garantindo a sua legitimidade e importância. Nos lugares aonde ele chegou, por certo, encontrou posturas e reações, em várias frentes, o que é natural e importante para o que se quer. Enfatizo os “lugares aonde ele chegou” porque sabemos que ele não chegou a todos os lugares, infelizmente. Mas aí entram questões de comunicações e estruturas eclesiais, também de vontades e interesses.

IHU On-Line – Como o segundo questionário enviado pelo Vaticano por ocasião do "Sínodo dos Bispos: os desafios pastorais da família no contexto da evangelização", foi recebido pelas dioceses brasileiras e pelos leigos? Qual foi a reação dos leigos frente ao questionário?

Cesar Kuzma – Primeiramente, precisamos destacar a qualidade do processo que está sendo proposto pelo Papa Francisco, que é novo, para que na sequência possamos falar sobre o seu conteúdo. Vejamos. A grande novidade desta discussão sinodal sobre a família é que ela trata de um tema bem presente e bem próximo à vida eclesial e social das pessoas, sobretudo dos leigos, o que por si só já traz e gera uma grande expectativa.

Falar em família, hoje, implica muitas coisas, novas formas, novas abordagens, novas configurações, inclusões, ressentimentos, culpas, dores e alegrias, e por aí vai. As inúmeras situações que avançam sobre as famílias na atualidade e as novas formas com que se solidificam merecem atenção, e isso pelo simples fato de que esta discussão trata de pessoas, toca na sua dignidade, em seus direitos e em sua vocação última, que é a realização humana, plena.

Destaca-se, também, que estas pessoas, a maioria delas, não estão fora, mas dentro de nossas comunidades, são pessoas próximas a nós, logo as suas dores são também as nossas. É preciso ser sensível e não meramente doutrinal. Tais pessoas se aproximam de nossas comunidades em busca de respostas, de sentido e de alimento. Não podemos ignorar ou fechar os olhos e achar que elas não existem, ou pior, que estão totalmente erradas. Seria incoerente. Esta realidade está aí, está bem na nossa frente; está em nossas casas, fazem parte dela os nossos amigos e irmãos.

É aí que entra a intenção dos questionários do Sínodo, pois ouvir essas pessoas e suas realidades se tornou uma tarefa fundamental, e, além disso, descer até o lugar onde se encontram é um passo necessário para se comprometer, e faz-se isso com o olhar da ternura, com um sentimento gerado por Cristo e que nos aponta ao concreto do seu Reino: a vida de todos.

Sendo assim, o segundo questionário do Sínodo, como também o primeiro, teve esta intenção de ouvir, de saber a realidade, de dar voz às famílias e às comunidades, com a novidade que coloca as famílias no processo da evangelização, como responsáveis no testemunho. O questionário foi disponibilizado em várias instâncias e houve um pronunciamento da CNBB em torno dele, garantindo a sua legitimidade e importância. Nos lugares aonde ele chegou, por certo, encontrou posturas e reações, em várias frentes, o que é natural e importante para o que se quer. Enfatizo os “lugares aonde ele chegou” porque sabemos que ele não chegou a todos os lugares, infelizmente. Mas aí entram questões de comunicações e estruturas eclesiais, também de vontades e interesses.

Confira a entrevista completa em:  Sínodo: a tentativa de um olhar pastoral sobre as famílias. Entrevista especial com Cesar Kuzma

situs judi bola AgenCuan merupakan slot luar negeri yang sudah memiliki beberapa member aktif yang selalu bermain slot online 24 jam, hanya daftar slot gacor bisa dapatkan semua jenis taruhan online uang asli. idn poker slot pro thailand

Seu carrinho está vazio.

mersin eskort
×