Reflexão do Evangelho

Mc 1, 21-28: O primeiro impacto da Boa Nova de Jesus no povo [Mesters e Lopes]

1. SITUANDO

O texto de hoje descreve várias atividades de Jesus: a admiração do povo diante do ensinamento de Jesus (Mt 1,21-22), o primeiro milagre da expulsão de um demônio (Mt 1,23-28), a cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31), a cura de muitos doentes (Mc 1,32-34). Marcos recolheu estes episódios, que eram transmitidos oralmente nas comunidades, e os uniu entre si como tijolos numa parede.

Nos anos 70, época em que Marcos escreveu, as comunidades necessitavam de orientação. Descrevendo como foi o início da atividade de Jesus, Marcos indicava como elas deviam fazer para anunciar a Boa Nova aos que viviam oprimidos pelo medo dos demônios, pela imposição arbitrária de normas ultrapassadas, pela perseguição por parte do Império Romano. Marcos fez catequese contando para as comunidades os fatos e acontecimentos da vida de Jesus.

 

2. COMENTANDO

1. Marcos 1,21-22: Admirado com o ensino de Jesus, o povo cria consciência crítica

A primeira coisa que Jesus faz é chamar gente para formar comunidade (Mc 1,16-20). A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. Por este seu jeito diferente, Jesus cria consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebe, compara e diz: Ele ensina com autoridade, diferentemente dos escribas. Os escribas da época ensinam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida.

2. Marcos 1,23-26: Jesus combate o poder do mal

O primeiro milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava de si mesmas. Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada pelos cobradores. Acha que  não vive direito como gente se não comprar aquilo que a propaganda anuncia. Em Marcos, o primeiro gesto de Jesus consiste em expulsar e combater o poder do mal. Jesus envolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade.

3. Marcos 1,27-28: A reação do povo – o primeiro impacto

Os dois primeiro sinais da Boa Nova que o povo percebe em Jesus são estes: o seu jeito diferente de ensinar as coisas de Deus e o seu poder sobre os espíritos impuros. Jesus abre um novo caminho para o povo conseguir a pureza através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa que era declarada impura já não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bânção prometida por Deus a Abraão. Teria que se purificar primeiro. Assim, havia muitas leis e normas que dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Agora, purificadas por Jesus, as pessoas impuras podiam comparecer novamente à presença de Deus.

4. Marcos 1,29-31: Jesus restaura a vida para o serviço

Depois de participar da celebração do sábado, na sinagoga, Jesus entra na casa de Pedro e cura a sogra dele. A cura faz com que ela se coloque imediatamente de pé. Com a saúde e a dignidade recuperadas, ela se põe a serviço das pessoas. Jesus não só cura, mas cura para que a pessoa se coloque a serviço da vida.

5. Marcos 1,32-24: Jesus acolhe os marginalizados

Ao cair da tarde, terminado o sábado, na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, Jesus acolhe e cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Doentes e possessos eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras. Elas não podiam participar da comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os excluídos e reintegrá-los na convivência.

 

3. ALARGANDO

Os oito pontos da missão da comunidade

Um duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época, e o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado da exploração e de repressão. Por causa disso, uma grande parte do povo vivia excluída, enxotada e sem lugar, nem na religião nem na sociedade. Era o contrário da fraternidade que Deus sonhou para todos! É neste contexto que Jesus começa a realizar sua missão.

Após a descrição da preparação da Boa Nova (Mc 1,1-13) e da sua proclamação (Mc 1,14-15), Marcos reúne, um depois do outro, oito episódios ou atividades de Jesus para descrever a missão das comunidades (Mc 1,16-45). É a mesma missão que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21). Estes oito episódios são oito critérios para as comunidades fazerem uma boa revisão e verificar se estão realizando bem a sua missão. Vejamos:

1) Mc 1,16-20: Criar comunidade – A primeira coisa que Jesus faz é chamar pessoas para segui-lo. A tarefa básica da missão é congregar as pessoas em torno de Jesus e criar comunidade.

2) Mc 1,21-22: Despertar consciência crítica – A primeira coisa que o povo percebe é a diferença entre o ensino de Jesus e o dos escribas. Faz parte da missão contribuir para que o povo crie consciência crítica frente à religião social.

3) Mc 1,23-28: Combater o poder do mal – O primeiro milagre de Jesus é a expulsão de um espírito impuro. Faz parte da missão combater o poder do mal que estraga a vida e aliena as pessoas de si mesmas.

4. Mc 1,29-31: Restaurar a vida para o serviço – Jesus curou a sogra de Pedro, ela levantou-se e começou a servir. Faz parte da missão preocupar-se com os doentes de tal modo que possam levantar-se e voltar a prestar serviço aos outros.

5. Mc 1,32-34: Acolher os marginalizados – Depois que o sábado passou, o povo trouxe até Jesus todos os doentes e endemoniados, para que Jesus os curasse, e ele curou a todos, impondo-lhes as mãos. Faz parte da missão acolher os marginalizados.

6. Mc 1,35: Permanecer unido ao Pai pela oração – Após um dia de trabalho até tarde, Jesus se levantou cedo para poder rezar num lugar deserto. Faz parte da missão permanecer unido à fonta da Boa Nova que é o Pai, através da oração.

7. Mc 1,36-39: Manter a consciência da missão – Os discípulos gostaram do resultado e queriam que Jesus voltasse. Mas ele seguiu adiante. Faz parte da missão não se fechar no resultado já obtido e manter viva a consciência da missão.

8. Mc 1,40-45: Reintegrar os marginalizados na convivência – Jesus cura um leproso e pede que se apresente ao sacerdote para poder ser declarado curado e voltar a conviver com o povo. Faz parte da missão reintegrar os marginalizados na convivência humana.

Esses oito pontos, tão bem escolhidos por Marcos, mostram o rumo e o objetivo da missão de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundânci” (Jo 10,10). Estes mesmos oito pontos podem servir como avaliação para a nossa comunidade. Por aí a gente vê como Marcos constrói o seu Evangelho. Construção bonita, que leva em conta duas coisas ao mesmo tempo (1) informa as pessoas a respeito das coisas que Jesus fez e ensinou; (2) forma as comunidades e as pessoas para a missão de anunciadores e anunciadoras da Boa Nova.

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Para aprofundar a leitura sobre a representatividade do mal e a desmistificação dos demônios na Bíblia, recomendamos a leitura do livro de Ildo Bohn Gass, Satanás e os demônios na Bíblia, disponível no acervo do CEBI.

Clique aqui para conferir.

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