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Jogos Olímpicos carregados de tensão

Jogos Olímpicos carregados de tensão
Na sexta-feira, 5 de agosto, a menos de um mês de distância no calendário, os portões do mítico estádio do Maracanã se abrirão para a cerimônia de início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. São anunciadas atrativas surpresas da mais alta tecnologia, capazes de multiplicar o brilho de cerca de 10.000 figurantes cuidadosamente treinados para criar, na cerimônia de abertura, um espetáculo sem precedentes, algo absolutamente inesquecível.

A reportagem é de Eric Nepomuceno, publicada por Página/12, 10-07-2016. A tradução é do Cepat.

Na segunda-feira, 4 de julho, um comando avançado de um dos participantes de especial relevo nos Jogos Olímpicos, a Força de Segurança Nacional, integrada por policiais militarizados de todos os estados brasileiros, chegou ao Rio. E teve uma recepção comme il faut (como deve ser): seus integrantes, apenas ingressaram na área urbana, viram-se em meio a um tiroteio com um bando periférico do narcotráfico, que controla as favelas que se espalham por toda a cidade. Não houve feridos. Porém, um dos tiros disparados pelo bando atingiu o espelho retrovisor de um veículo da Força de Segurança Nacional. É bastante sintomático que ao chegar à cidade esse motorista perdesse, ainda que por um segundo, a possibilidade de olhar para trás, de onde vinha.

Para os moradores da que segue chamando a si mesma Cidade Maravilhosa, trata-se de notícia rotineira: aqui, tiros e balas perdidas fazem parte do cenário, e não nos tiram a ideia de que somos privilegiados por viver em uma das paisagens urbanas mais belas do mundo.

Assim, melhor do que voltar ao tema, por fim, estamos falando de Jogos Olímpicos, que não são pouca coisa. Tudo é considerado em volumes astronômicos: são 25.000 jornalistas credenciados (espera-se 5.000 a mais, os atrasados de sempre), a expectativa de público beira os 5 bilhões de espectadores. Pouco mais de 10.500 atletas, de 206 nações, participarão do evento.

Para os que gostam de comparações, em 2014, quando se disputou a Copa do Mundo de futebol no Brasil, 32 países enviaram 736 jogadores, que disputaram 64 partidas. Houve pouco menos de 19.000 jornalistas credenciados e o número de espectadores foi de 3,2 bilhões.

Nos Jogos Olímpicos, serão 306 provas, em 42 modalidades esportivas. Foram postos à venda mais de três milhões de ingressos, e cerca de 50.000 voluntários prestarão sua gratuita colaboração para que tudo resulte o mais cômodo possível para as delegações participantes.

Cálculos confiáveis apontam que, entre os dias 5 e 21 de agosto, cerca de 700.000 turistas nacionais e estrangeiros estarão na cidade, cujo aglomerado urbano abriga sete milhões de habitantes. Espera-se a presença de 60 chefes de Estado ou de governo. A expectativa inicial era de cem, mas já se sabe que dificilmente será alcançada: o Brasil vive um conturbado momento político, no qual um golpe institucional em curso coincide com os Jogos Olímpicos.

Mesmo assim, o país anfitrião contribuirá para que se alcance pelo menos cinco dúzias de presidentes, com dois. Um é Michel Temer. Seu título oficial é o de vice-presidente em exercício, mas para efeitos concretos é o presidente. E Dilma Rousseff, eleita com 54, 5 milhões de votos, em 2014, afastada temporariamente do poder graças aos votos dos 55 senadores que abriram no Senado um julgamento para destitui-la. Apesar de ter sido afastada, não perdeu seu mandato. Exagerado como de costume, o Brasil comparecerá na abertura com dois presidentes, algo inédito na história do evento.

Ao longo dos últimos seis anos, o Rio se preparou intensamente para a realização dos primeiros Jogos Olímpicos – o maior evento esportivo do mundo – na América do Sul. Além de instalações esportivas construídas ou reformadas, obras viárias se multiplicaram, transformando o cotidiano dos moradores em um inferno, mas com a promessa de ser uma benéfica herança que contemplará a todos. Terminada a festa, se verá que tudo valeu a pena, dizem as autoridades municipais. No entanto, para que se conquiste semelhante façanha, há obstáculos, e não são poucos. A começar pelo principal: a violência urbana.

Nestes dias, um estudo divulgado pela ONU mostra que a polícia militar do Rio de Janeiro, encarregada de patrulhar a cidade, é a mais letal do mundo. Aqui, morre-se nas mãos da polícia duas vezes mais que na África do Sul, cujas forças de segurança, justamente, tornaram-se famosas como uma das mais fulminantes do mundo. E quase dez vezes mais que nas mãos da polícia dos Estados Unidos. No nosso caso, é possível acrescentar à palavra ‘letal’, e sem medo de cometer injustiças, que a polícia local será também das bestialmente truculentas e olimpicamente corruptas do mundo. Tudo isso torna inevitável que, às vésperas da inauguração do maior evento esportivo do mundo, o tema da violência urbana e da atuação das forças de segurança invada a agenda.

O espetáculo que será oferecido na Cidade Maravilhosa promete ser uma maravilha inesquecível. O problema é que a realidade ameaça prometer outra coisa.

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