A mineradora é uma das donas da Samarco, empresa responsável pelo que ficou conhecido como maior crime ambiental brasileiro, ocorrido em novembro de 2015 com o rompimento de duas barragens em Mariana, em Minas Gerais. Na ação desta terça-feira, um grupo do Levante Popular da Juventude jogou em frente à sede da empresa, no Rio de Janeiro, a lama trazida da destruição provocada no rio e lembrou o nome dos 19 mortos na tragédia.
Organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a atividade no Rio de Janeiro é parte de uma ação nacional para denunciar a Vale, com manifestações por todo o país. “Estamos mobilizadas no país inteiro para fazer marchas, ações, vigílias e escrachos para denunciar a Vale que é responsável e culpada pelo desastre social e ambiental que aconteceu em Mariana com o estouro da barragem", destaca Alexania Rossato, integrante do MAB.
Mulheres de diferentes idades, de diferentes raças, mas com um desejo em comum: cobrar justiça pelo dano causado ao povo do Rio Doce. “É muito importante apoiar as companheiras atingidas por barragens e ser contra a Vale, que assassinou 19 companheiros em Mariana. Não foi um acidente”, denuncia Luma Vitório, do Levante Popular da Juventude.
Ao chegar na sede da Vale, no bairro do Leblon, zona sul do Rio, os manifestantes encontraram a Polícia Militar do Rio de Janeiro cercando a entrada do prédio. “É muito estranho ver a polícia protegendo uma empresa criminosa”, adverte Alexania.
Além do crime ambiental ocorrido em Mariana, a Vale é também denunciada por financiar o massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, onde 21 trabalhadores rurais foram assassinados pela Polícia Militar.
“Esse ano essa empresa completa outro aniversário, 20 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. Há 20 anos essa empresa financiava a Polícia Militar para assassinar os companheiros na 'Curva do S'. Não esquecemos, Vale! Não adianta se esconder no Leblon, que nós te achamos”, frisa Sandra Quintela, da Articulação dos Atingidos pela Vale.
Berta Cáceres
O ato serviu ainda para homenagear Berta Cáceres, importante liderança dos atingidos por barragens de Honduras, país da América Central. Ela foi assassinada no dia três de março deste ano em sua casa. “A luta aqui no Brasil [dos atingidos por barragem] é a mesma luta de Berta Cáceres. Por isso estamos hoje também lembrando porque ela é uma grande inspiração e esse crime não passará em branco. Exigimos justiça!”, finaliza Sandra Quintela.
Novas atividades
A mobilização seguirá na manhã desta quarta-feira (9), quando o Movimento de Atingidos por Barragens fará um novo ato na porta da Eletrobrás, no centro do Rio, para exigir o fim da privatização do setor elétrico.