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3º Simpósio de Missiologia: “Palavra de Deus e Missão: identidade, alteridade e universalidade na Bíblia”.

3º Simpósio de Missiologia: “Palavra de Deus e Missão: identidade

“A leitura bíblica deve começar do chão das maiorias oprimidas”, afirmou a pastora metodista, Nancy Cardoso Pereira, ao abrir as reflexões no 3º Simpósio de Missiologia, que acontece ao longo desta semana em Brasília (DF). Promovido pelo Centro Cultural Missionário (CCM) e a Rede Ecumênica Latino Americana de Missiólogos e Missiólogas (RELAMI), o evento reuniu 50 pessoas entre, docentes, teólogos, pesquisadores, representantes de instituições missionárias, agentes de pastoral e animadores missionários, de todo o Brasil e convidados da Bolívia e do México. Os estudos se concentram no tema: “Palavra de Deus e Missão: identidade, alteridade e universalidade na Bíblia”.

A programação do Simpósio conclui-se na sexta-feira, 28, e contou com a participação de renomados teólogos e biblistas, tais como Tea Frigerio, Frei Carlos Mesters, Francisco Orofino, Nancy Cardoso, Paulo Suess, Estêvão Raschietti, Carlos Intipampa, pastor metodista boliviano.

Leitura da Bíblia na prática da missão

Nancy Cardoso é doutora em Ciências da Religião e membro da equipe de reflexão do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), grupo que em suas investigações toma como base a realidade, a bíblia e a comunidade. “O biblista popular deve começar sua reflexão, a partir das desconfianças do povo. A missão deve ser alimentada pela leitura e pela crítica popular. Desta crítica e autocrítica, nasce a espiritualidade, as ações políticas e a missão”, destacou a pastora. “Quem estuda Bíblia deve se expor às contradições da realidade, ler a Palavra e ter uma vivência na comunidade”, completou. A questão em debate é como utilizar a Bíblia na prática da Missão.

Recorrendo textos bíblicos, Nancy procurou demonstrar como ler a Bíblia na missão. “É uma leitura de espiritualidade e produção de projetos”, disse. A assessora destacou ainda a metodologia adotada por teólogos e pensadores como, José Comblin, Gustavo Gutierrez, Enrique Dussel, Jurgen Moltmann e Hugo Assmann. Nos estudos, “não dá para começar da Bíblia em si ou da história da Igreja, mas da realidade que pisamos na missão”, alertou a biblista que é agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e há anos circula em acampamentos de Sem Terras.

Em sua opinião, os comentários oficiais alemães “escondem os pés, pois agindo com imparcialidade não dizem de onde partem. A universalidade não pode o ser ponto de partida, mas sim o chão da comunidade onde vivemos, as perguntas dos camponeses, o movimento das mulheres, os oprimidos que também pensam e fazem teologia”, finalizou.

Pastora Nancy atua também, no Programa de Acompanhamento Ecumênico na Palestina e em Israel (EAPPI) que leva pessoas do mundo todo à Cisjordânia para experimentar a vida sob a ocupação. Os acompanhantes ecumênicos fornecem proteção para as comunidades vulneráveis, monitoram abusos dos direitos humanos e incentivam palestinos e israelenses a trabalharem juntos pela paz.

A esperança profética

Numa segunda reflexão sobre Israel, o povo eleito e os outros povos, Irmã Tea Frigério, que também é membro da Equipe de reflexão do CEBI, analisou o Segundo Isaias. A religiosa explicou que, da sua visão não nasce uma proposta missionária. A ler o profeta, podemos descobrir a quem ele quer dar voz. “Essa atitude nos leva a perguntar: na escuta de quem nós queremos estar e quais rostos aparecem”, sublinhou.

O profeta não está sozinho, mas é uma expressão da comunidade profética. Isaias quer convidar para olhar um determinado grupo de pessoas identificado pela seguinte versículo: “Os infelizes que buscam água e não a encontram e cuja língua está ressequida pela sede, eu, o Senhor, os atenderei, eu, o Deus de Israel, não os abandonarei” (Is 41,17). Para irmã Tea, o profeta quer que coloquemos nosso olhar sobre esse grupo de pessoas no mundo atual. “Pessoas que tropeçam e caem pela fadiga, a serviço dos tiranos e desprezado, despojados, saqueados” (Is 52, 3).

Para entender a mensagem de Isaías precisamos partir da realidade dos oprimidos que têm um sonho utópico. O profeta não tem uma proposta missionária, universal, mas tem uma esperança a oferecer para estas pessoas.

Irmã Tea recordou ainda que, “no tempo bíblico de Segundo Isaias, o Império babilônico investia na militarização e na construção de templos e palácios em detrimento das necessidades dos pobres. Enquanto hoje, os maiores investimentos vão para a contração de estádios, grandes obras, para a defesa e palácios, o povo mais pobre fica sem hospitais, escolas e moradia”.

Para reconstruir a identidade é preciso acordar da apatia, ter a capacidade de sonhar e resgatar a memória histórica. “É isso que o profeta está tentando fazer. No texto ele destaca cinco ações de Javé em favor de Israel-Jacó: “eu te escolhi, te agarrei com força, te chamei, não te rejeitei, te ajudei, por isso sê forte e não temas”. (Is 41, 9 ss).

A partir disso, o profeta começa a reconstruir a identidade do povo. Ao longo da história, Deus assume os rostos das necessidades que as pessoas têm. “Aos filhos ilegítimos ele diz: eu sou Pai; aos escravos, ele diz: eu te resgato; a quem faz uma experiência de rejeição, ele diz: eu sou como uma mãe que te acolhe; ao sedento ele diz: eu sou a chuva… Falamos de Deus através de nossas experiências”, recordou. Com isso, “somos convidados a escutar essas vozes que também fazem teologia e têm um jeito próprio de falar de Deus. Aqui nasce a missão”.

Bíblia e Missão: “A letra sozinha mata, o Espírito dá vida”, afirma frei Carlos Mesters

No terceiro dia do 3º Simpósio de Missiologia participaram o frei Carlos Mesters e o professor Francisco Orofino, da equipe de coordenação do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), para refletir sobre o uso da Bíblica na prática missionária. O evento teve início na segunda-feira, 24, e conta com a participação de 50 pessoas entre, docentes, teólogos, pesquisadores, representantes de instituições missionárias e agentes de pastoral do Brasil e convidados da Bolívia e do México.

“Mais do que encontrar um sentido exato dos textos através da exegese, o importante é adquirir uma atitude interpretativa correta diante do texto”, afirma o frei carmelita, Carlos Mesters, biblista holandês que popularizou o estudo da Bíblia no Brasil e na América Latina. Segundo ele, “não devemos perder a liberdade profética dos filhos e filhas de Deus presente na interpretação que o Novo Testamento faz do Antigo Testamento”.

Ao falar do método de interpretação, Mesters destaca que não se pode olhar somente a letra, mas é preciso considerar o Espírito, por que “a letra sozinha mata e o Espírito dá vida. Por tomarmos os textos ao pé da letra, nós matamos muita gente ao longo da história, em nome de Deus”, argumenta. A renovação da exegese começou pela crítica literária que questionou o fundamentalismo.

Diante de textos considerados difíceis, a recomendação é partir da prática missionária de Jesus para poder ter critérios de interpretação. A esse propósito, Carlos Mesters lança algumas questões para avaliar atitudes na Missão. “Todas as religiões procuram ser missionárias. A nossa religião tem algum privilégio? Vamos entrar em competição com os outros para ver quem consegue mais adeptos? Os muçulmanos são missionários e divulgam a sua religião, atraem pessoas. No passado nós saímos da Europa, como missionários aos milhares, para anunciar a Boa Nova do Evangelho. Qual a diferença entre o anúncio que nós fazíamos e o anúncio que fazem os muçulmanos? Como entender a afirmação de que Jesus é a única pessoa através da qual podemos ser salvos ou então o ensinamento: ‘fora da Igreja não há salvação’? O século de maior expressão missionária foi também o século de maior violência e mortandade da história. Qual a credibilidade da ação missionária das nações cristãs?”

“Mesters pondera que, por estarmos agarrados numa visão do passado, não nos damos conta de que o mundo mudou. “Eu sou cristão, mas não posso ir numa aldeia indígena exigir que eles se tornem cristãos. Como ser humano, somente posso exigir que os indígenas sejam seres humanos”, defende.

O professor recorda que somente no Concílio Vaticano II aparecem as primeiras posições oficiais de uma nova maneira de pensar. “O que caracteriza a nossa prática hoje é a atitude de diálogo e respeito. A gente pensa que está levando alguma coisa e está recebendo mais do que leva. Conversando com as outras pessoas acontece a conversão. Uma conversa grande se torna ‘conversão’”, brinca. Nesse sentido, citou o exemplo da Irmã Genoveva, missionária falecida no ano passado e que viveu por 60 anos com o povo Tapirapé, no Mato Grosso. Veva, como era conhecida, foi uma das pioneiras da teologia da inculturação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e sempre demonstrou total respeito à cultura e religiosidade dos indígenas. “Veva não falou muito de Jesus, mas pela sua presença de amor, os Tapirapé, que se encontravam numa situação de desolação, se renovaram e o número deles triplicou. Estas e tantas outras atitudes já fazem parte da nossa prática missionária”.

Na sua exposição, Mesters dialogou com o professor Francisco Orofino e destacou sete características da ação evangelizadora de Jesus: anunciar a Boa nova de Deus; o objetivo é a vida em plenitude; o caminho é a harmonização das relações humanas; a dinâmica é os sinais dos tempos; viver o novo; ver a presença de Deus e viver a misericórdia.

A proposta de Jesus

Complementando questões levantados por Mesters, o professor Francisco Orofino, doutor em teologia Bíblica e coordenador do CEBI, destaca que, “o ponto de partida para a prática evangelizadora de Jesus é a situação do povo”. Segundo ele, na sociedade contemporânea, para entender a situação do povo precisamos perceber a mudança de época em curso.

“O crescente processo de urbanização faz desaparecer a matriz de muitas religiões que tem origem no rural. “As bases das grandes religiões são rurais, mas hoje a maioria da população vive numa realidade urbana e produz uma cultura urbana. A ideologia dominante das sociedades urbanas é o neoliberalismo, um sistema antievangélico. Nesse sistema, o indivíduo não precisa de ninguém. Para se tornar um vencedor ele deve eliminar as suas dependências, ter dinheiro e se tornar a pessoa chave do sistema, ou seja, um consumidor”, avalia Orofino.

Segundo o professor, o BBB da Globo é o programa que melhor reproduz o momento em que vivemos. A produção transforma a tela da televisão na janela da nossa casa e estimula a curiosidade. O ambiente é muito familiar: “a casa mais vigiada do Brasil”. Só que dentro da casa moram pessoas sem nenhum laço afetivo. Na casa, tudo é artificial, inclusive o apresentador Pedro Bial, mas o objetivo é sólido: se você quiser vencer e ficar com o dinheiro, deve eliminar as pessoas. “Cria-se uma cultura da eliminação onde eu sou convidado a eliminar as pessoas que me atrapalham, que me impedem de ser um consumidor”. Os telespectadores pagam as ligações para eliminar as pessoas da casa e ainda vibram. O paredão lembra a eliminação nos sistemas totalitários. “Essa é a proposta da época que vivemos. E quando isso deixa de ser ficção e passa a ser realidade é trágico”, comenta.

O uso da Bíblia na Missão

“Somos chamados a uma missão de evangelizar uma sociedade urbana, individualista, consumista, violenta, com laços afetivos cada vez mais frágeis e com dificuldade de viver uma proposta”, afirma o biblista. “A figura de Jesus encarna uma proposta. A sua segurança pessoal está na prática da partilha. Fazer missão é partilha uma experiência de partilha. Ter clareza da proposta de Jesus é um ponto fundamental no uso da bíblia na Missão”, complementa.

“Em seguida, Orofino comentou Êxodo 3, 7-8, texto sobre a vocação de Moisés que, no seu entendimento, é a própria vocação de Deus que responde ao grito do pobre. “Toda a pessoa que parte em missão é uma resposta de Deus ao grito de alguém. Por isso quem se sente vocacionado deve se perguntar: quem está gritando, onde está gritando, o que está gritando. Toda a vocação humana é a resposta de Deus ao grito de alguém. Jesus se enquadra nisso também”.

Para Orofino, “a Bíblia toda é uma parábola onde a resposta final não é dada por quem conta, mas por quem ouve. Levar a Bíblia em missão é ter a consciência que se está levando uma proposta pedagógica”. Na opinião do professor, a Bíblia não é um livro doutrinário, mas didático que quer nos transmitir uma experiência cujo ponto fundamental é entrar na lógica da partilha.

Na época de Jesus quem gritava eram os excluídos pelo discurso teológico por que tinham uma impureza. E Jesus começar a valorizar o espaço mais sagrado que existia: a casa. “Ele recupera a casa e seus ritos e reforçar os laços afetivos para reintegrá-las ao convívio. Jesus ensina a recuperar uma espiritualidade em quatro pontos: o tempo já se cumpriu (a lógica do encontro com Deus); o Reino está próximo; a mudança de vida (conversão – metanóia); e crer no Evangelho de Deus”, explica o biblista.

Francisco Orofino sublinhou ainda que devemos usar a Bíblia para entender como Deus fala hoje nos lugares onde fazemos a Missão. Par ele é o fundamental é “perceber quais são o sinais da presença de Deus na caminhada do povo. Por isso não podemos nos prender só no texto das Escrituras”.

A programação do Simpósio incluiu trabalhos em grupo onde os participantes analisaram textos bíblicos e em seguida, partilharam o exercício em plenária.

Missiologia e o monopólio da revelação de Deus

“A revelação é um mistério de Deus mal explicado”, afirma Paulo Suess ao debater sobre os perigos do monopólio sobre a revelação por certos grupos, igrejas e elites. A discussão fez parte dos debates na manhã desta quinta-feira, 27.

Paulo Suess é doutor em teologia, professor de pós-graduação no Instituto São Paulo de Estudos Superiores (Itesp). O teólogo que é também assessor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), avalia que, “a Igreja católica, em suas definições tradicionais, tem certa dificuldade com o “reconhecimento da revelação em religiões não cristãs. Ela reserva o conceito de revelação para o conteúdo de seu livro sagrado, a Bíblia”. Suess argumenta que, para os que vivem às margens socioculturais das nossas sociedades, a palavra de Deus pode ser um instrumento de defesa de seu projeto de vida. O missiólogo evidencia o projeto de vida dos pobres-outros em dois eixos: “a redistribuição dos bens e o reconhecimento da alteridade”.

Em sua opinião, pobreza e alteridade nem sempre coincidem. “Os judeus, no regime nazista da Alemanha, os povos Yanomami de Roraima, os ciganos do Paraná e os homossexuais de Uganda não são nem eram necessariamente pobres. Mesmo assim, a ética cristã os defende aquém e além do projeto de vida dos pobres. Também em seus projetos de vida Deus se revela, em palavras e sinais”, explica e argumenta que, para os cristãos seria difícil defender pessoas que são sujeitos desses projetos de vida sem considerar o “projeto de Deus”.

Seguindo esse fio condutor, Suess questiona o monopólio salvífico da revelação por parte da Igreja católica. Precisamos “reconhecer a voz de Deus nas tradições orais ou escritas da humanidade. A doutrina da revelação integralmente contida na Bíblia reduz a universalidade da palavra de Deus à tradição judeu-cristã e nega a possibilidade da revelação partilhada com todos os povos”, destacou para, em seguida, perguntar: “como podemos nos livrar dessa redução com inspirações da própria Bíblia e da reflexão pós-conciliar?”

Ao ponderar sobre essa questão, Suess observou que, “os pobres-outros e com eles a humanidade toda não são somente destinatários da salvação universal em Jesus Cristo, mas são também portadores universais da revelação de Deus. Esse reconhecimento não é algo exterior à normatividade do cristianismo, mas é inerente à dinâmica do Evangelho”.

“O assessor observou ainda que, as diferentes revelações e sistematizações têm na Igreja um lugar de discernimento e de objetivação consensual. “Essa postura se pronuncia sobre o valor salvífico ou não de outros caminhos e, necessariamente, se abre para o horizonte escatológico onde as múltiplas experiências de Deus se concentrarão numa definitiva revelação de Deus, sem mediações institucionais de religiões, crenças ou igrejas”.

As intervenções dos participantes no Simpósio evidenciaram várias dificuldades na tarefa de desconstruir um modelo exclusivista de entender a revelação de Deus. O sentimento geral é de criar coragem para avançar. Ao contribuir com o debate, Suess recordou que, “para Jesus de Nazaré, a revelação está na inusitada compreensão da loucura de Deus como verdadeira sabedoria. Toda a sabedoria de Deus, porém, e sua revelação como Reino de Deus no meio de nós tem um horizonte escatológico”. Além disso, “os destinatários da palavra de Deus e a escolha dos protagonistas de seu projeto revelam a finalidade e mostram a mediação desse projeto. Jesus escolheu os pequenos-outros como protagonistas de seu projeto, todos aqueles que vêm da grande tribulação. Sua dor é real e nunca simulação ideológica. Seu mundo, por não ser ideológico é pata todos”, arrematou.

CONFIRA algumas das obras dos e das participantes do 3° Simpósio de Missiologia publicadas pelo CEBI:

NANCY CARDOSO

Receitas de Vida: Na cozinha com Elias e Eliseu.

Remover pedras, plantar roseiras, fazer doces – por um ecossocialismo feminista.

Por uma hermenêutica das coisas úmidas e molhadas. Roteiros para estudo bíblico sobre água – profecia e religião.

CARLOS MESTERS

Salmos – O Pentateuco orante do Povo de Deus.

JESUS – Formando e Formador.

Atos dos Apóstolos. Olhar no espelho das primeiras comunidades. Círculos bíblicos (em coautoria com Francisco Orofino).

TEA FRIGERIO

Atos das mulheres – justiça, solidariedade, mística.

Carta aos Filipenses – O sonho de Deus: uma casa acolhedora.

FRANCISCO OROFINO

A nova justiça do Reino de Deus. Círculos bíblicos sobre o Evangelho de Mateus (em coautoria com Carlos Mesters e Mercedes Lopes).

Raio-X da Vida. Círculos Bíblicos do Evangelho de João (em coautoria com arlos Mesters e Mercedes Lopes).

 

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