CEBI em destaque

O Servo Sofredor de Isaías/Isaísa na Pandemia.

Por Jairo de Carvalho*

Quem imaginaria?

Quando o Extensivo Bíblico do CEBI-CE preparou o momento de estudar o Profetismo Durante o Imperialismo Babilônico, especificamente o Profeta/isa chamado de Segundo Isaías, ou Isaísa, quem imaginaria que o mundo entraria em um isolamento social devido à pandemia do coronavirus ? Enquanto uns diziam: “E daí?… Não sou coveiro”, nós dissemos: “Ninguém solta a mão de ninguém”!

Um dos momentos desse estudo seria o aprofundamento dos Cânticos do Servo Sofredor em parceria com a Irmandade do Servo Sofredor (ISSO) de Crateús, que teve padre Alfredinho (1920 – 2000) como um dos fundadores. Infelizmente, de forma presencial, isso não foi possível, e tivemos que fazer tais momentos de forma virtual. E no momento em que fizemos o primeiro encontro, o Brasil já somava 100 mil vítimas do Covid-19. O encontro foi feito envolto a muito sofrimento. Dulce e Héctor falaram:

“Estes dias temos pensado muito em Padre Alfredinho. Estamos vivenciando uma situação excepcional no mundo, por ocasião da pandemia… Como seria bom ouvir dele, pensar com ele, que era tão criativo, algumas sugestões para viver bem este período… Somos convidados/as a entrar na escola dos oprimidos para assim poder buscar formas de resistências contra o sofrimento que injustamente é imposto e a partir dele descobrir a missão dos sofredores em meio a tanta dor”.

O livro que todas as pessoas leram (algumas reliam) para a primeira roda de conversa foi “A Missão do Povo que Sofre”, de Carlos Mesters, editora Vozes. Um curso Extensivo que não contempla uma obra de Mesters em sua bibliografia, perde muito em leitura militante e popular, que é o objetivo do curso. Todas e todos traziam o latejar da dor de entes queridos que a pandemia levou; mas trouxeram também uma reflexão refrescante a respeito do livrinho de Carlos Mesters. Ecoemos algumas falas:

A Boa nova nasce a partir dos sofredores, ler a Palavra de Deus sem considerar esta realidade, se torna vazia e sem sentido. Os poderosos e opressores, agora tem que aprender a viver uma relação diferente com este povo dominado por eles. Pois vai ficando claro, que o projeto de Deus não é de dominação, mas de igualdade e fraternidade (ONETE).

A narrativa parte de acontecimentos reais corriqueiros, muitas vezes despercebidos sobre a vida de quem sofre continuamente no nosso tempo e no tempo do povo da Bíblia. O primeiro passo é este: não se deixar contaminar pelo jeito de viver dos opressores do povo (LUIS CARLOS).

Os pobres não contam com riqueza, prestígio, poder e violência para realizar sua missão, mas unicamente a consciência de ter a ajuda de Deus, e atuarem em seu nome (DORGIVAL).

Frei Carlos Mesters faz um estudo dos quatro cânticos do Servo sofredor de Isaías. Mas sua abordagem não é tanto técnica ou exegética. Ele faz uma reflexão a partir do sofrimento do povo. A opção pelos pobres da parte de Deus é evidente (AKINO).

Um povo oprimido, desesperançado, mas amado e que estava no coração de Deus, que são os pobres a quem Ele confia uma missão (SANDRA). 

Pessoas simples que passam por tantos sofrimentos e humilhações e acham que tem que passar por aquilo, porque questionar pode tornar-se um perigo (MÍRIAM).

O nosso pensamento, quando não é fermentado nem libertado pelo pensamento de Deus e do povo oprimido, é incapaz de entender o mistério que se esconde e se revela na Cruz de Cristo e na Cruz do Povo Sofredor (EULÁLIA).

A experiência do Servo Sofredor, revelada nos Cânticos, quer ser um caminho de colhimento e compreensão do sofrimento num sentido mais profundo, um sofrimento capaz de ser sinal e expressão de libertação de todo o povo (CRISTIANE). 

O livro inicia com sofrimento do povo. Terezinha, representa a humanidade que sofre… E Padre Alfredinho conclui dizendo: “Eu acho que o nosso povo pobre e sofredor é chamado a ser, hoje, o Servo de Deus”. O povo recebe a sua missão não dos homens, nem das autoridades do povo, mas do próprio Deus; isto lhe dá liberdade para se afirmar diante daqueles que, em nome de uma autoridade humana, o oprimem e exploram (ADELAIDE).

A cada dia devo renovar essa certeza e estar em estado de discernimento para não me deixar embriagar pelas inclinações de bem-estar que me distanciam do projeto de Deus em favor dos pobres (ANTONINA).

Hoje são o “SACRAMENTO” do Servo Sofredor: os pobres das comunidades das periferias da cidade e do interior, das comunidades tradicionais, os idosos, os doentes, catadores, pescadores, vítimas das enchentes, moradores de rua, migrantes, profissionais da saúde e dos serviços essenciais para nossa vida (DULCE e HÉCTOR).

Na roda de conversa não ficaram dúvidas. Para quem diz e para quem repete que “O erro da ditadura foi torturar e não matar”, “Ele merecia isso: pau-de-arara. Funciona. Eu sou favorável à tortura”, intimidando os mais fracos e desprotegidos, aliciando com seu veneno os que pensam seguir Jesus através da violência, o Servo Sofredor rebate afirmando que as vítimas dessas torturas e matanças serão levadas “a sério aos olhos do Senhor, Deus se fez a minha força” (Is 49,4).

Para quem diz a uma mulher: “Eu jamais ia estuprar você porque você não merece” e assim torna-se cúmplice de todos os feminicídios. Para quem diz aos ‘gays’ que “não existe homofobia no Brasil” e ao mesmo tempo dispara: “para mim é a morte”. Para quem fala que quilombolas “nem para procriadores servem”, que índio “devia ir comer um capim ali fora para manter as suas origens” e assim justifica que não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola”… Para estes, assim falam todas as vítimas, Servos e Servas Sofredoras de Javé: “Perto de mim está quem me faz justiça… Todos eles vão cair aos pedaços, como roupa velha comida pela traça” (Is 50,7-9).

Mas há também aqueles e aquelas, entre os opressores, que se arrependem das injurias que disseram contra os servos e servas de Javé, das perseguições, das violências e dos assassinatos contra os preferidos e preferidas do coração de Javé (Is 42,1). Tais opressores não só se arrependem, eles mudam de vida e entram na comunidade do Servo Sofredor proclamando: O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados” (Is 53,5b).

Gostaríamos então de ter um momento mais amplo com todas e todos que comungam com essas reflexões. O Curso Extensivo do Cebi-CE e a Irmandade do Servo Sofredor (ISSO), de Crateús, farão como encerramento desse estudo a:

 Live: Centenário de Dom Fragoso e Padre Alfredinho

dia 10 de dezembro( quinta-feira) das 19:30 às 21:00h, com o apoio da Cáritas de Crateús e do Cebi Nacional.

Todas e todos se sintam convidadas e convidados para partilhar suas mensagens e reflexões no chat da Live onde, diferentes e misturados, seremos um só coração, batendo como um Tambor de Maracatu anunciando: “A Liberdade Haverá” (Zé Vicente).

 

*Coordenador do Extensivo-CEBI Ceará

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