partilha de Ana Celma, CEBI-CE*
“Eis que faço nova todas as coisas” (Ap. 21,5)
Nos dias 25 e 26 de maio de 2019, na casa sede do CEBI, realizou-se o último encontro formativo, assessorado por Ana Selma, que trabalhou a temática Resistência das Comunidades no livro do Apocalipse.
Quando falamos em “Apocalipse” nos vem à mente um imaginário futuro de fim do mundo, vários desastres naturais e mortes em grande escala. É a isso que nos é remetido o livro do Apocalipse, tirando assim a profundidade celebrativa/litúrgica do mesmo.
Será que o livro trata disso mesmo? Bem, Apocalipse, quer dizer “revelação”, é um livro concreto, onde o autor denuncia as realidades sociais em que se encontram as comunidades sobe dominação romana, anuncia de forma profética a nova Jerusalém, nos convida a celebrar a vitória de Jesus sobre a morte, dando assim esperança aquele povo oprimido. Que resistam e lutem contra a ideologia política, cultural e religiosa do império, que causa injustiça e morte indo contra o projeto do reino de Deus, “quem não denuncia não pode anunciar” (Frei Betto).
A literatura apocalíptica (imagens e símbolos) quer anunciar a“parusia” palavra originária do grego, que nos remete a segunda vinda de Jesus. Esse anúncio também é direcionado a nós e nos convida a viver aqui e agora, “um novo céu e uma nova terra” (21,1) nessa perspectiva. Conhecer essa linguagem e seus significados ou sentidos nos possibilitou entender a mensagem central do livro, que é de não perdemos a ESPERANÇA nos momentos difíceis da vida, sempre vislumbrando o Reino de Deus.
Além de percebemos o propósito do texto, ainda era preciso algumas pistas para facilitar a compreensão teológica do livro, sendo assim nos foi apresentado as sete chaves de leitura.
- A primeira Resistência – A comunidade consciente da condição de exploração e opressão luta por vida digna confiando no Deus da vida.
- A segunda Denúncia – Movimento dos profetas e profetizas que denunciava as injustiças e anunciava a cidade celeste, a Nova Jerusalém.
- A terceira Celebração – É reconhecer nas pequenas vitórias do cotidiano a presença do Cristo ressuscitado, que venceu a morte. Sendo a razão de celebrar as pequenas conquistas, animando e fortalecendo a fé.
- A quarta Testemunho – Dele nasce os três anteriores: resistência, denuncia e celebração. Os fiéis que não tinham na mão direita e na testa o sinal da Besta eram perseguidos, torturados e mortos. Os primeiros cristãos permaneceram firmes, denunciavam o regime de morte do império e não deixavam de anunciar a fé em Jesus, mesmo que os levassem ao martírio.
- A quinta Felicidade – É possível cultivar e viver a felicidade, mesmo passando por perseguição e injustiça. Esse era um grande sinal dos primeiros cristãos.
- A sexta Urgência – A concretização do Projeto do Reino é urgente na história da humanidade.
- A sétima Esperança – Manter viva a fé no Cristo ressuscitado, que caminha com seu povo. Sonho possível, mas com consciência crítica e os pés firmes na realidade.
O livro conta uma história, de uma sociedade de quase dois mil anos atrás, e ele ainda se torna atual comparado a nossa realidade. Estamos vivendo um momento impar da história. Onde temos um governo opressor, preconceituoso e elitista. Personificado na pessoa do presidente da republica e de seu ministério. Diariamente nossos direitos sofrem ataques, a educação e a previdência são os alvos da vez, e tudo isso é um projeto, um projeto contra o povo.
Voltando para a leitura profética do livro, não há como conciliar o projeto de Deus, que gera vida. Com os projetos elitistas do capital que geram morte, doenças e fome em todo mundo. O apocalipse nos convida a denunciar e sermos resistência a construirmos juntos e juntas a nova Jerusalém, hoje. A continuarmos o projeto de nosso senhor Jesus cristo e sermos anunciadores e anunciadoras da boa nova, portanto, apocalipse é um livro de esperança, a esperança do verbo esperançar, tornando assim ação, o livro afirma que a opressão é passageira e que Deus está sempre ao lado de quem luta por justiça. Se alegrem, pois, estamos juntos e juntas nessa ciranda chamada vida, lutando ao lado do nosso senhor pela igualdade.
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Texto por Davison da Silva Souza ([email protected]) e Antônia Viviane Silva ([email protected]).