Somos convidadas a meditar, refletir e rezar a partir da passagem de Lucas 2, 22-40, a qual narra o processo de apresentação do menino Jesus no templo.
O texto enfatiza que Jesus é levado pelo seu pai e sua mãe ao templo para cumprir a Lei prescrita por Moisés, a qual destaca que “todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor” (Lc 2, 23). Essa consagração retoma a narrativa do Êxodo, no capítulo 13, versículos 1 e 2, que diz: “Javé falou a Moisés: Consagre a mim todo primogênito dos filhos de Israel, os que por primeiro saem do ventre materno. Eles serão meus, tanto os dos homens quanto os dos animais”.
No versículo 24, o texto destaca que era necessário ofertar um par de pombinhos ou rolas para a purificação de Maria. Neste sentido, a oferta realizada faz-se cumprir a Lei apresentada no livro do Levítico, capítulo 12, versículos de 6 a 8, o qual nos apresenta um perfil da condição socioeconômica da família do menino Jesus, a qual “[…] o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na sala” (Lc 2, 7). Jesus, desde o momento da sua concepção, é, ontologicamente, um ser constituído em meio a exclusão social, convivendo com pessoas desprovidas de condições fundamentais a uma vida digna e plena.
Posteriormente, a narrativa de Lucas destaca nos versículos de 25 a 28 o encontro entre Simeão e o menino Jesus, concretizando a revelação que o Espírito Santo lhe tinha concedido, onde diz que “ele não morreria sem antes ver o Messias do Senhor” (Lc 2, 26). Simeão conclui a sua missão dizendo: “Agora, Senhor, podes deixar teu servo partir em paz, segundo a tua palavra. Porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos, luz para iluminar as nações e glória de teu povo Israel” (Lc 2, 29-32).
Em seguida, Simeão abençoa ao pai e a mãe de Jesus e anuncia para ela: “Eis que este menino será causa de queda e reerguimento de muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição” (Lc 2, 34), sinal que nos ajuda a compreender, na atualidade, o genocídio vivenciado pelos irmãos e irmã Palestinos(as) em nome de um “deus” que oprime e mata.
Lucas também destaca que uma profetisa viúva, já idosa, chamada Ana esteve com eles naquele momento, ela “dava graças a Deus e falava do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2, 38).
Assim como Ana e Simeão, nós, somos convidadas a presenciar a salvação, a esperança que se faz presença no nosso meio. E que, a exemplo do menino Jesus, nós, possamos crescer fortes e cheios de sabedoria, mesmo que as adversidades do tempo nos imponham barreiras, pois “a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2, 40), e esta graça também permanece conosco.
Davison Willian
CEBI-SE