Reflexão do Evangelho

Reflexão do Evangelho: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida

Leia a reflexão sobre João 14,1-17, texto de Mesters, Lopes e Orofino.

Boa leitura!

No texto de hoje, vamos meditar mais um aspecto da conversa que Jesus teve com seus amigos e suas amigas, durante a última ceia, na véspera de ser preso e executado na cruz. Era uma conversa amiga bem prolongada, que ficou na memória do Discípulo Amado. Jesus, assim parece, queria prolongar ao máximo esse último encontro amigo, momento de muita intimidade. O mesmo acontece hoje. Tem conversa e conversa. Conversa superficial que gasta palavras à toa e revela o vazio das pessoas. E tem conversa que vai fundo no coração. Todos nós, de vez em quando, temos esses momentos de convivência amiga, que dilatam o coração e vão ser força na hora das dificuldades. Ajudam a ter confiança e a vencer o medo.  

SITUANDO

  1. Nos cinco capítulos que descrevem a despedida de Jesus (Jo 13 a 17), percebe-se a presença dos três contextos que perpassam este Evangelho do início ao fim: (1) a época de Jesus, (2) o tempo das comunidades do Discípulo Amado e (3) a época daquele que fez a última redação do Quarto Evangelho. Nestes capítulos, as três épocas estão de tal maneira entrelaçadas que o todo se apresenta como uma peça única de rara beleza e inspiração, em que é difícil distinguir o que é de uma e o que é de outra época.2. Estes cinco capítulos (Jo 13 a 17) são um exemplo de como as comunidades do Discípulo Amado faziam catequese. O capítulo 14, por exemplo, é uma catequese que ensina as comunidades como viver sem a presença física de Jesus. Eles faziam isso por meio de perguntas e respostas. As perguntas dos três discípulos, Tomé (Jo 14,5), Filipe (Jo 14,8) e Judas Tadeu (Jo 14,22), eram também as perguntas das comunidades. Assim, as respostas de Jesus para os três eram um espelho em que as comunidades encontravam uma resposta para as suas próprias dúvidas e dificuldades.

COMENTANDO

  1. Jo 14,1-2:Nada se perturbe!O texto começa com uma exortação: “Não se perturbe o coração de vocês!” Em seguida, diz: “Na casa de meu Pai, há muitas moradas”. A insistência em conservar palavras de ânimo que ajudam a superar a perturbação e as divergências é um sinal de que devia haver muita polêmica entre as comunidades. Uma dizia para a outra: “Nós estamos salvos! Vocês estão erradas! Se quiserem ir para o céu, têm que se converter e viver como nós vivemos!” Jesus diz: “Na casa de meu Pai, há muitas moradas”. Não é necessário que todas as pessoas pensem do mesmo jeito. O importante é que aceitem Jesus como revelação do Pai e que, por amor a ele, tenham atitudes de serviço e de amor. O cimento, que liga entre si os tijolos e faz as várias comunidades ser uma Igreja de irmãs e de irmãos, é o Amor e o serviço.2. Jo 14,3-4: Jesus se despede

    Jesus diz que vai preparar um lugar e, depois, retornará para levar-nos com ele para a casa do Pai. Quer que estejamos com ele para sempre. O retorno de que Jesus fala é a vinda do Espírito que ele age e que trabalha em nós, para que possamos viver como ele viveu (Jo 14,16-17.26; 16,13-14). Jesus termina dizendo: “Para onde eu vou, vocês conhecem o caminho”. Quem conhece Jesus conhece o caminho, pois o caminho é a vida que ele viveu e que o levou, pela fidelidade até a cruz, para junto do Pai.

    3. Jo 14,5-7: Tomé pergunta pelo caminho

    Tomé diz: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” Jesus responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida!” Três palavras importantes. Sem caminho, não se anda. Sem verdade, não se acerta. Sem vida, só há morte. Jesus explica o sentido. Ele é o caminho, porque “ninguém vem ao Pai senão por mim!”, pois ele é a porteira por onde as ovelhas entram e saem (Jo 10,9). Jesus é a verdade, porque, olhando para ele, vemos a imagem do Pai. “Se vocês me conhecem, conhecerão também o Pai”. Jesus é a vida, porque, caminhando como Jesus caminhou, estaremos unidos ao Pai e teremos a vida em nós.

    4. Jo 14,8-11: Filipe pergunta pelo Pai

    “Mostra-nos o Pai, e basta!” Era o desejo de muita gente nas comunidades de João: como é que a gente faz para ver o Pai de que Jesus fala tanto? A resposta de Jesus é muito bonita e vale até hoje: “Filipe, tanto tempo estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece! Quem me vê, vê o Pai!” Não devemos pensar que Deus está longe de nós, como alguém distante e desconhecido. Quem quiser saber como é e quem é Deus Pai, basta olhar para Jesus. Ele o revelou nas palavras e gestos da sua vida. “O Pai está em mim e eu estou no Pai!” Por sua fidelidade, Jesus estava totalmente identificado com o Pai. Ele, a cada momento, fazia o que o Pai mostrava que era para fazer (Jo 5,30; 8,28-29.38). Por isso, em Jesus tudo é revelação do Pai. E os sinais ou as obras de Jesus são as obras do Pai. Como diz o povo: “O filho é a cara do pai!” Por isso, em Jesus e por Jesus, Deus está no meio de nós.

    5. Jo 14,12-13: Promessa de Jesus

    Jesus faz uma promessa para dizer que a intimidade dele com o Pai não é privilégio só dele, mas é possível para todos os que creem, aderindo a ele. Nós também, por meio de Jesus, podemos chegar a fazer coisas bonitas para os outros do jeito que Jesus fazia para o povo do seu tempo. “Quem crê em mim fará as obras que faço e fará até maiores do que elas, porque vou para o Pai”. Ele vai interceder por nós. Tudo que pedirmos a ele, ele vai pedir ao Pai e vai conseguir, contanto que seja para servir.

    6. Jo 14,14-17: Ação do Espírito Santo

    Jesus é o nosso defensor. Ele vai embora, mas não nos deixa sem defesa. Promete que vai pedir ao Pai para Ele mandar outro defensor ou consolador, o Espírito Santo. Jesus chegou a dizer que ele precisava ir embora, pois, do contrário, o Espírito Santo não poderia vir (Jo 16,7). É o Espírito Santo que realizará a proposta de Jesus em nós, desde que peçamos em seu nome e observemos o grande mandamento da prática do amor.

ALARGANDO

A linguagem apocalíptica no Evangelho de João

Durante muito tempo, houve uma identificação entre o João do livro do Apocalipse (Ap 1,1.4.9) e o autor do Quarto Evangelho. Pensavam que era a mesma pessoa. Por isso, buscavam acentuar as semelhanças entre o Evangelho de João e o Apocalipse. Por exemplo, a identificação de Jesus como Cordeiro de Deus (Jo 1,29; Ap 5,6.12). Mas, as diferenças são maiores que as semelhanças. Elas mostram que os dois livros não são do mesmo autor. As semelhanças, porém, mostram que os dois livros surgiram em um mesmo ambiente, onde as pessoas tinham uma maneira muito própria de ver o mundo e de se situar diante do Império Romano, cujo exército executou Jesus na cruz. A esta mentalidade ou maneira de ver as coisas chamamos de apocalíptica. Ela transparece também nos outros escritos do Novo Testamento. Por exemplo, nos evangelhos sinóticos, encontramos discursos de Jesus a respeito daquilo que acontecerá no fim dos tempos (Mc 13; Mt 24–25; Lc 21). Nestes discursos, Jesus usa imagens apocalípticas para falar do juízo final de Deus e da sua vitória definitiva sobre o mal que atormenta as pessoas. É provável que o próprio Jesus falasse dentro desta mesma mentalidade, muito comum na Palestina na sua época.

No Evangelho segundo João, não é só neste discurso, mas Jesus fala o tempo todo em imagens apocalípticas para definir a sua missão. As seguintes frases de Jesus são expressão desta mentalidade: “Um pouco de tempo e já não me vereis, mais um pouco de tempo ainda e me vereis” (Jo 16,16); “Saí do Pai e vim ao mundo, deixo o mundo e volto para o Pai” (Jo 16,28). Jesus quer dizer que ele veio do Pai para, no mundo, ser o nosso defensor, nosso advogado ou Paráclito. Voltará para o Pai, para o mundo do alto, para o enfrentamento definitivo com Satã, encarnado no “príncipe deste mundo” (Jo 12,31). Depois, Jesus voltará triunfante (Jo 16,20-22). Para as comunidades do Discípulo Amado, quando Jesus é “elevado” na cruz, ele está voltando para o alto, para junto do Pai (Jo 3,14-15). A cruz é a glorificação de Jesus. Por isso mesmo, quando Jesus for elevado, atrairá todos para si (Jo 12,32). As palavras do Evangelho de João querem dar, às comunidades, força e coragem para enfrentar as tribulações e as dificuldades impostas àquelas pessoas que buscam construir uma vida alternativa numa sociedade violenta, seja ontem como hoje (Jo 16,2). Segundo o livro do Apocalipse, a vitória já começou no mundo lá de cima, de onde o Dragão já foi expulso (Ap 12,1-9). E a vitória definitiva de Jesus sobre o “príncipe deste mundo” já começou. Jesus também vence a Besta deste mundo que encarna o poder do Dragão (Ap 13,1-4), “a antiga serpente, chamada Diabo ou Satanás” (Ap 12,9). Escutando bem, as comunidades podem até ouvir o canto de vitória que ressoou pelo céu, após a vitória de Jesus sobre Satã (Ap 12,10-12). Em breve, esta vitória será revelada e manifestada também neste mundo cá de baixo. Todos podem ficar tranquilos e cheios de esperança, porque Jesus venceu e foi glorificado pelo Pai (Jo 17,5).

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