Reflexão do Evangelho

Tocando as Chagas: Percebendo e Anunciando a Ressurreição nos Sinais Cotidianos – Lucas 24,35-48

O terceiro domingo da Páscoa traz o conteúdo do anúncio da ressurreição: o arrependimento e a conversão dos pecados. Estamos num tempo em que a liturgia pede a nossa atenção para perceber os sinais da ressurreição e de que maneira Cristo Ressuscitado se apresenta para nós hoje.

Uma vez percebendo, é hora de anunciá-lo. Assim, os textos bíblicos que temos neste tempo nos trazem a insistência com que Jesus aparece aos seus discípulos. Desde sua Paixão, morte e ressurreição, ele tem manifestado aos discípulos de modo inusitado. Estamos vendo isso a cada domingo do tempo da Páscoa. A primeira vez ele aparece a Maria Madalena, na figura de um jardineiro. Ela chegou a desconfiar dele, achando que ele era o jardineiro, que ele havia roubado o corpo. Depois, apareceu quando estavam de portas fechadas, amedrontados, e pensavam que Jesus era um fantasma. Apareceu também como um peregrino ou andarilho no caminho de Emaús, e fez arder o coração dos discípulos. Ele apareceu também como um pedinte, à beira do mar da Galileia. Tudo isso para nos mostrar que Ele se revela vivo no cotidiano de nossa vida, no rosto de pessoas simples, basta termos a sensibilidade para percebê-lo. Assim, entendemos melhor a dinâmica da liturgia da Palavra do tempo Pascal.

A primeira leitura faz uma memória do mistério pascal (Paixão, morte e ressurreição) lembrando os pecados daqueles que condenaram Jesus à morte, ou que compactuaram com ela. Deus nos perdoa, mesmo que o nosso pecado seja tão grave quanto o de se ter compactuado com a morte de Cristo. Essa deve ser a essência do nosso anúncio. Anunciar a misericórdia de Deus, que, apesar dos nossos pecados, nos perdoa, nos faz renascer com ele para a glória. É essa a missão dos discípulos. É essa a missão de todo aquele que crê na ressurreição e percebe seus sinais no dia a dia.

A segunda leitura chama a atenção para uma vida justa e santa, para que não pequemos. Se pecarmos teremos um defensor, um advogado, que é Jesus, o justo e santo, que faz santo todo aquele que se arrepende, se converte e retoma o caminho de Deus. Com a cruz, ele expiou nossos pecados, e por isso devemos anunciar essa maravilha a todos os que ainda não o conhecem, ou que não entenderam a dinâmica do mistério pascal. É isso que Jesus pede que seus discípulos façam quando aparece sucessivamente para eles, como mostra o evangelho de hoje.

Jesus, neste evangelho, aparece para os discípulos exatamente no momento em que alguns deles partilham e como tinham encontrado no caminho de Emaús, e como ele se revelou ao partir do pão. Jesus aparece nesse momento, deseja-lhes a paz, e percebe que eles ainda estão cheios de medo. Discípulos medrosos não terão bom desempenho na missão. Portanto, Jesus trata logo de dissipar o medo deles, buscando deixá-los à vontade, mas os questiona sobre o fato de eles ainda estarem perturbados e com o coração cheio de dúvidas.

A atitude dos discípulos revela a atitude que muitas vezes temos. Apesar das provas da ressurreição que recebemos todos os dias, ainda nos deixamos levar pela insegurança, pelas perturbações e pelos medos. Como poderemos dar testemunho dele dessa maneira? Enquanto não dissiparmos do nosso coração esses sentimentos, não seremos totalmente livres para testemunhar a sua ressurreição. Jesus continua a mostrar as suas mãos e pés com os sinais da crucificação, mas temos ainda dificuldade de assimilar esses sinais. Esses sinais estão presentes nas mãos e pés de nossos irmãos e irmãs que sofrem. Isso bastaria para darmos testemunho dele, mas ainda temos dificuldade. Quando isso acontece, revela que ainda carecemos de conversão e como comunidade cristã dar testemunho da nossa fé assim como viviam os primeiros cristãos.

Por fim, Jesus tenta tranquilizá-los, pedindo algo para comer, como fazia quando ainda estavam com eles. Com esse gesto, Jesus busca quebrar o clima de surpresa e susto que pairava no ambiente. Vemos, assim, quanto Jesus se esforça para se revelar para eles e para nós de maneira simples e tranquila, mas nós, às vezes, deixamo-nos tumultuar por outras situações, dificultando nosso entendimento dele e de sua proposta. Depois que os cativa, Jesus faz memória de sua missão, abrindo a mente deles. Conscientes da presença de Jesus, poderão ir para a missão. Ele vem e se coloca no meio de nós e mostra-nos suas mãos e seus pés chagados e pede que sejamos testemunhas da sua ressurreição. Seremos testemunhas dele quando fizermos o que ele nos ensinou. Que Jesus Ressuscitado renascença no coração e na vida de todos e todas nós cristãos!

Autores
Maristela Bonim
Paróquia Nossa Senhora de Fátima, comunidade Sagrado Coração de Jesus
Catequista, coordenadora do Regional Centro de Catequese, integra a equipe de Animação Bíblica da Diocese, Coordenadora do Cebi Rondônia.
Neuropsicopedagoga e teóloga.

Cicero José Pereira da Silva
Comunidade São Miguel Arcanjo
Paróquia São Judas Tadeu. Diocese de ji Paraná- Rondônia
Ministro da palavra e da Eucaristia. Cursou teologia na Escola Teológica da Diocese. Fez escola Básica do CEBI e Escola de Facilitadores do CEBI Rondônia e atualmente é vice coordenador do Conselho Diocesano do Laicato.

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