
Domingo XIV do Tempo Comum
Lucas 10,1-11,16-20
Elba Chagas Sobral – Mestra em Psicologia Clínica. Pedagoga. Especialista em Gerontologia. Membro do CEBI 4º sábado-PE.
Saudações, pessoal! Na leitura que nos é proposta hoje, Jesus percebe que chegou o momento de ampliar sua missão. Consciente de que o tempo de sua presença física na terra se aproxima do fim, entende ser necessário contar não só com os apóstolos, mas também com seus discípulos (homens e mulheres) que já o seguiam, escutando e assimilando seus ensinamentos. Por isso decide convocar setenta e dois discípulos, número que, segundo a nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém, simboliza as nações pagãs, representando a universalidade da missão. O objetivo era prepará-los, sob sua supervisão direta, para o projeto de instauração do Reino de Deus.
A colheita é grande, mas os operários são poucos (v. 2). Com essas palavras, Jesus inspira os discípulos à tarefa evangelizadora, enviando-os a povoados distantes, onde sua palavra ainda precisava ser ouvida. Era fundamental que todos soubessem que o Reino de Deus estava próximo, não como um conceito abstrato, mas como uma realidade viva que se manifesta nas ações, na paz e no amor.
Envia-o dois a dois, para que sejam companheiros na missão, que lhe está sendo confiada, compartilhando responsabilidades, experiências e fortalecimento mútuo. A missão não é uma jornada solitária. É na convivência e na partilha que se aprende a humildade, a escuta e a comunhão, valores essenciais para anunciar o Reino de Deus. Além disso, dois testemunhos juntos conferem mais credibilidade à mensagem proclamada, conforme a tradição judaica (Dt 19,15).
Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias… (v. 4). Eles são enviados não com discursos prontos, mas com a vida. Foram preparados caminhando com Ele, ouvindo, observando, sentindo, sendo educados pelo exemplo. Agora são chamados a testemunhar não apenas com palavras, mas com gestos de cura, de paz e de serviço, revelando na prática que o Reino de Deus já está em meio ao povo.
Qual o motivo de alegria demonstrado pelos setenta e dois na volta? Na nota de rodapé, da Bíblia Pastoral, lê-se: A ação deles produziu os efeitos esperados. Mas o poder que eles receberam não deve ser motivo de orgulho e vanglória. O que interessa é a contribuição decisiva que deram para o enfrentamento do mal e para liberação de tantas pessoas, que tiveram recuperada a dignidade de suas vidas (Bíblia Pastoral, 2014, p. 1268).
Hoje, como ontem, Jesus continua chamando e enviando discípulos (as). A missão não terminou com os setenta e dois, ela continua viva em cada um (a) de nós. Tornar-se discípulo (a), é aceitar o convite de caminhar com Ele e permitir que, por meio de nossas palavras e ações, outros também possam experimentar a presença transformadora do Reino de Deus.
Inspirados pelo exemplo vivo do Papa Francisco, jesuíta, que bem seguiu os passos de Santo Inácio de Loyola, “em tudo amando e servindo”, procuremos acolher com alegria o Ano Jubilar da Esperança.
Este é um tempo oportuno em que somos chamados a renovar a nossa esperança, reconhecendo e valorizando os muitos discípulos e discípulas de hoje que, com generosidade, se dedicam ao cuidado: sendo presença que escuta com atenção; que se doa com o tempo, esse recurso tão precioso e insubstituível; que partilha bens materiais e espirituais.
São homens, mulheres e jovens, que vivem o mandamento do amor de forma concreta, servindo aos irmãos e irmãs mais vulneráveis: os que estão em situação de rua, hospitalizados, encarcerados, institucionalizados, envelhecidos…
Como bem recordou José Antonio Pagola, Jesus pede aos seus discípulos que, ao anunciar o Reino de Deus, ofereçam antes de tudo a paz: “Dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’” (v.5). Se acolhida, a paz se difunde; se rejeitada, retorna a quem a oferece, mas jamais deve ser perdida, pois é dom de Deus (2012, p. 177). Essa orientação de Jesus nos lembra que a missão começa com um gesto de reconciliação e de bem, e que mesmo diante da recusa, devemos permanecer como portadores da paz.
E você, como tem respondido ao chamado de Jesus para ser discípulo(a) e missionário(a) no mundo de hoje?
Referências
Bíblia de Jerusalém nova edição, revisada e ampliada. 11ª reimpressão. São Paulo: Paulus, 2016.
Bíblia Pastoral. São Paulo: Paulus, 2014.
PAGOLA, José Antônio. O caminho aberto por Jesus: Lucas. Tradução de Gentil Avelino Titton. Petrópolis: Vozes, 2012.