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“Eles não têm mais vinho!”

por Ana Maria Casarotti via IHU Online*

Leitura do Evangelho de Mateus 2,1-11 (Corresponde ao Segundo domingo do Tempo Comum, do ciclo C do Ano Litúrgico). O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.

No terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava aí. Jesus também tinha sido convidado para essa festa de casamento, junto com seus discípulos. Faltou vinho e a mãe de Jesus lhe disse:
-“Eles não têm mais vinho!”.
Jesus respondeu:
-“Mulher, que existe entre nós? Minha hora ainda não chegou.”
A mãe de Jesus disse aos que estavam servindo:
– “Façam o que ele mandar.”
Havia aí seis potes de pedra de uns cem litros cada um, que serviam para os ritos de purificação dos judeus.
Jesus disse aos que serviam: – “Encham de água esses potes.” Eles encheram os potes até a boca. Depois Jesus disse:
-“Agora tirem e levem ao mestre-sala.” Então levaram ao mestre-sala. Este provou a água transformada em vinho, sem saber de onde vinha. Os que serviam estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água. Então o mestre-sala chamou o noivo e disse:
-“Todos servem primeiro o vinho bom e, quando os convidados estão bêbados, servem o pior. Você, porém, guardou o vinho bom até agora.”
Foi assim, em Caná da Galileia, que Jesus começou seus sinais. Ele manifestou a sua glória, e seus discípulos acreditaram nele.

No domingo passado iniciou-se o Tempo Comum do Ciclo C do Ano Litúrgico, com a leitura e meditação do Evangelho de Jesus no Jordão. Neste domingo a Liturgia oferece a narrativa que inicia o segundo Capítulo do Evangelho de João (2, 1-11). Nela relata-se o episódio conhecido como “As bodas de Caná”.

No terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava aí.

O início do texto parece dar continuidade ao cenário narrado anteriormente em Jo 1, 19-51. Nesse trecho oferece-se uma descrição da atuação de Jesus nos quatro primeiros dias. No início narra-se o testemunho do Batista (Jo 1, 19-28). “Na manhã seguinte”, ou seja, no segundo dia da atividade de Jesus, o evangelho descreve o Batismo de Jesus realizado por João e seu testemunho. “No terceiro dia”, André e Simão, discípulos de João, veem Jesus (1, 35-42) e junto com Filipe, que aparece “na manhã seguinte”, se constitui o primeiro grupo de discípulos de Jesus.

O texto que meditamos neste domingo inicia “no terceiro dia”, dando continuidade aos acontecimentos dos quatro dias anteriores. Completa-se assim uma semana que é conhecida como a Semana inaugural da atividade de Jesus na Galileia e na Judeia.

No trecho que lemos hoje, Maria é a primeira pessoa que aparece: “a Mãe de Jesus estava aí”. A seguir descreve-se a presença de Jesus, que tinha sido convidado para participar dessa festa junto com seus discípulos e discípulas. A festa do casamento realiza-se em Caná de Galileia, um pequeno povoado situado a poucos quilômetros de Nazaré.

Neste texto descreve-se o primeiro sinal realizado por Jesus durante uma festa de casamento. Na nossa meditação deste acontecimento devemos ter presente que a Bíblia é a história de amor entre Deus e seu povo. Diferentes imagens bíblicas referem-se à simbologia das bodas, como a experiência nupcial de Oseias (2, 16-18), o Cântico dos Cânticos e Jesus, que no evangelho de Mateus apresenta o Reino de Deus como uma festa de núpcias.

Mas, no casamento que narra o evangelho, há um problema importante: Faltou vinho e a mãe de Jesus lhe disse: -“Eles não têm mais vinho!”. Maria constata a escassez do vinho e imediatamente a comunica ao seu filho.

Como disse o Papa Francisco, comentando este texto do Evangelho de João: “Nas bodas de Caná (Jo 2, 1-12), Jesus começa seus sinais e ‘manifesta-se como esposo do Povo de Deus e nos une a ele com uma nova aliança de amor, que nós, sua família, temos que cuidar e estender a todos’. Maria avisa Jesus de que falta o vinho, este é um elemento típico do banquete messiânico e simboliza a abundância do banquete e a alegria da festa”, acrescentou. “Uma festa na qual falta vinho, os recém-casados se envergonham disso. Imaginem vocês terminar uma festa de casamento bebendo chá”. Texto completo: “Uma festa sem vinho não é festa”, diz Papa Francisco”.

O vinho é sinônimo de alegria e não pode faltar numa festa de casamento. Nas núpcias o vinho é servido em abundância e junto com o trigo e o óleo constitui um dos três víveres essenciais da vida humana (Dt 7, 13; 11,14). Maria percebe que não é possível que a festa continue, ela se dá conta de que é preciso uma intervenção de seu filho e confia nele. Por isso ela disse aos que estavam servindo: – “Façam o que ele mandar”. Maria deseja que a festa continue.

Imaginemo-nos nesse evento, cheio de convidados vindos de diferentes lugares, diferentes povoados, possivelmente muitos deles eram parentes. Cada um e cada uma foi convidado para celebrar junto com o novo casal seu matrimônio, mas há uma situação irregular: falta vinho, falta alegria e essa ausência começa a ser percebida por algumas pessoas. Possivelmente para os discípulos de Jesus participar de uma festa de casamento com seu Mestre era uma oportunidade diferente, que não era habitual.

Era uma situação nova, original, diferente do que tinha acontecido até esse momento! Não era fácil pensar num Messias tão próximo que celebra, junto com eles e todo o povo, suas alegrias como vemos neste relato de uma boda.

Apresenta-se um Deus que não está preso à lei dos fariseus, senão pelo contrário, o Deus que Jesus revela é um Deus que celebra a vida, que partilha com o povo porque está a seu lado, nas alegrias, nas dores, nos diferentes momentos de sua vida. Nos seguidores de Jesus percebe-se uma atitude fundamental de um/a discípulo/a que é permanecer junto com o Mestre, estar ao seu lado, segui-Lo, mesmo sem compreender tudo. É no caminhar juntos que o vamos conhecendo!

Olhando ao nosso redor podemos perguntar-nos quais são as necessidades que Maria está sinalizando? Quais são as “faltas de vinho” que ela percebe e nos comunica? Na realidade social do nosso país, do nosso mundo, quais são as insuficiências, as escassezes, as faltas que impedem que a festa continue!

Evoquemos algumas: Papa manda recado aos ricos: “parem de pisotear pobres, migrantes e refugiados: “Muitas pessoas pobres estão sendo arruinadas! Todos estes pobres são vítimas dessa ‘cultura do descartável’ que foi denunciada repetidas vezes”, incluindo os migrantes e refugiados que “continuam a bater à porta de nações que zombam de suas dificuldades”, ressaltou Francisco numa audiência no Vaticano. “Desde o início da tragédia dos refugiados que chegam às costas da Europa e que tornaram o Mediterrâneo ‘um dos maiores cemitérios a céu aberto do mundo’, segundo afirma Olivier Clochard, é um opróbio global. “Hoje migrar é uma sentença de morte assegurada”. Texto completo: Crise dos refugiados. Uma tragédia que beneficia máfias e ultradireitas.

Apesar do acesso a uma alimentação adequada figurar como direito humano, uma sexta parte dos habitantes do planeta passa fome. (Texto completo: Os refugiados da fome)

O Presidente do Cimi denuncia violações de direitos dos povos indígenas na Assembleia Geral da CNBB e sublinha a dura realidade do Genocídio dos povos indígenas publicado em diário oficial.

Olhando para a realidade na qual vivemos, cada um/a de nós pode se sensibilizar e solidarizar com Maria e, como ela, apresentá-la a Jesus. Que diríamos para Ele? Ela simboliza todos aqueles que, em Israel, esperam a realização das promessas messiânicas. Representa aqueles que, conscientes da realidade, aguardam algo novo. Eles não se conformam porque esperam algo mais! Aparece uma característica nova de Jesus. Ele se deixa tocar e comover pelo sofrimento dos outros.

Jesus não age sozinho, ele precisa da comunidade para fazer acontecer o novo: “Jesus disse aos que serviam: «Encham de água esses potes». Os potes de pedra serviam para a purificação dos judeus, segundo a sua tradição. O evangelista disse que eram seis, representando neles o Antigo Testamento, a Antiga Aliança.

Mas eles já nos servem mais; ao transformar a água em vinho, Jesus inaugura um tempo novo, uma nova festa caracterizada pela generosidade e gratuidade de Deus que a faz possível. Doravante os ritos judaicos de purificação estão superados, pois a verdadeira purificação vem através de Jesus. As expectativas messiânicas realizam-se em Jesus.

O mestre-sala não sabia de onde vinha o vinho novo, mas “os que serviam estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água”.

A comunidade representada nos serventes é testemunha da ação de Jesus: “Porque a vida se manifestou, nós a vimos, dela damos testemunho…” (1Jo 1, 2). O primeiro sinal que Jesus realiza é através do vinho novo, que permite a festa de casamento acontecer.

O projeto de vida nova que Jesus traz é a vida em abundância na qual todos/as somos convidados/as a ser protagonistas e comunicadores.

Oração

Obrigado porque nos necessitas

Em teu silêncio acolhedor
nos ofereces ser tua palavra
traduzida em milhares de línguas
adaptada a toda situação.
Queres expressar-te em nossos lábios
no sussurro ao doente terminal,
no grito que sacode a injustiça,
na sílaba que alfabetiza uma criança.
Em teu respeito a nossa história,
nos ofereces ser tuas mãos,
para produzir o arroz,
lavar a roupa familiar,
salvar a vida com uma cirurgia,
chegar na carícia dos dedos
que alivia a febre sobre a testa
ou acende o amor na face.

Em tua aparente paralisia,
nos envias a percorrer caminhos.
Somos teus pés e te aproximamos
das vidas mais marginalizadas,
pisadas suaves para não despertar
as crianças que dormem sua inocência,
passos fortes para descer até a mina
ou entregar com pressa uma carta perfumada.

Nos pedes ser teus ouvidos,
para que tua escuta tenha rosto,
atenção e sentimento,
para que não se diluam no ar,
as queixas contra tua ausência,
as confissões do passado que remói
a dúvida que paralisa a vida
e o amor que partilha sua alegria.
Obrigado, Senhor, porque nos necessitas.
Como anunciarias tua proposta
sem alguém que te escute no silencio?
Como olharias com ternura,
sem um coração que sinta teu olhar?
Como combaterias a corrupção
sem um profeta que se arrisque ?

Benjamin González Buelta SJ
Salmos para sentir e saborear as coisas internamente

Publicado originalmente no site do Instituto Humanitas.

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