Notícias

Comentário do evangelho: Sobre a Vigilância

Leia a reflexão do evangelho para o próximo domingo, dia 11 de agosto. O texto fala sobre Lucas 12,35-40, e a reflexão pertence a Paulo Ueti.

Boa leitura!

Vigiar é uma atividade de cuidado e atenção

Vigiar é uma atividade de cuidado e atenção. Infelizmente vigiar, em nosso vocabulário comum, tornou-se uma palavra com conotação negativa muito forte. Pensando na religião, essa palavra se conectou de tal forma a uma imagem de um Deus que pune, ao ponto de se transformar, para muita gente, num lugar de medo, opressão, culpa e castigo. Nada mais contrário ao seu significado etimológico e à experiência cristã e de outros grupos de Deus.

Religião é para juntar as pessoas e a natureza. É conexão, relação amorosa e de equidade. É espaço de cura, sanação e transformação constante. A “verdadeira” religião, segundo o movimento profético, é “buscar a paz e a justiça”, “defender o órfão e a viúva” (cf. Tiago 1,27). Não deve ser lugar onde o medo e o castigo, a guerra, violência e intolerância sejam o prato do dia. Essa prática, resultante de um tipo de teologia, foi amplamente desautorizada por Jesus. Mesmo seus discípulos estavam envoltos nesse universo teológico e de espiritualidade violento e intolerante. Precisavam experimentar outra leitura possível da religião na qual estavam inseridos. E não só os discípulos no tempo de Jesus, mas também a Igreja de Lucas na segunda metade do século I.

Religião como espaço de liberdade e libertação

Em seu evangelho, entre os capítulos 9 a 19, Lucas apresenta um Jesus que provoca caminhos novos nos quais se possa entender a experiência de Deus e viver a religião como espaço de liberdade e libertação. As conversas e reflexões deste bloco do evangelho estão direcionadas principalmente para as pessoas que seguiam a Jesus mais de perto (chamados de discípulos ou de os Doze em outro evangelho).

Depois de uma longa conversa sobre o desapego, provavelmente visando colaborar com a comunidade para que compartilhe seus recursos humanos e econômicos, Jesus pede que os discípulos tenham os “rins cingidos e as lâmpadas acesas”. Eles devem estar sempre preparados para serem “excêntricos”: preparados para sair de si mesmos, desapegar-se de seu lugar comum e mover-se em direção ao outro e ao mundo, que clama e geme dores de parto (Romanos 8,22).

Cingir os rins: discernir pela vida em plenitude

Há uma tradição bíblica que identifica os rins como o lugar dos sentimentos, o lugar do afeto, por onde somos “afetados” pelo mundo externo e pela experiência íntima de Deus. É o lugar da nossa consciência ética e estética. É o lugar das nossas decisões. Temos que decidir por onde ir, que teologia desenvolver, a quem escutar. É preciso saber “quem é o meu próximo”, que conflitos assumir e decidir viver para Deus, não para nossas verdades e posses. Cingir os rins é pedido para estar preparadas/os, para movimentar nosso corpo em defesa dos valores do Reino. É requisito e expressão da fé: movimento pela vida e plenitude.

Ficar com a lâmpada acesa: iluminar a escuridão do mundo

Jesus também nos pede para ficar com a lâmpada acesa. Somos chamadas/os para estar como luz, como indicador de caminho, como facilitador de processos e como iluminador da escuridão diante e dentro do mundo. O encontro com Jesus e a convivência com ele deve nos encher de energia (dínamo, no grego, significa força, poder). Com Jesus, temos condições de atuar no cotidiano não nos deixando “conformar” pelos poderes opressores e hegemônicos deste mundo em que vivemos. Transformados, vivemos pela fé para outro mundo possível e podemos desenvolver outras teologias possíveis em favor da vida e da libertação.

A lâmpada acesa não deve ser usada para cegar e impedir que novidades sejam descobertas. Os rins cingidos são para redescobrir nossa vocação para a indignação e para a missão: ocupar as ruas e as ideo-teologias para que a vontade de Deus seja feita assim na terra como no céu; para que a justiça e misericórdia sejam o prato do dia; para que o pão nosso cotidiano seja realidade.

Vocação não é talento, é chamado, convocação a escutar a vontade de Deus com os ouvidos do coração

Para a Igreja Católica Romana, agosto é o mês dedicado às “vocações”. É bom lembrar que vocação não é habilidade, talento. Vocação é CHAMADO, CONVOCAÇÃO. Por isso cingir os rins e manter nossa luz acessa é tão importante. Para escutar com os ouvidos do coração (no nosso mais interior) a voz de Deus que clama no deserto, que grita através do povo e dos grupos violentados e excluídos do convívio e estrutura social e das igrejas e grupos religiosos.

O que estamos ouvindo? A quem estamos ouvindo? Que chamado (vocação) estamos atendendo? Estejam preparadas/os sempre. Porque o Filho do Homem (profeta, militante da vida e da inclusão) aparece de surpresa e surpreende como aparece. Estejamos preparadas/os. Esperemos contra toda esperança (Romanos 4,18) e oremos (ora et labora – orar e trabalhar) para que a vontade de Deus seja feita e sua palavra seja nossa palavra: ação criadora e plural neste mundo e no mundo que há de vir, agora e depois.

Texto de Paulo Ueti, facilitador da Aliança Anglicana, teólogo e estudioso da Bíblia.

situs judi bola AgenCuan merupakan slot luar negeri yang sudah memiliki beberapa member aktif yang selalu bermain slot online 24 jam, hanya daftar slot gacor bisa dapatkan semua jenis taruhan online uang asli. idn poker slot pro thailand

Seu carrinho está vazio.

mersin eskort
×