De acordo com Elisiane Jahn, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), o fechamento da rodovia durou 1h30. Após a ação, as manifestantes seguiram em caminhada até a praça da Matriz de Palmeira das Missões. "No caminho, já na cidade, outras mulheres se juntaram", afirma.
Para ela, a ação conseguiu alcançar o objetivo esperado, já que muitas pessoas ficaram sabendo da mobilização. "A sociedade se envolveu", comenta, ressaltando que a ideia era chamar atenção da sociedade para as violências que as mulheres enfrentam, tanto as físicas quanto as provocadas pelo sistema, como a fome e o desemprego.
Não é à toa que as mulheres lutam contra a violência em Palmeira das Missões. Segundo a integrante do MMC, somente no ano passado, foram 234 inquéritos instaurados na cidade em relação à violência sexista, a maioria referente a ameaças contra mulheres.
A mobilização prosseguiu no município durante toda a tarde do dia 03, quando as mulheres participaram de um estudo sobre a Lei Maria da Penha. O encerramento foi feito com a entrega de um documento no Fórum da cidade pedindo o compromisso do Poder Judiciário no combate à violência contra a mulher.
A atividade marcou o início da Jornada de Lutas do 8 de março, data em que, neste ano, celebra-se o centenário da declaração do Dia Internacional da Mulher. Além de Palmeiras das Missões, outras cidades gaúchas também realizaram ações no dia 03.
Em Porto Alegre, por exemplo, as mulheres ocuparam a Delegacia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em protesto a política governamental que privilegia o agronegócio. Este também foi o foco das ações em Esteio, região metropolitana de Porto Alegre, onde as manifestantes denunciaram, em frente à empresa Solae, o agronegócio e os transgênicos. Durante o ato, as mulheres amamentaram esqueletos para simbolizar os danos causados pelos produtos transgênicos.
A Jornada de Lutas do 8 de março segue com atividades em várias partes do país. Ampliação dos direitos conquistados, construção de políticas de financiamento para o campo e para a cidade, programas de trabalho e renda com capacitação das pessoas urbana desempregadas, revitalização da agricultura camponesa, e fiscalização do cumprimento da Lei de Rotulagem de produtos transgênicos são outras questões reivindicadas pelas mulheres neste ano.