O controle sob a Amazônia é uma das grandes lutas que a sociedade atual enfrenta e onde se faz presente interesses nem só políticos como, acima de tudo, econômicos.
As grandes corporações empresariais internacionais colocaram seu olho num dos grandes pulmões do mundo e estão dispostas conseguir seus objetivos custe o que custar.
Quem sofre as consequências desta situação são os habitantes da região, especialmente os povos tradicionais, quem secularmente estiveram presentes neste lugar e que aos poucos estão sendo excluídos da tomada de decisões e no repartir do bolo, para quem muitos não querem deixar nem as migalhas, quando na verdade lhes pertence a totalidade.
Socioambiental e Religiosidades
Diferentes instituições que têm relação com a Igreja católica no estado de Rondônia, têm se reunido com o objetivo de aprofundar na reflexão sobre a justiça socioambiental na Amazônia, através de um seminário que quis ser instrumento que ajude a entrar cada vez mais na dinâmica do Bem Viver.
O seminário é consequência dos compromissos assumidos pela Rede Eclesial Pan Amazônica (REPAM), o que mostra que este trabalho em rede que a REPAM propõe é o caminho para poder tornar realidade um trabalho que ajude na defesa da Amazônia e dos povos que a habitam.
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Não podemos esquecer que Rondônia é um dos estados brasileiros onde a violência no campo alcança o mais elevado índice de assassinatos, muitas vezes com a cumplicidade e omissão da parte dos poderes públicos e das forças de segurança, que não duvidam em se pôr ao serviço dos poderosos. Em 2016, as estatísticas dizem que no estado foram registrados 21 dos 61 assassinatos cometidos no Brasil em consequência da violência no campo.
Segundo Maria Petronila Neto, da Comissão Pastoral da Terra-CPT, “a estrutura de poder atual está intimamente ligada ao acúmulo do capital e à manutenção da propriedade privada”. A consequência desta situação, em sua opinião, é “a destruição da população empobrecida, das culturas dos povos tradicionais e do meio ambiente”.
Diante desta realidade destruidora, o seminário tem servido para conhecer experiências de comunidades indígenas que mostram que é possível assumir o modelo de ecologia integral que propõe a Laudato Si, e que no meio dos povos tradicionais latino americanos se conhece como Bem Viver.
José Luiz Kassupá, dizia aos presentes que “para nós indígenas, Bem Viver significa viver em harmonia com toda a criação porque entendemos que a Terra é nossa Mãe, geradora de toda a vida. Assim, nosso respeito se estende igualmente para todos os seres que habitam o planeta”. Partindo deste pensamento questionava o modo de vida ocidental, afirmando que “os não indígenas não compreendem esse modo de viver porque não respeitam sequer a vida humana e submetem a maioria às vontades de uma minoria gananciosa”.
Diante desta realidade, que desafia a humanidade a assumir modos de vida alternativos, é preciso agir, como recolhe a mensagem final do seminário, pois “somente através da união, solidariedade e organização construiremos novas relações geradoras de Vida Plena”.
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Fonte: Texto de Luis Miguel Modino, é sacerdote da Arquidiocese de Madri, Espanha. Está no Brasil desde 2006. Iniciou sua missão no interior da Bahia, na diocese de Ruy Barbosa. Em 2016 foi enviado para a Diocese de São Gabriel da Cachoeira/AM, na Amazônia brasileira. Acompanha as CEBs e as comunidades indígenas. É correspondente do portal Religión Digital.