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Neurociência mostra como empatia muda relações na sala de aula e na sociedade

por Laiali Chaar via Porvir*

Ler, dançar, andar na natureza, meditar e estudar música são atividades que podem conectar as pessoas e ajudar educadores em uma transformação social

Você sabe o que isso significa empatia? Não é dizer para outra pessoa: “não foi nada, não fique assim”. É falar “eu sei que é difícil e eu estou aqui com você”. Você já viu alguém super feliz e ficou feliz com o outro? Ou viu alguém triste, doente ou chorando e ficou triste também e com vontade de ajudar? Essa conexão de perceber os sentimentos das pessoas com uma motivação para cuidar acontece graças a empatia. Ela é uma das mais incríveis capacidades humanas [1].

Empatia não é apenas a capacidade de se colocar no lugar do outro, ela nos conecta com as pessoas, sem preconceitos, julgamentos, porque entendemos que somos todos diferentes. Você sente isso?

Ela é importante em todas as áreas da nossa vida: amorosa, familiar, social e profissional. Com ela é possível ter um bom convívio social, fazer amizades e até resolver problemas e tomar decisões em ambientes de trabalho. Quando profissionais de saúde percebem as dores e sentimentos de seus pacientes, eles aderem mais ao tratamento [1, 2, 3].

Mas, ela pode falhar dependendo da situação. É o que acontece com pessoas de partidos políticos e times de futebol rivais, gerando violência verbal e física. Foram descobertas alterações em regiões do cérebro que diminuem a empatia em pessoas com transtornos do espectro autista ou pessoas egoístas, narcisistas, até psicopatas e aqueles que infringem a lei ou são corruptos [4]. Estudos de ressonância magnética descobriram que essas pessoas, quando olham para rostos humanos com expressão de sentimentos, têm menos conexões entre os neurônios do córtex pré-frontal ventromedial com neurônios da amigdala cerebral [5,6,7,8].

Uma das maiores descobertas da neurociência foram os neurônios espelhos. Quando você observa alguém fazendo qualquer coisa, incrivelmente seu cérebro fica mais ativo nas áreas responsáveis pela mesma ação, como se fosse um espelho. Esses neurônios espelham movimentos e emoções. Por isso, quando vemos uma emoção de outra pessoa nosso cérebro, para entender emoção do outro, ensaia ativando a mesma emoção. Isso é a empatia [9]. O excesso de empatia também requer atenção, porque essas pessoas são mais sensíveis e se desgastam emocionalmente convivendo com pessoas mais hostis ou negativas [1].

Mas é possível treinar ou aprender empatia?

Neurocientistas tinham essa mesma pergunta e fizeram experimentos para testar que situações podem treinar a empatia. Eles descobriram que a empatia é influenciada em parte pela genética [10]. Mas, se você tem dificuldades em sentir empatia, isso pode ser aprendido ou treinado. Mostrando isso, as crianças aprendem a não prejudicar os outros para evitar sentimentos ruins associados à angústia da vítima [4].

Por incrível que pareça, estudar música é uma das maneiras de treinar a empatia. Isso porque cada música transmite um sentimento e para tocá-la é preciso entendê-lo. Entender as notas musicais também treina o reconhecimento de variações sutis do tom de voz das pessoas de acordo com suas emoções [11,12, 13].

Se você tem dificuldades em sentir empatia, isso pode ser aprendido ou treinado.

Neurocientistas descobriram e publicaram na revista científica Science, uma das melhores do mundo, que quem tem o hábito de ler livros de ficção aumenta a empatia e a compreensão com outras pessoas. Isso porque para compreender os personagens e os conflitos das histórias é preciso sentir empatia por eles [14]. Ler histórias com animais para as crianças também é uma maneira de treinar essa capacidade delas [15]. Além disso, foram desenvolvidos jogos que melhoram a empatia. Neles, você é um dos personagens em situações conflitos [16].

Dançar em dupla também trabalha a empatia pelo estímulo da comunicação não verbal, que é necessária para seguir os passos do parceiro. A dança tem esse efeito até mesmo em pessoas com transtornos do espectro autista e esquizofrenia [17]. Meditar também ajuda, além de diminuir preconceitos [18, 19]. Ver outra pessoa sendo tocada ou abraçada ativa os neurônios da empatia, e isso pode ser usado como treino [20]. O contato com a natureza também é capaz de trazer melhoras, pois as cenas naturais ativam áreas associadas à empatia e altruísmo [18]. Isso tudo é possível graças a neuroplasticidade, mudanças nos neurônios causadas por uma nova experiência.

Então, leia livros, medite, caminhe na natureza, dance, estude música e observe as pessoas ao seu redor para treinar sua empatia. Assim, incluindo essas atividades diferenciadas em suas práticas, educadores podem ensinar mais do que conteúdos lógico matemáticos, biológicos ou linguísticos para as crianças e adultos. Pode-se treinar a capacidade de ser empático e transformar a sociedade.

Acesse as referências do texto. Publicação de Laiali Chaar, fisioterapeuta, neurocientista, docente e divulgadora científica. Formada pela USP em 2008. Fez mestrado e doutorado pela USP. Faz pesquisas científicas em neurociência.

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