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Indígenas são massacrados pela polícia em Mato Grosso do Sul

Indígenas são massacrados pela polícia em Mato Grosso do Sul

Sob a conivência e omissão do governo federal, indígenas de Sidrolândia/MS foram massacrados no dia de hoje pela polícia federal e pela polícia militar de Mato Grosso Sul. Josiel Gabriel, líder terena de 32 anos, foi morto a tiros e três pessoas foram baleadas.

Nas  proximidades da área, outro indígena foi atropelado pela viatura da polícia e socorrido por jornalistas presentes. Para dispersar os indígenas, foram utilizadas bombas de gás lacrimogêneo. A imprensa foi proibida de se aproximar durante o massacre.

As forças policiais alegam cumprir determinação judicial. Apesar do elevado número de pessoas indígenas baleadas, hipocritamente o Governo Estadual divulgou nota negando ter utilizado armas letais no episódio. Na mesma nota, o Governo alega não ter conseguido falar com o Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso.

Por telefone ao CIMI (Conselho Indigenista Missionário), o líder Gerson Terena desabafou: "Mataram um guerreiro Terena. Chegaram de forma covarde, com balas e bombas. Atiraram pra matar. Não teve negociação. O Estado manda em tudo, em juiz, em tudo. Nós aqui morrendo por um pedaço de terra. Osiel era jovem, comprometido com a vida de seu povo". De acordo com Gerson, crianças, mulheres e anciãos não foram respeitados.

Os milhares de Terena presentes na área retomada foram pegos de surpresa "numa operação de guerra", nas palavras da liderança. Entre 300 e 400 policias atacaram todos os pontos da área indígena. Espalhados, os policiais lançaram bombas de efeito moral; nesse momento, os tiros eram de borracha. "Depois começaram a atirar pra valer (arma de fogo). Resistimos com pedras e eles atiraram. Foi um horror, um horror. É doído a gente ver um patrício morrer defendendo algo que lhe pertence. Essa terra é nossa, é a nossa", declarou Gerson.

 

"Morremos sobre nossas terras"

 

As forças policiais alegam cumprir ordem judicial que determinou a expulsão dos indígenas de suas próprias terras. O massacre aconteceu na área indígena que integra a Terra Indígena Buriti. Em 2010, as terras foram declaradas pelo governo federal como Área de Posse Permanente da Nação Terena, visto que sempre pertenceram a essa etnia. Por omissão do Governo Federal, que vem cedendo às pressões de latifundiários, o processo de homologação da terra, no entanto, nunca chegou a acontecer. Na região, segundo a Funai, vivem mais de 4.000 indígenas em nove aldeias.

Além de continuar a promover as invasões das aéreas indígenas a elite latifundiária de Mato Grosso do Sul contesta na Justiça a decisão do governo federal. No ano passado, em conluio com agentes do poder judiciário, os fazendeiros conseguiram derrubar a portaria declaratória no TRF (Tribunal Regional Federal). Setores da Funai comprometidos ainda recorrem da decisão.

"A Justiça disse que é nossa. Mesmo assim, morremos sobre ela… morremos por um pedaço de chão", denunciou Gerson Terena.

O latifundiário Ricardo Bacha (que já foi Secretário da Fazenda, deputado e candidato a governador) alega ser o dono das terras.

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