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Convidar para espiar…Lucas 14,1.7-14 – Tea Frigerio

Convidar para espiar...Lucas 14

Parece que os convites que Jesus recebe para tomar refeição sempre têm uma intenção e que nem sempre é por amizade. Neste texto, a intenção é evidente: querem espiá-lo.

A intenção de vigiá-lo, talvez seja por sua liberdade frente à lei, questionando profundamente o legalismo farisaico. Assim fora na casa do fariseu Simão (Lucas 7,36ss) e na casa de outro fariseu, quando se sentou à mesa sem antes lavar as mãos (Lucas 11,37ss). Na primeira vez, ele comparou o fariseu com a pecadora, e o fariseu saiu perdendo. Parece que Simão não sabia amar com a mesma intensidade daquela mulher. A outra vez, vendo o olhar espantado do fariseu, provocou uma discussão danada sobre a hipocrisia com que era praticada a lei. Referindo-se a fariseus, Jesus até usou esta expressão: "sois túmulos disfarçados, sobre os quais se pode transitar, sem o saber!" Será que, ao escutar por cinco vezes "ai de vós", a comida ainda continuou a descer saborosa por seu esôfago, ou ficou presa na garganta?

Diante disso, pergunto-me: por que o convidavam? Por que o Evangelho de Lucas faz tanta questão de apresentar-nos Jesus aceitando convites para comer?

No Primeiro Testamento, o banquete é sinal de que os tempos messiânicos do Reinado de Deus teriam chegado. Assim escreve o profeta Isaías: "Iahweh dos Exércitos prepara, sobre esta montanha, um banquete para todos os povos…" (Isaías 25,6). 

Talvez seja a partir desta memória profética que o Jesus das comunidades lucanas esteja sempre a caminho, entrando nas casas, sentando à mesa para refeições. Assim, estas comunidades guardam-nos seu projeto de discipulado: o Caminho de Jesus é o Caminho da comunidade. A Casa é a comunidade que vai se formando ao longo do caminho. A Mesa torna-se o lugar para apreender e viver a proposta de relações novas com Jesus.

 

A mesa nos ensina a superar a ambição pelo primeiro lugar (Lucas 14,7-11)

 

Antes de continuar minha reflexão, convido você a fazer um exercício. Visualize, em sua memória, os banquetes das comemorações de sua cidade, de sua comunidade, de suas festas, de suas quermesses. A quem é enviado o convite para participar do banquete? Quem senta à mesa? Qual a lógica da organização das mesas? Em qual das mesas há lugares com nome reservado? Quem cozinha? Quem serve à mesa? Quem fica espiando pela janela ou com disfarce em meio aos convidados para o banquete? Você mesmo poderá se fazer outras perguntas…

Agora, continuando nossa reflexão, voltamos à mesa onde Jesus está sentado e o escutamos contar uma parábola: "quando alguém te convidar não sente no primeiro lugar…" (Lucas 14,8). Parece que Jesus está continuando uma conversa que já havia começado, sentado à outra mesa: "ai de vós, fariseus, que apreciais o primeiro lugar nas sinagogas e as saudações nas praças públicas …" (Lucas 11,43).

Jesus nos convida a não buscar lugares de honra, a não entrar no jogo da competição. É que essa atitude revela o desejo de ser mais, de exercer o poder do privilégio sobre outras pessoas. A competição gera divisões, ciúmes, invejas. Ao contrário, faz parte do seu projeto do Reino quem viver como irmã e como irmão, em relações de parceria.

 

A mesa nos ensina a gratuidade da solidariedade (Lucas 14,12-14)

 

E, depois, Jesus se dirige diretamente para quem o convidara: "ao dares um almoço, não convides teus amigos… Antes, convida os pobres que não têm como te recompensar…" (cf. Lucas 14,12-14).

Esta narrativa de Lucas leva-me a recordar o que escutei num encontro bíblico: fizemos da casa uma igreja; fizemos da mesa um altar; fizemos da partilha um sacrifício; fizemos de Jesus um sacerdote. Ao lembrar-me desta reflexão, vem-me este pensar: a Boa Notícia da inclusão tornou-se má notícia da exclusão.

Mais uma vez, convido você a visualizar cenas de sua vida em que a lei e a tradição, a moral e a teologia geraram exclusão do banquete, impediram de sentar-se à mesa.

"O amor é benigno, o amor não procura os próprios interesses, não se orgulha, não se alegra com a injustiça…" (1Coríntios 13,4-7). O amor é gratuito.

Por que convidar Jesus para uma refeição? Para espiar ou apreender a incluir?

A mesa é o lugar onde é colocada em cheque a nossa fidelidade ao caminho do discipulado. A mesa é o lugar que denuncia as estruturas excludentes da casa-comunidade-igreja. A mesa nos desafia a retomar e a praticar as palavras do Cântico de Maria (Lucas 1,46-55), bem como as palavras que Jesus proclamou na sinagoga de Nazaré (Lucas 4,18-19).

Caminho, Casa, Mesa de Jesus… Ainda hoje, o Caminho, a Casa e a Mesa continuam nos desafiando para fazer acontecer o Banquete do Reino…

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Atos das Mulheres – justiça, solidariedade e mística

Carta aos Filipenses – O sonho de Deus: uma casa acolhedora

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