O CEBI vem manifestar sua indignação e seu repúdio diante do massacre realizado ontem, 24 de maio, no município de Pau d’Arco, no Pará, em que as forças policiais executaram dez pessoas.
Reafirmando o que já disse em outras oportunidades, o CEBI denuncia a conivência do Estado Brasileiro que, além de promover a concentração de terras e a destruição da natureza por meio do hidro e do agronegócio, estimula a livre ação de grupos armados a serviço de empresas corruptas e de latifundiários assassinos.
Em nome do Evangelho, da Vida e da Justiça, que sejam punidas as pessoas responsáveis por mais este massacre!
Entenda o caso
Na manhã de quarta-feira, 24 de maio, as Polícias Civil e Militar do estado do Pará realizaram operação para reintegração de posse da Fazenda Santa Lúcia, ocupada desde 2015 e localizada no município de Pau d’Arco. Durante a tentativa de retomada, 9 homens e uma mulher foram executados.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) comparou o ocorrido ao massacre de Eldorado de Carajás, que matou 19 camponeses em 1996. A tomada da área por parte das Polícias ainda será investigada, devido a brutalidade na execução dos posseiros. Até então, nenhum dos policiais foi punido.
Os corpos das vítimas foram levados para o necrotério do Hospital Municipal de Redenção e depois transferidos para o Instituto Médico Legal (IML) do município de Marabá.
Violência no campo
De acordo com a CPT, em 2016 foram 61 assassinatos em conflitos agrários, o maior número desde 2003. Neste ano, o total de mortes no campo já chega a 26, sem contar o caso da Fazenda Santa Lúcia. Em abril, nove trabalhadores rurais foram assassinados por um grupo de homens encapuzados em uma chacina em Colniza, em Mato Grosso.
Histórico de conflito
Publicado pelo Instituto Humanitas, 25/05/2017:
No segundo semestre do ano passado, no dia 21 de outubro, durante reunião da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, realizada na sede do INCRA, em Marabá (PA), o coordenador do Acampamento Nova Vida, Ronaldo da Silva Santos, informou que as 150 famílias acampadas desejavam que o imóvel fosse destinado para a Reforma Agrária. As famílias estavam acampadas na área desde 18 de maio de 2015.
O então Superintendente Regional do INCRA em Marabá, Claudeck Alves Ferreira, assumiu compromisso com Ronaldo de se reunir com o proprietário da fazenda e negociar sua destinação à Reforma Agrária. Porém, segundo Ferreira, a área não poderia ser desapropriada enquanto estivesse ocupada.
Na época, participaram desta reunião, o então Ouvidor Agrário Nacional e Presidente da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, desembargador Gercino José da Silva Filho; Aílson Silveira Machado, representante da Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania; Representantes regionais do INCRA; Representante da Polícia Militar de Marabá; e coordenadores da Federação Estadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Pará (FETRAF – PARÁ).