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Casal Bolsonaro: guerra à história e à espiritualidade sincrética do país

por Mauro Lopes*

Contextualizando: Reportagem de Mariana Carneiro e Gustavo Uribe, na edição desta segunda-feira (17) da Folha de S.Paulo, revela que a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que é evangélica, mandou retirar obras de arte e imagens com simbologia católica do Palácio da Alvorada, onde vai morar com o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Confira no site da Revista Fórum.

Confira o artigo de Mauro Lopes escrito originalmente na manhã desta terça, 18 de dezembro de 2018, para o Brasil 247:

Quando Michelle Bolsonaro manda que obras de arte sacras sejam removidas do Palácio do Alvorada ela não está tomando uma decisão caseira, de alguém que está reorganizando a decoração de seu lar. Ela é casada com o futuro presidente da República, Jair, e o Palácio do Alvorada não é a casa deles, é a residência oficial da Presidência da República.

Portanto, ela e seu marido são apenas inquilinos de um prédio público, que é patrimônio do povo brasileiro. E, na qualidade de presidente e primeira-dama, os gestos do casal não são “privados”. São sempre simbólicos, têm a força de sinalizar para o país qual o caminho a seguir. Michelle e Jair -sim, a decisão não pode ser reputada a ela como “dona de casa”- com este e outros gestos estão indicando ao Brasil: é tempo de guerra à história, à memória e à espiritualidade do povo brasileiro. Mais ainda: a ordem para remoção de obras de arte não se restringe ao Alvorada, mas atinge também o Palácio do Planalto, sede do governo.

Não se deve confundir as coisas.

Não se trata de “opção religiosa” de um casal evangélico que não suporta ver imagens de santos. Michelle frequenta a Igreja Batista Atitude, no Rio de Janeiro, e o marido foi batizado em 2016 na igreja Assembleia de Deus. As denominações protestantes e em especial os fundamentalistas neopentecostais renegam a veneração a imagens de santos. Mas não é dessa posição privada, íntima, do primeiro-casal que se trata. Mesmo porque durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro se deixou fotografar diversas vezes tendo ao fundo uma imagem de Nossa Senhora Aparecida em sua casa, no Rio. Não. Trata-se de guerra à memória e hostilidade embarcada na lógica fundamentalista.

Pois não são “imagens de santos” que estão sendo removidas do Alvorada. São cinco peças de simbologia católica: um par de anjos barrocos tocheiros, na biblioteca, e quatro estátuas de santos nas salas de música e de estado. Uma das imagens é uma representação em madeira de Santa Bárbara, do século 18. É a história do país que está sendo removida, muito além de qualquer símbolo religioso.

Há sim um ataque de fundo religioso, gravíssimo. Mas ele sequer acontece no Alvorada e o alvo não é a religião católica. Acontecerá no Palácio do Planalto. Lá será removido um grande quadro, a obra “Três Orixás”, da pintora Djanira da Motta e Silva. O primeiro casal, ao remover uma obra de arte que evoca divindades do ca

ndomblé, está sancionando, autorizando simbolicamente que continuem os ataques dos fundamentalistas aos terreiros das religiões afro do país. É o que faz Bolsonaro, em outra esfera, quando ataca impiedosamente os indígenas, os quilombolas e sem terra. Por sua condição de presidente eleito, está sinalizando aos ruralistas: podem atacar à vontade. E eles estão fazendo isso.

O que Michelle e Bolsonaro estão sinalizando, com a remoção das obras de arte sacra no Alvorada e no Planalto, é que o tempo da paz acabou definitivamente. É tempo de guerra. Guerra à história, à memória e à espiritualidade sincrética e colorida do Brasil.

Artigo disponibilizado no blog de Mauro Lopes, Paz e Bem: Espiritualidade Plural e de Paz.

Foto de capa: Roberto Stuckert Filho/Divulgação

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