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A Leitura Popular da Bíblia em um Contexto de Opressão e Fundamentalismo Religioso

via Portal das CEB´s

A leitura da Bíblia deve ser popular, a partir dos pobres, em uma hermenêutica comunitária, livre das manipulações ditatoriais do sistema religioso pautados em dogmas que aprisionam e oprimem as pessoas

Nos tempos difíceis em que vivemos, onde a injustiça e a barbárie encontram lugar de destaque, urge rever a maneira como estamos lendo a bíblia hoje. Primeiro, devemos partir do princípio de que a bíblia é um livro do povo. A bíblia não foi escrita para uma classe privilegiada, exclusiva, para interpretes profissionais em exegese, nem para líderes religiosos. A bíblia é um livro popular, onde todas e todos são chamados à uma leitura comunitária, a partir dos pobres e com os pobres, sujeitos que protagonizam os Evangelhos, principalmente na experiência libertadora do Jesus de Nazaré.

A bíblia primeiramente foi vivida, depois contada e em seguida foi escrita, por gente pobre de pequenas comunidades e nômades. A bíblia na vida conta as histórias das pessoas, sobretudo em seus contextos políticos, sociais, culturais e econômicos. A bíblia nos conta sobre o dia a dia das pessoas, suas histórias, suas alegrias e dores, opressões, sofrimentos, desafios, sua prática de fé e espiritualidade. A bíblia nos conta também sobre a caminhada do povo de Deus em uma perspectiva libertadora, são narrativas concretas de um povo em resistência e luta contra os poderes de opressão no decorrer da história. A bíblia não foi escrita em um escritório à portas fechadas, mas a partir da vida do povo, em uma experiência libertária sob iluminação do Espírito, em situações concretas da vida do povo hebreu.

É preciso dizer que por várias décadas na história, como também em vários seguimentos do cristianismo, leitores e intérpretes da bíblia se valeram de uma leitura fundamentalista, em uma forte ênfase no método literal do texto, uma exaltação da letra em detrimento da realidade contextual de nosso tempo, da realidade da vida das pessoas, sobretudo, onde elas estão situadas. É a mesma leitura feita por Saulo, que, como Fariseu, perseguia os cristãos com açoites e prisão, com convicção de que que realizava a vontade de Deus, ou ainda o grupo de religiosos fundamentalistas que apedrejaram o discípulo-profeta Estevam até a morte com o consentimento de Saulo, um fiel e fervoroso leitor e intérprete da lei.

A letra mata, o fundamentalismo mata.

Ler a bíblia com os velhos óculos, com lentes manchadas pelo mofo do fundamentalismo religioso nos leva para uma esfera longe do Evangelho de Jesus de Nazaré. Uma leitura rasa, sem aprofundamentos e que não leva em conta a realidade concreta da vida das pessoas pode nos encaminhar para práticas contra o Cristo e seu Evangelho. Uma leitura literal do texto bíblico pode legitimar a tortura, a avareza, a homofobia, a desigualdade social, o feminicídio, o racismo e muitas outras práticas contrárias ao Evangelho de amor e liberação pregado e vívido pelo subversivo de Nazaré.

Por isso, a leitura da bíblia deve ser popular, a partir dos pobres, em uma hermenêutica comunitária, livre das manipulações ditatoriais do sistema religioso pautados em dogmas que aprisionam e oprimem as pessoas. É preciso ler a bíblia para hoje, em conexão profunda e concreta com nosso contexto, a partir da prática do Evangelho do reino.

O fundamentalismo mata, o Espírito trás vida, paz e esperança para os cansados.

Partilhado pelo autor, Marcos Aurélio dos Santos. Publicado originalmente pelo Portal das CEB´s.

Ilustração de capa: Ateliê15

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