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A importância da mulher na sociedade [Romi Bencke]

A importância da mulher na sociedade [Romi Bencke]
Será que mulheres são consideradas relevantes para a sociedade? Será que desejamos, de fato, que mulheres participem ativamente nos espaços políticos de decisão? Ou será que a importância da mulher é pura retórica?

Muitas vezes, observando as dinâmicas sociais, quase chego à conclusão de que nós, mulheres, não temos real importância para a sociedade e nem para a política formal. Nós somos parte daquele grupo social sobre o qual é bom falar quando se deseja mostrar inclusividade, mas, na hora de mostrar na prática que a transformação nas relações sociais é possível, ai…bem…a conversa muda! Somos o tema que se pode deixar para depois.

Por que nosso desejo de participação, protagonismo, liberdade, autonomia acaba sendo sempre colocado em segundo plano? Uma das respostas possíveis é que somos um desses temas que provoca a pergunta sobre atéonde estamos dispostos a ir quando falamos em participação das mulheres na sociedade e na política?

A plena inserção das mulheres nas diferentes esferas da vida traz à tona a incômoda, indesejável e provocativa discussão sobre relações de poder. Sem uma disposição profunda de transformação nos paradigmas que orientam as relações de poder, não haverá mudanças para nós mulheres.

Acontecimentos recentes no país têm indicado, que qualquer discussão que problematize as relações de poder entre mulheres e homens é rapidamente banida. Falar sobre a situação em que vivem as mulheres brasileiras é perigoso e um ato de subversão da ordem!

No entanto, não há como deixar de falar sobre este assunto, porque mulheres estão sendo agredidas e assassinadas todos os dias em nosso país.

Dados nacionais sobre a violência contra as mulheres de 2015, chamam a atenção que dos 4.762 homicídios de mulheres registrados em 2014, 50,3% foram cometidos por familiares das vítimas. A maioria desses crimes, 33,2% foram praticados pelos parceiros das mulheres assassinadas. O Mapa da Violência 2015 chama a atenção que o número de mortes violentas de mulheres negras cresceu em 54% entre 2003 e 2013.

Mais do que contabilizar as agressões e as mortes de mulheres, estes dados revelam uma profunda cultura misógina, ou seja, de ódio contra as mulheres. Outros fatos que também indicam que a cultura misógina é um elemento que não pode ser ignorado, são: as agressões verbais dirigidas contra mulheres parlamentares no Congresso Federal e as expressões de ódio dirigidas contra a presidente do Brasil no processo de admissibilidade do impedimento da chefe maior do Estado brasileiro. A expressão máxima desse ódio foi a declaração do voto do parlamentar que homenageou o coronel Ustra, que torturou a presidenta Dilma, no período em que ela esteve presa. Esta foi a consagração e a expressão máxima da misoginia brasileira.

A nossa presença na política brasileira incomoda. Ainda mais quando não fortalecemos o papel de sermos sedutoras, frágeis e manipuláveis.

A presença de mulheres no Congresso Federal mostra o quanto precisamos avançar para aprofundarmos nosso processo civilizatório. Nós, mulheres, representamos 51,51% da população total do país. Entretanto, nossa presença na política formal é mínima. No Senado Federal representamos 15,81%. Na Câmara dos Deputados somos 9, 94%. Na política formal, juntando Senado e Câmara dos Deputados, representamos 10,6% do total de políticos. Este é um percentual nada significativo, depois de tantos anos de luta das mulheres.

Assustam também os retrocessos que temos sofrido. O tema participação da mulher na sociedade é um tema sussurrado, porque mulher foi transformado em um tema tabu.

Para transformar a situação em que vivem as mulheres, em especial, as mulheres pobres, é necessário falar abertamente sobre a pergunta “até onde estamos dispostos e dispostas a ir” para que as mulheres sejam realmente sujeitos de sua própria história? Temos disposição de abrir mãos dos nossos micro poderes? Sem a superação dos tabus criados em torno dos direitos humanos para mulheres, o reconhecimento da nossa participação na sociedade e na política será sempre um reconhecimento parcial, nunca pleno.

Enquanto isso, mulheres continuarão sendo assassinadas e humilhadas e seus agressores invocados como heróis.

*Texto escrito pela secretária-geral do CONIC, Romi Bencke, para o jornal Conquistar, da Pastoral Operária.

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