Conforme o relato de Mateus, ao encontrarem o túmulo vazio na madrugada da ressurreição, as mulheres escutam do próprio Jesus: “Vão anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão” (Mt 28,10). Voltar à Galileia foi a tônica inicial do encontro do CEBI de São José do Rio Preto, realizado no início de dezembro.
Pelo terceiro ano consecutivo, o CEBI se reúne com a comunidade católica (neste ano, também com a riqueza da presença de irmãos evangélicos). O grupo se debruçou sobre o evangelho de Mateus, buscando entender qual é a “Nova justiça do Reino de Deus”.
A partir da leitura de Mateus 28,1-10, destacou-se que anúncio da ressurreição parte de pessoas excluídas, no caso as mulheres. Elas deverão seguir e partilhar essa ressurreição na periferia, no caso, na Galileia. Voltar a Galileia é voltar à origem do movimento de Jesus e voltar a uma região discriminada pelo povo do sul (como no Brasil, o sul e o sudeste discriminam o nordeste).
A “família de Jesus”
Ao estudar a genealogia de Jesus (Mateus 1,1-17), o grupo buscou respostas para duas perguntas: a) aparecem mulheres na relação de antepassados de Jesus? b) qual é a história delas?
Entre as quatro mulheres mencionadas (Tamar, Raabe, Rute e “aquela que foi mulher de Urias”) observou-se que todas são estrangeiras e todas viveram relações fora dos “padrões normais de família”. A quinta mulher é Maria, a mãe de Jesus, na mesma situação. O grupo se questionou, a partir disso, sobre os modelos de família: a origem de Jesus não tem a ver com a ideia de “família certinha”, aquela que deve se encaixar dentro de padrões impostos pelo meio social.
Além disso, a origem estrangeira ou “misturada” de Jesus ajuda a questionar a postura daqueles que, ontem e hoje, insistem que “Jesus veio apenas para alguns”. Não por menos, nos relatos da infância de Mateus, os primeiros a visitar Jesus são estrangeiros, os magos do oriente (Mt 2,1-12).
Entre o império e o Reino: que projeto escolher?
No domingo, o grupo tentou responder à questão “Quem é Jesus para a comunidade de Mateus”?. O “Mestre da Justiça”, que veio anunciar o Reino (não se trata de espaço geográfico, mas de um governo, um novo reinado), como Moisés fará o novo e definitivo êxodo. Na montanha proclamará a nova lei: as Bem Aventuranças. “Felizes aqueles e aquelas que têm fome e sede de justiça” (Mt 5,6).
A comunidade de Mateus, afinal, convida cada pessoa a comparar e a escolher: são dois projetos: o do Império, representado pelo banquete oferecido por Herodes, no palácio (Mt 14,1-12): e o do Reino, oferecido por Jesus no deserto (Mt 14,13-21). Quem escolher pelo projeto do Reino deve buscar orientações em Mt 18,1-22: é preciso viver em comunidade!
O encontro ocorreu nos dias 29 e 30 de novembro/2014, em parceria com Paróquia Católica Nossa Senhora do Brasil, Bairro São Deocleciano, em São José do Rio Preto/SP. O encontro foi assessorado por Edmilson Schinelo, biblista popular/CEBI de Campo Grande/MS, e contou com a participação de 43 pessoas.
Agradecemos a todas e todos e avisamos: ano que vem tem mais! Abraço!
Claudia Maria de Arruda (CEBI São José do Rio Preto)