“Cidade grande, moça bela
Tu tens o cheiro da ilusão
Quem passou na tua janela
Já conheceu a solidão.”
Com os versos de Petrucio Amorim, Pastora Odja Barros, diretora adjunta do CEBI, iniciou suas reflexões no seminário de aprofundamento do CEBI-MS.
O encontro se realiza entre os dias 24 e 26 de agosto, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e reúne 42 pessoas de diversas cidades do Estado. Também participam do Seminário integrantes do CEBI-MT e do CEBI-GO. O mundo urbano à luz de Paulo é o tema do encontro. Entender a mentalidade urbana, mais do que vida na cidade é o desejo do grupo.
Na celebração de abertura, o grupo foi convidado entrar na casa a pisar o chão – a Mãe Terra também está na cidade. Os quatro elementos – terra, água, fogo e ar servem de pano de fundo para a espiritualidade do encontro, uma vez que, tanto quanto no campo, marcam a espiritualidade do mundo urbano e sua vivência com a natureza.
Assim como Paulo fez leituras da situação das comunidades de Corinto a partir do olhar apresentado pelas pessoas da casa de Cloé (1Cor 1,11) ou a partir daquilo que lhe foi informado por carta (1Cor 7,1), também temos olhares parciais sobre o mundo urbano. “O desafio é superar a parcialidade apenas negativa”, afirmou a assessora.
A cidade é liberdade para inventar as vidas
Lembrando as reflexões de José Comblin, Pastora Odja ajuda o grupo a se perguntar pelas verdadeiras motivações que levam as pessoas e grupos a buscar a cidade. Para além da busca de emprego, de oportunidades de estudo, lazer e conforto, há outras motivações, tanto quanto reais: a cidade é espetáculo, mas também liberta das dependências tradicionais e é liberdade para inventar as vidas.
Descobrir a cidade como grande possibilidade de vivência e construção do Reino de Deus é o desafio urgente para que se faça uma adequada Leitura Popular da Bíblia. Pode-se reforçar um modelo de cidade funcional e materialista, ou um modelo de cidade como centro de poder. Entretanto podemos enxergar a cidade como centro de relações.
O grupo também avalia que a mentalidade urbana ameaça muito mais os modelos tradicionais de igreja. Por essa razão, as igrejas protestantes históricas e a igreja católica insistiram tanto em manter uma leitura romantizada do campo e um discurso. Ao mesmo tempo são as que encontram maior dificuldade em “manter seu publico”. Na linguagem do mercado, esta visão tradicional não consegue mais a “fidelização da clientela”
Como Paulo e sua equipe missionária, o encontro nos convida a fazer da cidade um caminho diferente por causa do Evangelho.