Artigos e Reflexões

Frei Carlos Mesters, 89 anos de vida doada ao povo em caminhada de libertação

Por Frei Gilvander Luis Moreira*

 

Que beleza e que responsabilidade integrar a Província Carmelitana de Santo Elias, da qual faz parte Frei Carlos Mesters! Que maravilha termos a companhia de Frei Carlos Mesters, que dia 20 de outubro de 2020, celebra 89 anos de idade e a maior parte da sua vida dedicada ao Carmelo, à Leitura Popular da Bíblia e aos pobres nas lutas por libertação.

A primeira vez que vi Frei Carlos Mesters foi em maio de 1984, quando eu estava no noviciado, no agreste do Pernambuco. Estávamos arrancando feijão na roça. Frei Carlos Mesters chegou, cumprimentou todos os vinte noviços, se abaixou e começou a arrancar feijão ao nosso lado. Colhemos 25 sacos de feijão naquela safra. Fiquei surpreso e pensava: “Um doutor em Bíblia arrancando feijão conosco?!” Ali eu já percebi em Frei Carlos a humildade, a mãe de todas as outras virtudes. Depois veio uma semana de estudo dos Salmos, muitos pequenos encontros de formação bíblica, sete anos de INTERCAB (Encontro Intercarmelitano dos/as Carmelitas no Brasil), sete anos de CARMELO BÍBLIA, a celebração dos 60 anos de Frei Carlos dia 20 de outubro de 1991, em São Paulo, momento em que tive a alegria de gravar e depois transcrever os inúmeros depoimentos das pessoas que em uma grande fila queriam falar sobre a atuação de Frei Carlos. No meio da celebração, Dom Pedro Casaldáliga, de surpresa, chegou na celebração dos 60 anos de Frei Carlos Mesters. Chegou carregando um grande pote e, retirando de dentro do pote uma Bíblia da edição Pastoral, dizia: “Frei Carlos Mesters é presença do Deus da vida no nosso meio que retira do baú, do pote, coisas velhas que são coisas da vida e da caminhada. Carlos Mesters democratiza o acesso aos textos bíblicos ao nos ensinar a fazer leitura bíblica de forma comunitária, ecumênica, transformadora e militante. Quem não leu ainda deve ler todos os livrinhos do frei Carlos Mesters. Seus textos, frei Carlos, nos ajudam na caminhada de enfrentamento ao latifúndio, na Opção pelos Pobres, na luta pela terra e pelos direitos dos povos indígenas.” Publicamos os depoimentos em um número especial de uma Revista Carmelitana.

Após ouvir atentamente todas/os, Frei Carlos, com humildade que lhe é característica e sabedoria ímpar, agradeceu a todas/os e disse: “Esse “poeirão” – tudo que vocês dizem que tenho feito – que vocês estão vendo não sou eu que estou fazendo. Sou apenas uma formiguinha em cima do camelo, que belisca o camelo e o faz andar. Quem causa o “poeirão” que vocês estão vendo são as patas do camelo: Deus Javé e Jesus Cristo, nosso irmão, que sempre fazem opção pelos pobres, abraçam suas causas e caminham junto conosco e em nós”. Naquele dia, Frei Carlos recebeu um telefonema da África do Sul com mensagem de Frei Alberto Nolan que dizia: “Traduzimos vários livrinhos do Frei Carlos Mesters aqui na África do Sul e constatamos depois que a leitura dos textos de Frei Carlos Mesters foram imprescindíveis para a superação do apartheid racial e social, que era sustentado em uma leitura racista e fundamentalista da Bíblia.”

O 1º livro de Frei Carlos que li foi “Maria, mãe de Jesus”, depois “Missão do Povo que sofre”, “Seis dias nos porões da humanidade”, “Flor sem defesa”, “Por trás das palavras”, “Jeremias, boca de Deus e boca do povo”, “Apocalipse, esperança de um povo” etc e etc. Ah! Inesquecível também: Frei Carlos foi meu orientador em um trem chamado monografia de conclusão do curso de Teologia que virou o livrinho “Compaixão-Misericórdia, uma espiritualidade que humaniza” (Paulinas, 1996). Inesquecível também! Durante dois anos, Frei Carlos, nosso querido e saudoso ex-frei Argemiro, e eu nos reunimos inúmeras vezes e construímos o roteiro que virou o filme Pedra em flor sobre a Leitura Popular da Bíblia.

Celebrar mais um ano de vida de Frei Carlos Mesters: que beleza espiritual-humana! Tempo de kairós para recordarmos os inúmeros momentos inesquecíveis e marcantes vivenciados ao lado do Paulo Freire da Bíblia: Frei Carlos Mesters. Gratidão eterna, Frei Carlos Mesters. Abraço terno.

Frei Gilvander

* Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; agente da CPT, assessor do CEBI e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH e de Teologia bíblica no SAB, em Belo Horizonte, MG. E-mail: [email protected] – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –    Facebook: Gilvander Moreira III

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