Durante toda a terça-feira, os ocupantes do Museu do Índio já esperavam pelo pior. Na realidade, eles já haviam passado por momentos de tensão no domingo.
Seguranças e funcionários agrediram manifestantes com bordunas (armas indígenas) que teriam sido retiradas do próprio acervo do museu. Mesmo caídos no chão, os ocupantes continuaram sendo agredidos.
O estrago foi enorme.
Nesta segunda-feira, a Justiça concedeu o pedido de reintegração de posse do prédio, onde também funciona a sede da Funai (Fundação Nacional do Índio).
E ela aconteceu na noite desta terça-feira, com violência desproporcional por parte da Polícia Militar.
Segundo informações do Coletivo Carranca, além de agressões físicas e verbais, o advogado Aarão da Providência também foi detido por “supostamente desacatar um policial”.
Vídeos nas redes sociais mostravam o momento de caos e desespero por parte dos ocupantes.
A ocupação ocorre 3 anos após o antigo Museu do Índio, onde foi montada a Aldeia Maracanã, ter sido alvo de uma operação similar por parte do Estado, quando policiais militares expulsaram com violência a ocupação indígena no prédio. Os ocupantes do atual Museu do Índio exigem o retorno do prédio antigo para as tribos indígenas. Porém, desde 2013, o prédio se encontra nas mãos do poder público — abandonado e vazio.
Além disso, outras exigências como a extinção da PEC 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a palavra final sobre a damarcação de terras indígenas também fazem parte das demandas do grupo.
Esse cenário de guerra contra os povos originários do Brasil ocorre faltando poucos dias para a realização do evento esportivo mais importante do mundo — os Jogos Olímpicos.
Além do estado do Rio de Janeiro passar por um momento delicado, sem condições de manter seu orçamento e cortando o salário dos funcionários públicos, a violência policial contra professores, estudantes, moradores da periferia e indígenas deve marcar negativamente o evento.
Um péssimo exemplo para o resto do mundo, justamente quando países como o Canadá caminham pelo lado oposto, reconhecendo a importância dos povos originários, abrindo portas para o desenvolvimento dessa população sem criminalização por parte do Estado.