Há mais de um mês aliados do deputado afastado pediam que ele renunciasse à presidência da Câmara. O presidente interino, Michel Temer (PMDB), encontrou-se com ele para discutir a questão. Cunha solicitou que, caso renunciasse, Temer apoiasse a nomeação de um membro do centrão para presidir a Câmara. Com a renúncia de hoje, a tendência é que os partidos governistas apoiem algum representante deste grupo político para dirigir os trabalhos no Legislativo, os mais cotados são Espiridião Amim (PP-SC), Jovair Arantes (PTB-GO) e Rogério Rosso (PSD-DF). Todos aliados de Cunha.
Cunha estava reticente em renunciar porque não tinha, e ainda não tem, a garantia de que manteria o mandato. Em mais de dez ocasiões disse que “jamais” renunciaria. O seu maior temor é que, caso fique sem o cargo, sua mulher (a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz) e uma filha dele (a publicitária Daniele Dytz da Cunha) possam ser presas no âmbito da operação Lava Jato. Cruz já é ré no caso, assim como o marido. A diferença é que ela está sob a mira do juiz da primeira instância Sergio Moro e ele, com duas ações, será julgado pelo STF porque tem prerrogativa de foro por ser parlamentar federal.
Sem ter um trabalho formal, Cunha passou os últimos dias preparando suas defesas na CCJ e no STF. Além disso, gasta boa parte de seu tempo “desmentindo”, por meio de seu Twitter, reportagens e notas de colunas jornalísticas que o citam. Em uma das ocasiões disse que “a falta de notícias e a tentativa de parecer bem informados, faz alguns colocarem palavras em minha boca não proferidas”. Em outras dezenas de vezes, reforçou que não tinha razões para renunciar. Agora, ele próprio se desmentiu.