A coordenadora do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (Copinh), Berta Cáceres, foi assassinada em sua casa na madrugada desta quinta-feira (03/03) em La Esperanza, na região oeste do país.
Segundo as primeiras informações relatadas por fontes locais, homens não identificados e armados invadiram a casa de Cáceres enquanto ela dormia e a mataram e feriram seu irmão.
Cáceres era líder da comunidade indígena lenca e de movimentos de camponeses hondurenhos, defensora de direitos humanos e ativista ambiental. Ela recebeu em 2015 o prêmio Goldman, considerado o Nobel do Meio Ambiente, por sua luta contra as investidas de corporações e do governo contra os direitos das comunidades rurais hondurenhas. "O que nos inspira não são os prêmios, mas os princípios. Aqui, com reconhecimento ou sem, lutamos e vamos continuar lutando", afirmou na ocasião.
Segundo relatório lançado em abril de 2015 pela organização Global Witness, Honduras foi o país com mais assassinatos de ativistas ambientais em 2014. Entre as pessoas assassinadas em Honduras naquele ano por defender suas terras, seus rios ou seus bosques da exploração, 40% eram membros de povos indígenas, como o povo lenca, ao qual pertencia Berta Cáceres.
Há uma semana, Cáceres havia promovido uma entrevista coletiva à imprensa hondurenha e internacional denunciando os assassinatos de vários dirigentes de sua comunidade indígena, assim como as ameaças de morte que estava recebendo.
"Berta recebeu milhares de ameaças. Sua arma era sua voz. Ela nunca andou armada. Ela era ameaçada por sua luta pela riqueza de nossos povos. Era um tesouro na luta pelos direitos dos povos indígenas", afirmou seu irmão Gustavo.
Segundo o líder indígena hondurenho Salvador Zuñiga, a última luta liderada por Cáceres era contra a instalação da represa hidrelétrica de Agua Zarca na comunidade indígena de Río Blanco, em Santa Bárbara, aprovada e iniciada sem consulta com os moradores da região. A campanha liderada por Cáceres junto às comunidades ribeirinhas conseguiu paralisar as obras em 2013, mas os ativistas e moradores continuaram sendo ameaçados.