Transcrevemos a íntegra da nota da associação indígena Aty Guassu, que denuncia mais um assassinato de liderança indígena. Trata-se do líder Ambrósio Vilhalva, 52 anos, de Caarapó/MS, município vizinho de Dourados, a 270 Km de Campo Grande.
Eis a nota:
É com profundo pesar, Aty Guasu informa que a liderança Guarani e Kaiowa Ambrósio Vilhalva, 52 anos, foi assassinado pelo desconhecido (02/12/13), no tekoha Guyraroka-Caarapó-MS.
Ambrosio Vilhalva é uma das lideranças da Aty Guasu que sofre constantemente ameaça de morte dos fazendeiros do Cone Sul de Mato Grosso do Sul. O líder Ambrosio é um líder justiceiro, íntegro, humilde humorista indígena Kaiowá e sorridente, defensor de direitos humanos, boa liderança e é conhecido internacionalmente como filósofo e intelectual nativo.
Ele passou a vida inteira lutando pela justiça e pela regularização e devolução de pedaço de terras indígenas Guarani e Kaiowá. Ambrósio viajou pelo Mundo inteiro socializando as situações míseras do povo Guarani e Kaiowá. Fez o papel de Nádio no filme da Terra Vermelha. A liderança Ambrosio da Terra Indígena Guyraroka em conflito disputa a posse da terra com o deputado estadual Zé Teixeira e com a empresa da Usina de álcool Raizes que produz e compra a matéria prima cana de açúcar da Terra Indígena Guyraroka.
Ambrosio reivindica a terra indígena ocupada pelo deputado estadual Zé Teixiera, um deputado anti-indígena que arrendou a terra indígena para a Usina de Alcool. Sobre a Terra Indígena Guyra Roka há plantação de cana de açúcar. A liderança Ambrosio Vilhalva, mais de 30 anos lutou pela recuperação da Terra Indígena Guyraroka. Essa Terra Indígena Guyraroka já foi reconhecida pelo Governo Federal e declarada pelo Ministro da Justiça no dia 07/10/2009, portaria nº 3.219/MJ, com a extensão de 11.440 hectares, mas a comunidade está encurralada na pequena área com a extensão de 30 hectares onde estão residindo mais de 30 famílias, totalizam 150 indígenas.
O líder Ambrósio no ultimo ano passou reiteradamente a denunciar a plantação de cana de açúcar sobre a Terra Indígena Guyraroka, exigiu a posse da terra indígena, por isso estava recebendo a ameaça de morte, além disso, Ambrósio Vilhalva sempre denunciou a ameaça dos pistoleiros do fazendeiro e deputado estadual Zé Teixeira. No último mês, líder Ambrósio estava preocupado com a segurança dele e da comunidade de Guyraroka.
Na assembleia geral ele disse: “Os pistoleiros do deputado Zé Teixeira e da Usina de álcool estão me ameaçando e me perseguindo lá na tekoha Guyraroka, eles estão querendo me matar”, “quero avisar a todos”. É evidente que o líder Ambrósio Vilhalva estava sofrendo ameaça de morte, por essa razão pedimos às autoridades federais para realizar uma investigação séria do assassinato do líder Ambrósio Vilhalva.
Tekoha Guyra roka, 2 de novembro de 2013.