No primeiro século, havia comunidades cristãs espalhadas pelo Mediterrâneo e que, para continuarem animadas, frente ao perseguidor império romano, eram assessoradas por Paulo e seus discípulos. Mais parte, depois da morte de Paulo de outras lideranças, os grupos começaram a sentir necessidade de lideranças e de divisões de tarefas para o bom andamento das atividades.
As duas cartas a Timóteo e a carta a Tito tratam especificamente deste assunto: como organizar a comunidade. É o início da institucionalização do movimento de Jesus. Isto se faz necessário para que o movimento não se acabe, cooptado pela sociedade de seu tempo. Desta forma, as três cartas são conhecidas como cartas pastorais. A análise de seu conteúdo faz com que sejam denominadas cartas deuteropaulinas, uma vez que a provável data de sua redação coincida com a época em que Paulo já havia morrido, e quem as redigiu foi o grupo que o seguia.
Este assunto foi abordado com toda a propriedade e simpatia pelo prof. Paulo Roberto Garcia, pastor metodista, que esteve reunido com o grupo do CEBI Grande São Paulo, no bairro do Jaraguá durante os dias 24 e 25 de agosto de 2013.
As cartas provavelmente respondem aos desafios que a comunidade enfrentava no dia-a-dia: como escolher as lideranças, como orientar os vocacionados, como se utilizar corretamente das Sagradas Escrituras, como tratar os marginalizados, as viúvas, os idosos, entre outros. É inegável que as traduções do grego para o português acarretaram interpretações equivocadas, sobretudo no que diz respeito à mulher. Entretanto a leitura atenta revela que, mesmo na tradução correta, a institucionalização é que pode provocar rixas e erros entre os membros e, sem tomar o devido cuidado, a comunidade corre o risco de reproduzir a estrutura da sociedade em que está inserida.
Este é o alerta para nós hoje: precisamos das estruturas, mas de certa forma, precisamos nos opor a elas, isto para mantermos a essência e caminharmos buscando formas alternativas e inclusivas – que por vezes são mais difíceis e exigentes – para que não reproduzamos, só porque é ‘mais fácil' ou ‘todo mundo faz assim', os nossos hábitos e costumes impostos pela ideologia excludente capitalista.