O mundo tem capacidade de produzir alimento para 12 bilhões de pessoas, o dobro da população atual. Ainda assim, o número de pessoas que passam fome subiu de 850 milhões para 925 milhões em 2008, anunciou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Mulheres e homens da Via Campesina, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) saíram às ruas na quinta-feira, 16, Dia Internacional em Defesa da Soberania Alimentar, para reivindicar do governo federal reforma agrária, incentivo à agricultura familiar, políticas públicas para infra-estrutura e assistência técnica em assentamentos e pequenas propriedades, que produzem 70% da cesta básica brasileira.
Via Campesina e MST promoveram manifestações em 12 Estados – Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Maranhão, Ceará e Mato Grosso.
A cesta básica do brasileiro, calcula o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cobra 52,8% do salário mínimo. A especulação financeira, denunciam o MST e a Via Campesina, são responsáveis pela elevação do preço dos alimentos.
Produtos agrícolas são vendidos a seis ou sete vezes mais caros nas bolsas, explicou Egídio Brunetto, da coordenação da Via Campesina. O preço dos principais grãos, como o milho, o arroz e a soja, duplicou de 2006 até hoje. O feijão subiu 168%.
"As grandes transnacionais do agronegócio comemoram a cada mês seus lucros recordes", diz o MST em manifesto à população. Cerca de 30 empresas, com sede nos Estados Unidos e na Europa, controlam quase toda a produção e comércio agrícola no mundo.
"Não existe uma crise de produção, o que existe é uma especulação financeira sobre o preço dos alimentos", arrola o MST. O movimento questionou o governo brasileiro, que anuncia "diariamente novos incentivos ao agronegócio, libera créditos, perdoa dívidas", enquanto a agricultura familiar não recebe os devidos investimentos do Estado.