Reflexão do Evangelho

Jesus Cristo é a perfeita expressão e medida do amor cristão

Por Itacir Brassiani*

 

Amor é uma palavra à qual damos sentidos muito diferentes. A maioria das pessoas coloca o amor no âmbito dos sentimentos e, com isso, acaba eliminando sua essência. Se é verdade que o Evangelho segundo João dá ao amor fraterno um lugar central no anúncio de Jesus, não podemos esquecer que os evangelhos sinóticos conferem esta mesma centralidade à prática da nova justiça do Reino de Deus. Por isso, é preciso escutar com atenção a proposta que Jesus nos faz no trecho do Evangelho do sexto domingo do tempo pascal.

Um caminho que pode nos ajudar a evitar as armadilhas do sentimentalismo é compreender o amor mais como verbo que como substantivo. A questão é como amar, e não o que é o amor. Quem conjugou o verbo amar em todos tempos, modos e pessoas foi Jesus Cristo. As primeiras comunidades cristãs compreenderam e expressaram isso de muitos modos, mas sobressai o que lemos na primeira carta de João: “Nisto se tornou visível o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único a este mundo para dar-nos a vida por meio dele”. Jesus de Nazaré, em suas palavras e ações é como a vitrine que expõe o amor de Deus no mundo.

Eis como Jesus concretizou o amor: acolheu pecadores e resgatou a dignidade deles; compadeceu-se dos famintos e multiplicou pães e peixes em favor deles; comoveu-se com o sofrimento das pessoas doentes  e deu-lhes condições de plena cidadania;  atendeu às necessidades de pagãos e estrangeiros, dividindo com eles aquilo que era destinado apenas aos judeus; aproximou-se das pessoas excluídas e sentou-se com elas à mesa; tomou a defesa de mulheres condenadas violentamente pelos próprios homens que as usavam; afirmou profeticamente que os últimos da escala social são os primeiros na perspectiva de Deus.

Tudo isso porque Deus é amor, e seu amor não se mostra em suspiros e sentimentos superficiais, mas em ações que garantem a quem é diferente o direito de ser e atendem suas necessidades sem impor qualquer espécie de condição. Jesus diz que nos ama na mesma dinâmica e com a mesma intensidade com que é amado pelo seu e nosso Pai. E é nessa força e nesse espírito que somos chamados e capacitados a amar. O amor de Deus que se tornou visível em Jesus Cristo se torna em nós dom e mandamento. “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros assim como eu amei vocês”.

Como Jesus nos revelou, a vivência do amor tem mais a ver com decisão e vontade que com sentimento. O sentimento é involuntário, e se impõe sobre a vontade, enquanto que o amor é a decisão de fazer-se próximo e servidor/a de quem é diferente e pode estar precisando de nós, e não mero sentimento. Amar significa bem-querer, bem-dizer e bem-fazer, tudo ao mesmo tempo. É desejo, palavra e ação. É nessa linha que João nos interroga: “Se alguém possui os bens deste mundo e, vendo seu irmão em necessidade, fecha-lhe o coração, como pode o amor de Deus permanecer nele?” (1Jo 3,17)

No evangelho que meditamos hoje, Jesus apresenta a si mesmo como medida e referência do amor: “Amem-se uns aos outros assim como eu amei vocês”. Com isso, Jesus quer nos libertar da tentação de colocar nossos desejos como referência essencial para todas as relações. O amor se concretiza no relacionamento de igual para igual, na abolição de hierarquias, senhorios e servidões, na atitude de serviço gratuito e irrestrito. O próprio Jesus não nos trata como servos/as mas como iguais, pois não reserva nada para si mesmo, e comunicar tudo significa confiar irrestritamente.

Mas o amor cristão tem múltiplas dimensões, e uma delas é a dimensão social, apostólica ou missionária. Está muito claro que o amor generoso e intenso com que Jesus nos ama não tem como finalidade criar um clube de bajuladores ou publicitários que alardeiam suas qualidades divinas.  O amor maduro frutifica em missão solidária e transformadora, em luta em favor das pessoas e grupos fragilizados.  O amor de Jesus Cristo se realiza quando renascemos e agimos como pessoas adultas, capazes de agir orientados pelas próprias convicções e por valores essencialmente humanos. E a amizade com Jesus se mostra na participação na sua missão.

Jesus de Nazaré, filho de Deus e filho da humanidade, fonte e medida de todo amor: faze com que teu amor por nós se transforme em amor pelos irmãos e irmãs, e converte tua Igreja, hierárquica e desigual, em comunidade de pessoas amigas e igualmente servidoras. Faze com que, inspirados em Paulo, deixemos de ser defensores/as infantis das instituições (por mais “sagradas” que sejam) e vivamos como testemunhas de um amor despojado, crucificado e renovado. Ajuda nossas autoridades religiosas e políticas, como também nossas mães, a descobrirem que permanecem sempre e fundamentalmente humanas, e isso é bom. Assim seja! Amém!

*Itacir Brassiani msf

situs judi bola AgenCuan merupakan slot luar negeri yang sudah memiliki beberapa member aktif yang selalu bermain slot online 24 jam, hanya daftar slot gacor bisa dapatkan semua jenis taruhan online uang asli. idn poker slot pro thailand

Seu carrinho está vazio.

mersin eskort
×