Reflexão do Evangelho

Bem-aventuradas, felizes, bem-aventuradas! (Mt 25,1-13)

A liturgia do mês de novembro inicia com duas festas que nos fazem refletir, profundamente, sobre o sentido de nossa existência e nossa finitude: a festa de todos os santos e o dia de finados. Quando falamos em finitudes, nos referimos, especificamente, a esta segunda, mas não podemos deixar de perceber que as duas estão intimamente ligadas. Nessa reflexão vamos aprofundar e refletir sobre o texto central da celebração de finados, as bem aventuranças.

Os evangelistas, Mateus e Lucas, que fazem parte do grupo dos Evangelhos Sinóticos, trazem, de forma diferente, como deveria de ser, o texto das Bem-aventuranças. Mas, nós nos ateremos a aprofundar e entender um pouco o texto de Mateus, procurando, contextualizá-lo e buscando as reflexões que nos trazem para nossa vida, hoje.

Segundo Mckenzie (2005), em seu dicionário bíblico, a bem-aventurança é uma forma literária que se encontra no Antigo, no livro dos Salmos e Provérbios, e Novo Testamento, mais conhecida dos evangelistas já citados, é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa sorte. Aqui, se demonstra que a forma de Jesus falar, o estilo literário utilizado por ele não foge das suas origens, do seu povo, a diferença é que Ele apresenta uma nova roupagem, como vemos nas bem-aventuranças apresentadas por Mateus.

Para início de conversa, precisamos fazer uma contextualização das bem-aventuranças narradas por Mateus, que o nosso grande mestre Fr. Carlos Mesters, em sua obra: Deus onde estás? nos ajuda bem. A primeira coisa que ele nos lembra é que as bem-aventuranças estão dentro de um bloco de ensinamento, catequese de Jesus que ocorrem na montanha, aí, Mateus chama esse bloco de Sermão da Montanha. No início do capítulo, diz: “Vendo Ele as multidões, subiu à montanha.” E por que nas Montanhas? É preciso lembrar que Mateus escreve para os Judeus. O grande representante e profeta para os judeus é Moisés, que subiu a montanha e dela desceu com as tábuas da Lei e apresenta a seu povo. Jesus, na montanha apresenta um novo projeto para aqueles que o seguem, pois fala para os discípulos um propósito de vida.

Carlos Mesters diz que o Sermão da Montanha está dividido em três partes: as bem-aventuranças, indicam os membros do Reino de Deus; as atitudes tomadas para fazer parte deste Reino; e, a ação, não só mentalidade e intenção que esses devem ter. Datamo-nos, agora, ao início deste Sermão que é o centro de nossa reflexão neste texto, as bem aventuranças.

Mesters, diz que as bem-aventuranças parecem colocar tudo de cabeça para baixo, e, pensando bem, ele tem razão. Mostram que os critérios de Deus são outros. Quem são as bem aventuradas para Jesus: as pessoas pobres, as mansas, as aflitas, as que tem fome e sede, as misericordiosas, as puras de coração, as que promovem a paz, as que são perseguidas, as injuriadas. Todos esses, se receberão uma recompensa no Reino: pertencer ao Reino, herdarão a terra, serão consoladas, serão saciadas, alcançarão misericórdia, verão a Deus, chamadas filhas de Deus, terão o Reino de Deus. Todas essas declarações trazem para as pessoas seguidoras de Jesus uma recompensa, e, a principal, é o Reino de Deus.

A questão que nos interpela hoje é: como alcançar esse Reino de Deus? Como vivenciar aqui e agora as Bem-aventuranças, diante de um tempo onde o individualismo, o imediatismo, a desvalorização da vida em todas as suas dimensões, humana e ecológica, toma conta da humanidade que cada vez é menos humana?

Como diz Mesters, o relacionamento com Deus é colocado em outras bases, traz consigo um novo relacionamento com os bens matérias. As bem-aventuranças, como todo o sermão da montanha, visa a raiz das ações humanas: exige sinceridade radical perante Deus, perante a própria consciência e perante os outros. Precisamos à luz das bem-aventuranças realizar uma verdadeira conversão em nós, para que, assim, possamos construir o Reino de Deus aqui e agora, a partir de novas relações com Deus, entre nós e com o universo. Que o Mestre Jesus nos ensine a sermos, verdadeiramente, seus discípulos e discípulas!


Diác. Márcio Ribeiro
CEBI-RN
Paróquia Nossa Sra. de Fátima – Parnamirim
Arquidiocese de Natal – RN

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

  1. MESTERS, Carlos. Deus Onde estás? Editora Veja – Belo Horizonte. 3ª Edição, 1972.
  2. Mckenzie, John L. Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulus, 1983.
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