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Um depoimento sobre #15M

por Derson Maia, Presidente Nacional do Frente Favela Brasil*

Na última quarta-feira, 15 de Maio de 2019, o Brasil viveu um grande levante da juventude em defesa da Educação. Sim, o mar se abriu para o povo passar. Mas, desta vez, não foi a fé dos hebreus que moveu este feito (Êxodo 14:21-23). Foi a esperança daqueles que mantém viva na memória o tempo em que as Universidades e Institutos Federais foram criados, expandidos e fortalecidos. A fé de que, pela ciência, é possível questionar, buscar respostas para nossos problemas coletivos ou, até mesmo, refletir e propor novos projetos de sociedade e desenvolvimento. Sim, o tsunami chegou e esse mar de gente por toda parte, por toda cidade, estremeceu o Palácio de Bolsonaro e a sua guarda no Ministério de Educação.

Sim, o vento de Deus soprou e, mais uma vez, o vento sopra em favor do povo. Pois, o compromisso do Deus, que está vivo em toda parte e em toda gente, é com a liberdade e não com as mordaças. E o apóstolo Paulo nos confirma isso, quando ele diz:

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de opressão”. (Gálatas 5:1).

A política atual do governo Bolsonaro para educação é uma política de retorno ao cativeiro da ignorância, onde o Estado volta a ser omisso na promoção e na oferta de uma educação pública, gratuita e de qualidade. Ao passo que precariza as instituições federais de educação e busca destruir a liberdade de cátedra e a busca pelo conhecimento. Desse modo, ao marcharmos contra o corte orçamentário na educação, seguimos o soprar do Espírito que se move na luta, no compromisso com a liberdade de conhecer, experimentar e transformar nossa realidade brasileira.

Ao denunciar o corte na educação pública, assumimos nossa voz profética nessa geração, na defesa dos estudantes negros, indígenas, pobres que ingressaram recentemente nas instituições federais e dependem de bolsa permanência para não abandonarem seus cursos. Ser voz profética hoje, é defender a manutenção da inclusão, da popularização da universidade pública que por meio da oferta do ensino, pesquisa e extensão a esses estudantes, tem promovido rupturas de ciclos de exclusão e desigualdades. Somente pelo conhecimento da verdade, da realidade, daquilo que nos assola é que seremos verdadeiramente livres (João 8:32).

É esse tsunami em defesa da educação pública, da liberdade científica que fará “Faraó” ruir. Que nenhum de nós esteja cativo, que nenhum conhecimento seja restrito, que a Ruah de Deus na força viva da nossa juventude, ocupe as ruas e sopre em voz ensurdecedora: “deixe meu povo ir e dê a eles o que é de direito, deixe meu povo livre, livre para criticar, livre para conhecer, livre para produzir conhecimento. Dê à eles o que é de direito – financiamento decente para Educação.”

Derson Maia é Presidente Nacional do Frente Favela Brasil. Doutorando em Direito na UnB e membro da Igreja Comunidade Cidade de Refúgio – Brasília. Partilha de Edmilson Schinelo.

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