Não há como não lembrar. E devemos lembrar. Amanhã, 17 de abril, faz um ano que um conjunto bizarro de homens que pareciam prontos para o “parabéns” de uma festa de aniversário de criança, conduzidos por outro que hoje mofa na cadeia, com a perspectiva de sair de lá apenas daqui a 15 anos, tirou do poder uma mulher íntegra, eleita por 54 milhões de brasileiros, porque ela não topou a chantagem que ele, o presidente da casa, Eduardo Cunha, lhe impingia.
Naquele dia, o Brasil descortinava para o mundo os deputados que compunham o nosso Congresso. O espetáculo nos fez queimar as bochechas de constrangimento. Agora sim, entendemos que grande parte deles – com atitudes de baixinhos da Xuxa, mandando beijos para o papai, para mamãe e para os filhinhos -, foi adquirida no catálogo de ofertas da Odebrecht. Alguns mais caros, outros, mais em conta.
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De certo modo, dá alívio saber que não fizemos sozinhos escolhas tão toscas. Que tal como numa liquidação de um grande magazine, eles nos foram empurrados a preço de ocasião. O que nos cala fundo, no entanto, é constatar o quanto eles estavam aquém da mulher que estava sendo destituída do seu mandato.
De tudo o que tem sido remexido e exposto, a conclusão mais contundente que se tira é a de que a ex-presidente Dilma Rousseff vai alargando a sua biografia. Não, Dilma não cedeu às birras de Marcelo Odebrecht. Não, Dilma não passou a mão na cabeça do Gato Angorá, enquanto ele tramitava suas negociações escusas. Não, Dilma não acatou as ordens do barão do concreto. Dilma fez valer os votos que o Mineirinho exigiu que fossem recontados. Ele perdeu. Nas urnas, no pleito, e em seu estado, onde costuma ir a passeio. Ganhou apenas no número de inquéritos abertos contra si, tal os desmandos cometidos na certeza da impunidade. Dilma cresceu. O país encolheu. Quanto a nós, seguimos atônitos esse circo de horrores.
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Fonte: Por Denise Assis, colunista do Cafezinho.