"É uma autocracia total. Por enquanto, o que é triste é que o autocrata não possui a imagem adequada. Uma figura como [o presidente interino] Michel Temer, realmente, é risível, mas a ideia é que você tenha um chefe", afirmou.
Chauí disse que, quando tucanos foram hostilizados em manifestação na avenida Paulista, em São Paulo, tornou-se claro o motivo pelo qual "os coxinhas vestidos de verde e amarelo" estavam insatisfeitos.
"A resposta veio 3 ou 4 minutos depois, quando começou um grito 'viva o Bolsonaro'. Eu diria que é um país tão infeliz que nós não conseguimos ter uma figura de autocrata capaz de preencher o papel, porque mesmo um cara como o [deputado federal Jair] Bolsonaro (PSC-RJ), que pode preencher esse lugar, tem um grau de pequenez tão ridículo que dificulta."
Ao apontar para o que ela entende como risco à democracia, a professora citou "essa coisa fascista que é o verde-amarelismo dos coxinhas", a "operação cotidiana, minuciosa que foi feita no campo ideológico de convencimento da teologia da prosperidade, da ideologia do empreendedorismo e, em particular, da concepção neoliberal do individualismo como competição bem-sucedida".
Segundo Chauí, "a ideologia do empreendedorismo infelizmente não é só da bancada da bíblia. A quantidade de petistas que eu vi defendendo e propondo seminários sobre empreendedorismo, debates sobre empreendedorismo, a questão do empreendedorismo… Dá vontade de chorar, de pegar um punhal e enfiar na goela das pessoas. Também, depois de tudo o que aconteceu, dá para entender por que os petistas falam, falamos, falaram e falaremos".