Uma fortaleza se esconde em 1,47m e quase 50 anos de vida dedicada a cuidar dos mais pobres. No franzino corpo da irmã Gentila Segatto, 73 anos, o coração gigante acolhe a quem mais necessita. Pertencente à Congregação Irmãs do Imaculado Coração de Maria, a religiosa fundou em 1991 o Clube de Mães Bárbara Maix, no Bairro Mario Quintana, Zona Norte de Porto Alegre. A entidade idealizada por Gentila começou numa pequena capela, com aulas de reforço para cerca de dez crianças.
Hoje, com o apoio da prefeitura e de voluntários, o Clube oferece cursos de costura, customização, informática, padaria, confeitaria e reciclagem para 240 crianças e adolescentes. E ainda disponibiliza atendimento psicológico e assistência social a 678 famílias.
Mas a dedicação de Gentila à caridade veio ainda na infância, inspirada pela mãe Luiza Stefanelo Segatto que, mesmo muito pobre, fazia chás e distribuía entre os doentes no interior de Cruz Alta, onde moravam. Aos 15 anos, a pequena gigante decidiu que se tornaria religiosa. Já na Congregação, formou-se em Pedagogia e decidiu que manteria como causa de vida a luta pelos mais necessitados.
Desde 1976, vive numa casa da Congregação no Morro Santana. Dali, partiu para conhecer a miséria em diferentes partes do Estado e do país, como o Mato Grosso, onde alfabetizou crianças e adultos por alguns anos. Foi no retorno que decidiu auxiliar as famílias do Mario Quintana, onde se tornou a mãe de todos.
No ano passado, o trabalho de Gentila foi reconhecido pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que lhe concedeu o título de cidadã da Capital. Mesmo não sendo mãe biológica, Gentila calcula orgulhosa que já ajudou a dar caminho na vida a mais de 10 mil filhos.
Motivação
“O que me motiva é continuar este trabalho animando, encorajando crianças, jovens e adolescentes e de modo especial trabalhando também com as famílias. Vendo muitas pessoas nos ajudando, me animo cada vez mais. Porque muitas crianças crescem aqui dentro. Muitos jovens a gente pode ver felizes, trabalhando, ajudando a família, tendo filhos, tendo a sua casinha e sendo felizes. Cada vez mais a gente vê que vale a pena a gente ajudar as pessoas.”
Voluntariado
“Temos um trabalho organizado, com 20 funcionários que nos ajudam e muitos voluntários. São 20 mulheres que trabalham gratuitamente para termos esta entidade. Sempre digo: quem faz o bem, recebe.”
Mãe
“Não tenho filhos que nem as mães têm, mas devo ter muitos, milhares por aí, pois já trabalhei muito, sempre com crianças e adolescentes e com as famílias nestes 48 anos de vida religiosa. Onde eu vou, trabalho com os pobres.”
Lições
“Em primeiro lugar, a gente quer que eles se ambientem a conviver com os outros porque em casa, às vezes, eles não têm esta convivência, esta vivência. Aqui, eles têm que aprender a respeitar o outro, saber se querer bem, se perdoar e saber pedir perdão.”
O bem
“O que fazemos aqui é o caminho do bem: ajudando as pessoas, escutando, procurando sempre mais descobrir um novo jeito de poder ajudar as pessoas. A gente ama também aqueles que não estão aqui. Então, o caminho do bem é a gente se ajudar a fazer o bem e ir pra frente, porque se trabalhamos e temos compaixão de ajudar os outros, eles se sentem amados também.”