Em comunicado, a relatora das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, solicitou também que as autoridades brasileiras investiguem as ocorrências contra os indígenas para processar os responsáveis.
Em 14 de junho, o agente de saúde pública Clodiodi de Souza, de 26 anos, membro da etnia guarani-kaiowá, foi morto a tiros em Caarapó, no Mato Grosso do Sul, por jagunços que teriam sido contratados por um grupo de produtores rurais. Os indígenas haviam ocupado uma fazenda na região, reivindicada por eles como terra de seus antepassados.
“Paramilitares agindo por instruções de fazendeiros supostamente realizaram o ataque em retaliação contra a comunidade indígena que busca o reconhecimento de suas terras ancestrais”, informa a nota da ONU, emitida em Genebra.
O ataque deixou outros seis indígenas feridos, entre eles uma criança de 12 anos.
"Esta foi uma morte anunciada”, afirma Tauli-Corpuz, que visitou comunidades Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul em março deste ano. Na ocasião, ela havia alertado sobre a violência contras povos tradicionais no estado, “o mais violento no Brasil, com o número mais elevado e crescente de indígenas mortos”.
"Lamento que, apesar dos meus alertas anteriores, as autoridades federais e estaduais tenham fracassado em adotar medidas rápidas para prevenir a violência contra os povos indígenas", declarou a relatora.
Diante da situação, ela pede que os procedimentos de demarcação de terras sejam agilizados de forma prioritária, "a fim de esclarecer a titularidade das terras indígenas e prevenir uma escalada de violência”.
"O fato de que os direitos dos povos indígenas fiquem subordinados ao interesse econômico cria um risco potencial de efeitos etnocidas que não se pode ignorar e nem subestimar", acrescentou Tauli-Corpuz.
A propriedade ocupada pelos índios está próxima à reserva Dourados-Amambaipeguá e já foi declarada como território indígena. Até o momento, porém, a área não foi delimitada.
*com Agência Efe