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Metade da população de Belém vive em casas precárias

Uma pesquisa inglesa aponta o Brasil como sexta maior economia do mundo? Mas onde vive o nosso povo? Tomando como exemplo a cidade de Belém/PA, é possível ter uma ideia do que esse modelo econômico continua produzindo de miseria e injustiça.

A reportagem é de Aguirre Talento e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 22-12-2011.

Os alicerces das casas são de madeira e foram erguidos sobre fétidos córregos que acumulam lixo e dejetos. Quando chove, a água suja invade as casas, que correm risco de desabar.

Nas chamadas palafitas, as habitações da periferia de Belém, o saneamento básico não chegou e a energia elétrica, em alguns casos, é obtida clandestinamente.

A região metropolitana de Belém é a que tem a maior proporção de pessoas vivendo em moradias em condições irregulares (54%). Em números, 1,1 milhão dos 2,1 milhões de habitantes moram em locais precários.

"Se você me perguntar se eu queria ir para um lugar com condições melhores, claro que queria. Mas não temos condições financeiras", diz o vigilante desempregado Carlos Alberto dos Santos, 39.

Ele mora com a mulher no bairro chamado Terra Firme. Sua casa, no entanto, está alicerçada sobre bases nada firmes: estacas de madeira fincadas num córrego sujo.

"Não tem saneamento. A descarga do vaso sanitário cai direto no córrego", afirma.

Até mesmo percorrer o caminho entre duas casas é perigoso. O trajeto é feito por passarelas de madeira esburacadas. Cada vez que alguém passa, as tábuas começam a balançar.

Os moradores dessas periferias reclamam ainda da demora na coleta de lixo, que passa dias acumulado nos córregos, e da constante falta de água.

Por meio de nota, a Prefeitura de Belém diz que vai implantar, no início do mês, o Plano Municipal de Habitação e Interesse Social, que visa criar "diretrizes e estratégias" para reduzir o deficit habitacional. Diz também que está construindo mais de 1.400 moradias regulares.

PRECARIEDADE

A situação é ainda mais crítica no município de Marituba, na região metropolitana. Lá, a proporção de pessoas vivendo em domicílios irregulares chega a 77%.

Em números absolutos, isso corresponde a 83.353 dos 108.251 habitantes contabilizados pelo Censo do IBGE.

Na casa de Antônio Batista de Lira, 54, o banheiro foi instalado no quintal e coberto por uma lona.

Lá, ele e a mulher Maria de Nazaré dos Santos, 65, veem a fossa cavada no chão transbordar sempre que chove forte. Mas a falta de água encanada é o que mais incomoda.

Um carro-pipa abastece semanalmente a casa deles.

Conhe o subsídio Eu faço a cidade e não moro nela. Reflexões bíblicas sobre moradia

 

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