Cerca de 22 milhões de crianças passam fome no nordeste da Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iêmen, alertou na terça-feira (28) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Aproximadamente 1,4 milhão estão em risco de morte iminente neste ano devido à desnutrição aguda. Para evitar tragédia, organismo internacional pede 255 milhões de dólares para fornecer assistência humanitária.
O comunicado da agência da ONU veio mais de um mês após o Sudão do Sul declarar estado de fome.
“Aprendemos com a Somália em 2011. Quando a fome foi anunciada, um número incalculável de crianças já havia morrido. Isso não pode acontecer novamente”, frisou o diretor dos Programas de Emergência do UNICEF, Manuel Fontaine.
Nos quatro países, os meninos e meninas sob perigo estão fora da escola, doentes e vivem como vítimas de deslocamento forçado, segundo o representante do Fundo.
A verba solicitada pelo UNICEF servirá para levar comida, água, serviços de saúde, educação e proteção para as crianças pelos próximos meses. Este apelo financeiro atualiza e amplia o orçamento original para 2017. A maioria dos fundos – mais de 81 milhões de dólares – será destinada a programas de nutrição para proteger as crianças da fome e fornecer alimentos terapêuticos.
Um adicional de 53 milhões será alocado para o atendimento médico, incluindo vacinas, enquanto mais de 47 milhões de dólares serão destinados a programas de saneamento e higiene para prevenir doenças diarreicas potencialmente mortais. O restante do montante levará ensino para jovens afetados por conflitos e deslocamentos. Ajuda em dinheiro também será oferecida às famílias mais vulneráveis.
O orçamento total deste ano do UNICEF chega 712 milhões de dólares, soma que representa um aumento de 50% em relação aos pedidos de financiamento nos quatro países feitos no mesmo período do ano passado.
A ajuda em números
O UNICEF tem trabalhado com parceiros nos quatro países para responder à ameaça da fome e evitar que ela se espalhe:
- No nordeste da Nigéria, o UNICEF chegará a 3,9 milhões de pessoas com serviços de atenção primária à saúde neste ano; tratará 220 mil crianças com menos de cinco anos de idade com desnutrição severa; e proporcionará acesso a água potável a mais de um milhão de pessoas;
- Na Somália, o UNICEF está dando assistência a 1,7 milhão de crianças com menos de cinco anos de idade, incluindo o tratamento de até 277 mil casos de desnutrição aguda por meio de serviços e instalações móveis de saúde e nutrição;
- No Sudão do Sul, o UNICEF, juntamente com parceiros, levou assistência a 128 mil pessoas em áreas afetadas ou ameaçadas pela fome, incluindo quase 30 mil crianças com menos de cinco anos;
- No Iêmen, o UNICEF intensificou as atividades para responder à desnutrição por meio de unidades de saúde, equipes móveis, trabalhadores comunitários de saúde e voluntários que vão a comunidades de difícil acesso e também atendem famílias deslocadas. O UNICEF também está apoiando crianças com desnutrição grave e suas famílias com assistência monetária e serviços de saneamento, incluindo fornecimento de água potável, suprimentos e promoção da higiene.
Conflitos armados
O conflito armado é um dos principais motores desta crise, disse o UNICEF, que pediu acesso irrestrito, livre de obstáculos e duradouro às crianças necessitadas. O organismo também cobrou o fim às violações dos direitos de meninos e meninas nos quatro países mencionados.
“À medida que a violência, a fome e a sede forçam as pessoas a se deslocar dentro e através das fronteiras, as taxas de desnutrição continuarão a subir não apenas nesses quatro países, mas também na bacia do Lago Chade e do Grande Chifre da África”, disse Fontaine sobre o risco de que as crises humanitárias cheguem a nações vizinhas.
“Se as agências humanitárias não obtiverem o acesso e os recursos de que necessitam para atingir os mais vulneráveis, vidas serão perdidas”, acrescentou o representante da agência.
Fonte: ONU Brasil. Publicado em www.andi.org.br, 30/03/2017.
Imagem: seprin.info