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Juventude Kaiowa e Guarani: entre o rap, a reza e a retomada

Juventude Kaiowa e Guarani: entre o rap
No maior encontro de juventude Kaiowa e Guarani que se tem registro, cerca de 300 indígenas se reuniram entre os dias 21 e 24 e julho no tekoha Takuaraty/Yvykuarusu, em Paranhos (MS), fronteira com o Paraguai, para realizar a Retomada da Aty Jovem (RAJ).

Batizada assim por um coletivo de jovens indígenas, a RAJ nasce das grandes assembleias do Aty Guasu Guarani e Kaiowa, e vem ao encontro das últimas mobilizações indígenas na ocupação de seus territórios tradicionais.

Para os não-indígenas, a Aty Jovem parecia uma grande incógnita: 90% das falas foram feitas em Guarani, como de costume nas reuniões do Aty Guasu. Assim, era possível observar, enquanto se aguardava uma síntese em português dos debates, uma harmonia interessante na composição do encontro: rezadoras e rezadores muito velhos – o mais idoso ali tinha 93 anos -, lideranças mais experientes e os jovens todos.

Também era visível que, entre os participantes, estavam filhos, netos e sobrinhos das lideranças assassinadas no contexto da luta pela terra – como, por exemplo, os netos de Nízio Gomes, morto em 2011.

Estavam, também, jovens que redigem as cartas públicas escritas pelas comunidades – como a antológica carta de resistência de Pyelito Kue, de 2012: o jovem que sofreu na pele o que estava ali descrito, e que ajudou a comunidade a detalhar em um pedaço de papel que correu o mundo, estava li reunido.

Os jovens vivem profundamente a "zona de transição" interétnica entre os Guarani e Kaiowa e os não-indígenas: vão à escola na cidade, trabalham em fazendas e frigoríficos, consomem no comércio local, vão ao banco, hospital, universidade; são professores, agentes de saúde,

Enfrentam o preconceito cotidiano e estrutural, fazem rap, aprendem a rezar para ser ñanderu e ñandesy. Mantém-se umbilicalmente ligados ao fermento Kaiowa e Guarani: a retomada dos tekoha, os lugares sagrados onde vivem seus antepassados. Este era o tom do encontro: a terra é uma necessidade.

E isto está estampado em fatos trágicos: entre as quase vinte pessoas baleadas nos últimos dois meses, no contexto da luta pela terra, metade eram indígenas com idade entre 12 e 20 anos. As novas retomadas na região de Caarapó são majoritariamente compostas de jovens que, impulsionados por rezadores e parantes antigos, constróem tendas de madeira e resistem ali, mirando a demarcação territorial. Aliás, Clodiodi de Souza, assassinado a tiros por fazendeiros no Massacre de Caarapó, era jovem, como lembra a carta final do encontro da RAJ. Eram estes – os filhos daquelas pessoas, os filhos mais novos das terras desejadas – que, reunidos em Paranhos retomaram o movimento de juventude Kaiowa e Guarani do Aty Guasu.

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