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Frei Tito permanece vivo

por Aline Nobre via Brasil de Fato*

Tito participou de várias manifestações contra Ditadura de 1964.

Na conjuntura atual brasileira, em que figuras de poder recorrentemente homenageiam torturadores, assassinos, milicianos e outras espécies de inimigos do povo, mais do que nunca, faz-se necessário lembrar da vida dos que viveram em favor das lutas sociais e coletivas, como é o caso do cearense Tito de Alencar Lima.

Frei Tito nasceu em 14 de setembro de 1945. Nas vésperas de aniversário de seu nascimento, nada mais legítimo do que lembrar de sua trajetória e da importância de sua vida para a vida do povo.

Tito foi um dos precursores da Teologia da Libertação no Brasil, onde parte da Igreja, impulsionada pelo Concílio Vaticano II, alinhou sua luta com as lutas sociais em prol da vida da população mais pobre. Militante do movimento estudantil, Tito participou de várias manifestações contra Ditadura de 1964, e mesmo após o seu exílio, dedicou sua vida a denunciar as crueldades que pairavam pelo Brasil naquela época.

São muitas as tentativas de se apagar a memória de figuras como Frei Tito. Recentemente, dia 01 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro decidiu trocar quatro dos sete membros da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, substituindo os membros por militares de seu partido (PSL) sem experiência alguma na temática.

Felizmente, na contramão do governo, são várias as iniciativas vindas da sociedade que buscam valorizar a história dessas figuras, que tanto o atual governo tenta anular. A “Ocupa Casa Frei Tito”, ocupação realizada no ano passado na casa em que ele passou sua infância foi um forte marco do quanto sua memória permanece viva. O Espaço Cultural Frei Tito de Alencar (Escuta) é outra significativa iniciativa que mantém a memória de Tito viva através da arte, da cultura, da educação e do esporte na periferia de Fortaleza.

Em tempos em que grupos “religiosos” com ideias fascistas se popularizam, pregando o ser cristão como sinônimo de conservadorismo, a vida de Frei Tito nos dá esperança de um modelo de, para além de ser cristão, ser cidadão comprometido com as causas humanitárias.

Em seus 29 anos de vida, Frei Tito nos deixou um legado de coragem, ousadia e de luta, que merece ser ecoado e lembrado, ainda mais que o seu martírio, pois foi durante a sua vida que ele buscou construir um outro modelo de sociedade possível.

Aline é militante da Pastoral da Juventude. Edição: Monyse Ravena. Publicado por Brasil de Fato.

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