Os estudantes, no entanto, asseguram que continuarão mobilizados contra o projeto de reorganização escolar, que previa o fechamento de 93 unidades e transferiria 311 mil alunos. “É importante que fique claro que estamos saindo das escolas, mas não estamos saindo da luta. E que essa escolha de maneira nenhuma significa ceder às pressões do governo do estado e das entidades burocráticas”, diz o manifesto publicado pelos alunos.
Ontem (16), a Justiça paulista acolheu um pedido de liminar da Defensoria Pública e do Ministério Público de São Paulo, impetrado no último dia 3, e suspendeu para 2016 todos os efeitos da reorganização escolar. Com a decisão, toda a rede estadual de ensino ficará como está e os alunos continuarão em suas escolas de origem, que deverão aceitar novas matrículas
No auge do movimento, dia 2 deste mês, os estudantes chegaram a ocupar 213 escolas. Após 25 dias de mobilização, o governador veio a público suspender o projeto. Logo depois, o secretário estadual de Educação, Herman Voorwald, pediu demissão. Na ocasião, Alckmin limitou-se a afirmar que os alunos continuariam nas escolas em que já estudam e que o governo começará a aprofundar o debate sobre o projeto. Os alunos decidiram manter o movimento até que o governador cancele definitivamente a reorganização.
“O conjunto das nossas reivindicações, entretanto, não foi atendido e não cederemos até que seja. Analisamos, porém, que as ocupações já cumpriram sua função e que é hora de mudar de tática”, ressalta o texto. “Como já se sabe, a reorganização é um projeto que deverá ser implementado nos anos seguintes com outro nome e de forma mais mascarada, pois faz parte de um plano maior dos poderosos de fazer com que os trabalhadores e seus filhos paguem com as crises”, afirmaram os estudantes no manifesto.
A escola Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, não será desocupada como as demais. Os estudantes decidiram em assembleia que continuarão no prédio para defender pautas internas, relacionadas a melhorias de infraestrutura e maior participação dos alunos nas decisões da escola. O colégio, primeiro a ser ocupado na capital paulista e segundo no estado, no dia 10 de novembro, tornou-se um marco na luta dos secundaristas após ficar quatro dias sitiado pela Polícia Militar.
Para mostrar que as mobilizações continuarão, os secundaristas convocam todos os apoiadores do movimento para um segundo ato em em defesa da educação, na segunda-feira (22), às 17h, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. O primeiro ato, realizado no último dia 9, reuniu pelo menos 15 mil pessoas, que caminharam por três horas por ruas do centro da capital até serem reprimidas pela ação da Tropa de Choque da Polícia Militar com bombas de gás. Dez pessoas foram detidas.