Meditação diária do evangelho para o dia 03 de agosto de 2018.
por Ana Rita dos Santos Ferreira*
Alegria da Comunhão
Vivemos em um vergonhoso estado de naturalização das desigualdades e injustiças de todas as formas. Muitos defendem a ideia do individualismo enquanto afirmação da liberdade do indivíduo frente à sociedade, todavia, qualquer liberdade que se sustente em prejuízo de outra pessoa ou, do ponto de vista social, que se apoie na perpetuação das desigualdades e injustiças, é no mínimo questionável.
Assistimos o alastramento da pobreza, da miséria que sujeita milhares de pessoas a condições desumanizantes. Esta perversão nos afeta profundamente enquanto sociedade e nos desafia constantemente a renovação e reflexão do nosso papel enquanto Igreja no Brasil e no mundo.
No Salmo 78.23-29, nos deparamos com um Deus que se revela ao povo, interage, acompanha e distribui igualmente suas bênçãos sem distinção. Estejamos atentos para não cometer o equívoco de celebrar a libertação e ao mesmo tempo se alinhar a ideias que escravizam, subjugam e alienam pessoas do acesso a uma vida digna ou para não participarmos de sistemas geradores e perpetuadores de injustiça e desigualdade.
E em I Coríntios, tais atitudes são reprovadas pelo apóstolo Paulo, por serem contrárias à instituição da eucaristia, à partilha igualitária e ao amor.
Que Deus nos ajude a resistir ao apelo do individualismo e dar para o mundo uma resposta à desigualdade que esmaga as pessoas mais vulneráveis. E nos indignar com o acúmulo de riquezas e denunciar a prática naturalizada da opressão e da exploração.
Choveu carne como pó; e aves como areia do mar.
As fez cair no meio do acampamento; ao redor de suas tendas. (Salmo 78.27-28)
Oremos para que toda tristeza e abandono sejam transformados pela alegria da comunhão e da partilha.
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Texto de Ana Rita dos Santos Ferreira, publicado no livro de Meditações Diárias – Sementes – Compaixão e Justiça Social, produzido pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e Diocese Meridional.