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A revolta dos anjos [Pe. Vergílio J. Moro msf]

Estive ontem na igreja. Rezei como faço costumeiramente. Ajoelhei, sentei, levantei, alternadamente. Mirei os olhos no sacrário, onde uma pequena chama vermelha cintila, sinalizando a presença de Jesus sacramentado. Olhei para Nossa Senhora de Fátima, linda como sempre. Senti que me olhava carinhosamente como uma mãe. Saudei São José Operário e o Menino que estava também com os instrumentos de trabalho na mão.

Passei a visitar São Sebastião, Nossa Senhora Aparecida, Sagrado Coração de Jesus, Sagrada Família. Não sei porque, mas senti que me olharam desdenhosamente. Tremi um pouco. Passei a encarar aquelas imagens antipáticas e feias, confesso, um tanto irado. Elas, porém, não mudaram sua postura.

Ousei chegar um pouco mais perto delas, mas com certo receio como quem se julga culpado por aquela situação. Toquei na cabeça do Sebastião e minha mão pareceu queimar. Toquei os pés do Sagrado Coração, e ele me pareceu correr de mim. Cheguei na Aparecida, que ficou estanque à minha frente, sem trocar de cor.

Nessas alturas, senti-me acometido de tristeza e comecei desviar o olhar daquelas imagens que insistiam em me espiar. Tudo em vão. Nem a oração ajudou. Vergonhoso seria se alguém estivesse me vendo, além daquelas imagens semicegas. Não vendo ninguém ao meu alcance, encorajei-me a pedir ajuda àquelas imagens de gesso.

Foi uma reza sem palavras. Reza quase sem graça, mas foi oração. Não ouvi palavra nenhuma, mas tive alguma reação estranha dentro de mim. Em meio àquele silêncio verbal, as estátuas pareciam movimentar-se em minha direção. Seria uma visão estranha de minha parte? Pareceu-me ouvir passos.

Foi quando comecei a correr para a porta de saída. Tropecei e caí, bestamente. Ri de mim mesmo, mas com vontade de dizer um palavrão.  Instantaneamente, gritei: “Santos, me ajudem”. Fiquei sentado ao chão por um momento. Passei a ouvir: “Bem feito”. Eram eles, reclamando: “Queremos um altar lá na frente”.

Estranhei aquela voz queixosa das imagens. E mais, não esperava tal reivindicação. Imagens muito afoitas, para meu gosto. E gritei: “Parem! Quem são vocês para escolher seu lugar, aqui na casa de todos?”

Como são santos, não se deram por vencidos, e falaram: “Os colegas lá dos altares que nos convidaram”.

Um pouco mais acordado, passei a entender o motivo da ‘revolta das imagens’. Comecei a pensar sobre os santos vivos que ocupam esse mesmo espaço. Estariam todos contentes? Sentir-se-iam todos incluídos no ‘banquete’ que aí se serve? Quais as reivindicações que existem numa comunidade de fé? Como acertar um diálogo que respeite as diferenças, e que seja inclusivo na luta e na festa da vitória?

No dia seguinte, retornei ao momento de oração pessoal. Em vez da revolta, experimentei a paz. Em vez de rezar aos santos e santas, rezei com eles a Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Com os santos convidados e os não convidados presentes; com vinho bom e pão à vontade, a festa continuou sem prazo para terminar.

Quem disse que santo de casa não faz milagre?

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