por Marcelo Barros*
Nessa noite, em Valle Grande na Bolívia, pessoas, militantes de movimentos sociais de todo o continente latino-americano se reunirão para recordar que há 52 anos (1967), ali um oficial da CIA norte-americana assassinou friamente Ernesto Che Guevara, preso, indefeso e já muito ferido. Depois tirou suas roupas e expôs seu corpo nu, sujo e todo furado de balas em uma pedra de lavanderia local para deixar claro o que aconteceria a qualquer um que ousasse se rebelar contra o sistema. No entanto, a morte de Che inspirou gerações inteiras a manter o espírito revolucionário e até hoje sua herança é viva e fecunda, apesar de todas as dificuldades e atropelos do momento difícil pelo qual passamos.
Há doze anos, (2007) me lembro com saudade de que viajei junto com meu querido e saudoso pai Dom Tomás Balduíno de Goiás a Valle Grande para celebrar os 40 anos desse martírio. Contei detalhadamente essa viagem e o que vimos e ouvimos no caminho do Che que até hoje muita gente faz pelas encostas dos Andes até La Higuera (1300 metros) onde ele foi assassinado. Depois o corpo foi levado e exposto em Valle Grande, a cidade mais próxima. Eu e Dom Tomás fomos juntos com João Pedro Stédile e com vários companheiros e companheiras do MST e de outros movimentos sociais do Brasil. Ali no local onde o enterraram junto com mais oito companheiros assassinados, fizemos um culto ecumênico e prometemos continuar a luta (no nosso caso pacífica) pela libertação do continente e por um novo mundo possível.
Agora, no Brasil tomado por uma onda de ódio e intolerância que a cada dia se manifesta de modos novos e surpreendentes, a herança do Che e sua forma de ser (a firmeza revolucionária sem perder a ternura) continuam nos guiando. Convoca-nos a defender o processo social e politico bolivariano e com todas as nossas forças tentar unir as forças populares no projeto de libertação.
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